sábado, abril 28, 2007

De quem é a culpa?

Blog Público Timor – Quarta-feira, Abril 25, 2007
Ângela Carrascalão

Passou um ano sobre o início das manifestações e dos tumultos que se lhe seguiram.
Por essa altura, apesar de muito descrentes, ninguém poderia prever que a instabilidade se mantivesse por tanto tempo.

No fundo, todos tínhamos esperança – ainda que muito ténue - de que as coisas se resolvessem a bem, acreditando ainda que todos os timorenses tinham voltado definitivamente as costas à violência, tão grande fora o seu sofrimento durante os anos da ocupação indonésia.
Em vez de termos virado costas à violência, preferimos criar novos motivos para nos digladiarmos.

Sobra tempo para a invenção diária de novas armas, de novas formas de luta. Insultamo-nos, ameaçamo-nos, ferimo-nos, matamo-nos.

Vale tudo e tudo serve como arma de arremesso. As palavras e as pedras não são apenas utilizadas por jovens sem eira nem beira, por vândalos, bandidos ou bêbados. Somos todos francos atiradores e todas as oportunidades servem para praticarmos a pontaria!
Perdemos as referências e já nem os heróis da Resistência se salvam!

Todos somos bandidos. Todos somos inimigos. É assim que somos vistos pela outra parte, a que pensa diferente de nós. Por outros timorenses, como nós.

E como o perigo mora em todo o lado e espreita de qualquer esquina, aceitamos a presença das forças estrangeiras de arma em punho, patrulhando, guardando as ruas, garantindo a nossa segurança, guardando-nos do inimigo, outro timorense, que está em toda a parte...

O país está parado. As instituições do Estado quase fecharam. A maior parte dos ministros anda fora. Há outras prioridades. Como a campanha eleitoral. Como o Poder. O povo é que não é prioridade.Mas serve para dar votos. Fazem-se promessas. Distribuem-se uns rebuçados que o povo é pobre e é sensível a rebuçados!

E o povo espera, espera, espera que um dia sejam cumpridas todas as promessas que têm sido feitas desde que em 1974-75 se soube da existência de uma porta mágica para o armazém cheio de ouro do Tata Mai Lau até quando lhe foi prometida uma ponte Díli-Ataúro em 2001 ou, já na época do petróleo, em 2007, do petróleo canalizado, correndo nas nossas casas como corre a água nas torneiras...

Uns dão o arroz que faltou ainda não há muito tempo, outros dão cobertores, outros devolvem o dinheiro aos estudantes...

O país está parado, os campos de refugiados continuam cheios, o desemprego aumentou, os confrontos e os apedrejamentos mantêm-se.

A culpa é dos que não têm capacidade para resolver em dez meses a crise herdada de um governo que governou quatro anos; é dos capitalistas; é dos comunistas; é da oposição; é da FRETILIN; é dos malais; é dos mestiços, dos malai-oan; é dos Lorosae; é dos Loromunu; é dos quemak ou dos firacos; é dos bunak ou dos caladis; é dos partidos políticos; é das FDTL; é da PNTL; é dos que pensam diferente; é da Igreja; é dos tribunais; é dos refugiados; é dos vizinhos... A culpa é de todos os outros que não daquele timorense iluminado, único, que, de dedo em riste, aponta o Mundo à sua volta que teima em não seguir o que o único timorense iluminado ordena!

1 comentário:

Anónimo disse...

Pergunta a Xanana e o Horta eles que alimentaram e criaram a crise para servir os seus intereses agora passam a ser os libertadores da Patria ou a Nacao com o CNRT.Nem como Presidente se serviu agora PM.E so para os cegos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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