Díli, 08 Dez (Lusa) - Poucos populares acompanharam hoje em Díli uma inici ativa da Presidência da República, o "Hamulak", cerimónia tradicional de invocação dos antepassados para ajudar a inverter a actual situação de violência, que provocou, desde Abril, mais de 60 mortos.
A cerimónia foi marcada pela participação de "Lia Nains" ("Anciãos"), que envergaram trajes tradicionais, em representação dos 13 distritos de Timor-Leste .
O "Hamulak" de hoje, o "Halot Meik no Kroat" ("Armazenamento das Armas Tradicionais"), uma das mais importantes cerimónias animistas, realizou-se na sequência de eventos idênticos realizados antes em todos os distritos.
A forte trovoada que se abateu quinta-feira à tarde sobre Díli obrigou a a diar a cerimónia, que decorreu no Parque da Independência, atrás da Igreja de Motael.
Ao evento compareceram os titulares dos órgãos de soberania, corpo diplomático, alguns membros do governo e também alguns deputados e poucos populares, mas a Igreja Católica não se fez representar.
Cerca de 96 por cento dos cerca de milhão de habitantes de Timor-Leste professa a religião católica.
Para o primeiro-ministro José Ramos-Horta, o "Hamulak" constitui "uma cerimónia de oração que visa arrumar as armas sagradas nas Casas Luliks 'sagradas', mas que têm sido utilizadas agora por timorenses contra timorenses".
Ao longo de cerca de duas horas, grupos de anciãos de cada um dos 13 distritos fizeram as suas preces e depois depuseram oferendas, como areca e betel, junto a um gondoeiro, árvore muito usada para cerimónias tradicionais em memória dos antepassados.
Posteriormente colocaram junto ao gondoeiro duas pedras provenientes das pontas leste e oeste, simbolizando a unidade nacional, e sacrificaram duas galinhas.
Em seguida aspergiram o tronco do gondoeiro, e as oferendas, com o sangue das duas galinhas, e formularam o juramento de embainhar as espadas, num gesto que irá agora repetir-se em cada um dos distritos, quando os anciãos levarem as armas tradicionais de volta às Casas Lulik.
Num comunicado enviado quarta-feira à agência Lusa, a Presidência da República justificou o "Hamulak" com os usos e costumes da história de Timor-Leste.
"Desde os tempos mais remotos que em Timor-Leste se viveram momentos de paz, alternados com momentos de guerra, e que sempre se praticou o 'Hamulak', cerimónia tradicional em que se invoca os antepassados para pedir protecção para ultrapassar dificuldades e desafios", lê-se no comunicado.
Na tradição timorense, para se decidir sobre o início da guerra ou fazer a paz, os chefes de "suco" ("aldeia") "imploram a intervenção dos antepassados em rituais vários para apurar as consequências".
"A guerra para defender a Pátria já terminou, mas falta ainda prestar contas de todos os erros passados e encerrar todo este processo", destaca o comunicado da Presidência da República.
A Lusa solicitou ao antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, que não esteve presente, um comentário sobre o "hamulak", que destacou a importância de saber utilizar os usos e costumes como "forma de adaptação à realidade nacional".
"Os usos e costumes são importantes para nos ajudar a ver se estamos situados na conjuntura nacional ou não. Mas não podemos cair no erro que Mobutu (Sese Seko, ex-presidente do antigo Zaire) fez, na autenticidade, porque o Mundo vai avançando, e temos de saber avançar também. Andar para a frente", sublinhou.
"Esse regresso às origens tem a sua importância se nós soubermos utilizar isso como uma forma de nos adaptarmos a realidade nacional", reforçou.
EL-Lusa/Fim
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sexta-feira, dezembro 08, 2006
Poucos populares em cerimónia tradicional para fazer a paz
Por Malai Azul 2 à(s) 19:22
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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