terça-feira, outubro 10, 2006

De uma leitora

Há ainda gente em Timor-Leste que não aceita que em democracia quem manda é o povo e que as diferenças políticas se devem resolver nas urnas eleitorais.

Todas as diferenças políticas, sejam elas relativas à lei fundamental do país (a Constituição), sejam as relativas ao modo de governar, às prioridades da acção do governo, ou a quaisquer outras, em democracia, exercem-se nos locais próprios, isto é nos debates e iniciativas políticas, no Parlamento e nas eleições.

E todos os que desafiam a legalidade democrática e entendem ultrapassar o debate e acção democrática e enveredam por golpes armados inconstitucionais têm que arcar com as consequências dos seus actos. Todos. Porque em democracia, a lei é igual para todos.

Timor-Leste é uma democracia e é altura de todos perceberem que não é coutada nem reino de ninguém, nem mesmo do eleito dos Australianos. É bom que todos os golpistas assumam os custos humanos das jogadas anti-democráticas: as mortes que continuam, os deslocados que continuam e que cada vez são mais.

E está na hora de perceberem que a impunidade acabou e que vão ter de responder pelas suas acções contra os Timorenses e contra o direito de todos os Timorenses de viverem em paz e tranquilidade.

Margarida.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Cara Margarida, deduzo que o que escreveu se aplicará sem "suavização" também a quem, apesar de ter sido eleito pelo voto do povo, se encontra va e encontra a governar. O facto foi que os acontecimentos de colapso se deram e estava um governo chefiado pelo sr. Alkatiri e que ministros estavam obviamente a ocupar as cadeiras respectivas e foi o que foi.
As decisões políticas não são da exclusiva responsabilidade de 1 homem ou mulher. As decisões políticas e as estratégias de governação são da responsabilidade de todos aqueles que as delinearam e propondo-as foram eleitos. Isto é, o Governo. Colocar a culpa "num golpe" é atirar areia aos olhos das pessoas.

Da parte daquele que a Margarida refere, o "eleito"(sic) pelos australianos e muitos mais aqui tanto têm atacado, parece-me a mim que já fez até demasiadas vezes o alerta de que ele próprio é capaz de dizer e assumir que "FALHÁMOS" e ser levado à Justiça. Agora daí virar o bico ao prego acho difícil. A reconversão, está a olhos vistos que deve ser de dentro da própria FRETILIN, pois foi ela, como partido democraticamente eleito que está no Governo (não esquecendo as diversas vissicitudes tanto na Constituinte como mais recentemente já em pleníssima crise...).

A palavra DEMOCRACIA, não pode todavia ser a capa de protecção para um Estado em que os seus aparelhos ficaram ao serviço "do partido". Isso não é um Estado democrático, mesmo que eleito como tanto gostam de frisar. Mas como sabe a realidade é outra.

Timor-Leste não é uma DEMOCRACIA participativa e a culpa não é "dos outros".

Acho triste este género de jogo do Poder. Os Timorenses não mereciam isso. E sendo verdade que a FRETILIN foi o aglutinador em 24 anos de resistência, poderá também pensar-se muito calmamente que afinal parece que já é hora e altura de se olhar para a História e ver que não vale mesmo a pena continuarem nesse constante frenezim de TUDO quererem que seja da mesma côr. Já é altura para se pensar que afinal o que Timor-Leste tem que fazer é ir em frente, com todos os de leste a oeste, de norte a sul, com os que estão na diáspora a estudar ou a trabalhar e verem que implantar um regime tão vincadamente à sombra do partido não vai levar à alegria de todos mas apenas de alguns. Sobretudo dos estrategas. Esses estão quase sempre bem. Mas aqueles que afinal até votaram nos eleitos, sempre estiveram mal. Mal por quase nada terem, nenhuma paz, nenhuma justiça, muito menos alguma luz ao fundo do túnel. Se eles virem luz ao fundo seguramente começarão a voltar. Mas ao que se vislumbra, neste momento, é que está tudo à espera que saia o relatório da Comissão e entretanto vai-se passando a ideia de que só "os outros" é que vão levar. Pode ser que assim e com mais uns outros relatórios de análise da crise em paralelo, pode ser que o caldo se entorne novamente.

Esperemos que não mas parece que as equipas se perfilam nesse sentido.

É uma chatice mas isto há-de parar. Tem parado aos solavancos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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