domingo, maio 28, 2006

Bravo. Comentário de um leitor.

Como é possível estarem centenas de militares fortemente armados em Díli e não conseguirem parar a violência? Chegam mais notícias de violência em bairros diferentes e em pontos distintos da cidade. Estão a fintar os militares internacionais e a conseguir.Qual é o papel dos militares internacionais: proteger o que resta da ONU? Fingir que protegem as instalações dos órgãos de soberania?

O Sr. Primeiro Ministro, na declaração proferida ontem, declara assumir a responsabilidades dos erros cometidos.

O que faz o Presidente da República? Continua calado, utiliza porta-vozes para voltar a incendiar, quando a situação começava a acalmar! Não assume também responsabilidade sobre o que se passa?

Está a tentar provar "constitucionalmente" que é o Comandante Supremo das Forças de Segurança ... se esperar demasiado tempo não só não será Comandante de nada pois nada haverá a comandar como nem povo terá, em Díli, sobre a qual exercer a autoridade que muitos ainda proclamam que tem.

Se a tem,exerca essa autoridade sobre os gangs que estão a matar, a destruir e a aterrorizar!Pare com este terrorrismo se é que tem ainda a capacidade de 'comunicar com o Povo', autoridade e influência sobre os timorenses!

O Sr. Alfredo Reinado começou a violência, o Presidente quis apoiá-lo, sustentá-lo para se reconciliar ... agora tem estes 'grupos'/gangs descontrolados - que estranhamente não tocam nem referem o Senhor Alfredo - e nada faz para parar! Se tem a PNTL consigo como afirma o Senhor Comadante-Geral Paulo Martins, se tem o contacto com o Sr. Reinado, se tem a autoridade sobre o Povo, porque não pára isto?

Se comanda as forças, nomeadamente as internacionais - como afirmou a sua esposa, reiterando as palavras do Sr. Hermenegildo - como é que não está a coordenar com as forças australianas para pararem este terrorrismo?

Exerca a sua autoridade, inicie o diálogo, tome a iniciativa sem o orgulho autista de estar a 'ceder'.

Afinal todos disseram sempre - e muitos continuam a dizer - que o Sr. Primeiro Ministro é o 'inflexivel', 'arrogante', 'orgulhoso' e 'intransigente' entre outros adjectivos ... mas as únicas propostas de solução, as únicas propostas de diálogo, as únicas propostas construtivas para que exista respeito institucional, são do Sr. Primeiro Ministro.

Todos quiseram e se esforçaram por acreditar nos seus princípios e processo de reconciliação, porque acreditavam que o \'sacrifício\' de pisar os princípios básicos da justiça exercida e partilhada em todo o mundo, nomeadamente o que defende os direitos humanos, traria os benefícios a médio e longo prazo, da estabilidade, do sarar de feridas, do desenvolvimento e da Paz.Mas começa a ser insuportável verificar que aperta a mão e alinha-se com assassinos, em nome do futuro estável e pacífico do país e, em simultâneo, vira a cara e as costas e insulta aqueles que lutaram ao seu lado pela liberdade da Pátria, que partilharam um ideal e uma vida por um Povo que amam!Como dizia o editorial de um influente jornal portugues, há 48 horas:

caiu o mito!

E muitos milhares pelo mundo fora sentem hoje profunda tristeza por esta constatação, pois é o Povo que está a sofrer ... novamente!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas que críticas tão descabidas ao Presidente Xanana.
Devemos ser isentos e objectivos nas análises que fazemos. Conclusões simplistas e de natureza “partidaristas” não vao ajudar a solucionar esta crise!
Dizer que o Maj. Alfredo Reinaldo é a causa desta violencia é a forma de negar os factos que culminaram na sua deserção e da maior parte dos membros da PNTL (maioritariamente “loromonu”).
Sejamos objectivos. A violência foi iniciada por um erro táctico gravissimo por parte do governo. Refiro-me a ordenada intervenção das Forças Armadas no controlo dos manifestantes que culminou no derramamento de sangue civil nas mãos das F-FDTL no dia 28 de Abril em Taci-tolu. Erro gravissimo porque:
Primeiro, as F-FDTL nunca deviam ter sido mobilizadas para controlar questões de segurança interna envolvendo civis (não nos esqueçamos que os peticionários foram publica e oficialmente classificados pelo governo como sendo civis após o seu despedimento) e ainda porque foi feita sem a “coordenação” de que tanto se fala agora, com o Comandante Supremo das Forças Armadas, Presidente Xanana Gusmão, estatuto constitucionalmente à ele atribuido. Quanto mais quando na altura a PNTL ainda estava plenamente operacional.
Segundo, ficou gravado nas mentes da população Timorense a imagem dos restantes efectivos das F-FDTL maioritariamente se não totalmente oriundos do ocidente do país (lorosae) a ceifar as vidas de cidadãos civis oriundos do ocidente do país (loromonu).
A versão oficial é de 5 vitimas mortais mas o relatório apresentado ao Parlamento nacional quanto a elevada quantidade de material belico utilizado e munições despendidas levantam sérias dúvidas ao número total de mortos. So uma investigação credível e independente poderá fazer calar as duvidas.
Como Timorense rejeito totalmente a noção de “lorosae-loromonu” “firacu-caladi” como também foi correctamente rejeitada pelo governo e líderes Timorenses. Mas que a verdade seja dita, “as acções falam mais alto que as palavras”. Efectivamente o governo deu corpo e vida a essa rejeitada noção quando deu a ordem que resultou no incidente de 28 Abril em Taci-tolu. Do que vale agora falarmos de democracia e fazer referencias a constituição quando as armas dos militares soaram e ceifaram os filhos da nação!
Vejo este gravissimo erro táctico como a principal razão (ainda que possam haver outras) que levou o Maj. Alfredo Reinaldo a desertar visto ser natural do ocidente de TL o que explica também a deserção das PNTL maioritariamente do ocidente de TL. Explica também que após o alastramento das hostilidades às populações civis, os confrontos estão a ser caracterizados como sendo de natureza “lorosae-loromonu”.
Condeno fortemente toda a violência, quer seja por parte do Maj. Alfredo e dos seus renegados quer seja por parte das F-FDTL e forças leais ao governo, assim como também por parte dos ‘gangs’ de jovens que hoje aterrorizam os inocentes. Mas argumento que tudo isso é resultado de decisões muito mal feitas e com pouca ponderadas por parte do governo como acima argumentado. Se existe uma verdadeira tentativa de golpe de estado, o gravissimo incidente de 28 Abril em Taci-tolu foi a justificação anseada pelos ‘golpistas’.
Acredito firmemente que “a prevenção é melhor que a cura”. Talvez toda esta desgraça pudesse ter sido evitada se tivesse havido alguma proposta por parte do governo para a convocação do Conselho de Estado e de Defesa e Segurança para considerar o despedimento de quase um terço das F-FDTL devido a seriedade da questão e a potencial instabilidade que dai proveria.
Embora não seja perfeito e ninguem é, o Presidente Xanana foi, é e espero que continue a a ser um dos melhores filhos que Timor viu nascer.
A todos os Timorenses e amigos de Timor convido a porem à teste esta minha análise. Talvez juntos unidos pelo amor à Timor possamos fazer sentido de toda esta desgraça e esforçar para que isto jamais aconteça na história de Timor.

Viva Timor

Por: HanoinTokBa

Anónimo disse...

HanoinTokBa: eu já ontem lhe tinha mostrado que o PR não estava proibido de tomar a iniciativa de convocar ou de propor ao PM que convocasse o Conselho de Estado e o Conselho de Defesa e Segurança e que lamentavelmente não o fez. E parece que hoje adiou a reunião do Conselho de Defesa e Segurança que tinha acordado em convocar…lamentável, não acha?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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