Comentário no post "Duas eleições fazem 2007 ano de todos os perigos, Paulo C. Seixas":
Esta frase chamou-me a atenção: “O segundo livro, "Timor-Leste - Viagens, Transições, Mediações" é o resultado de 20 anos de interesse e de cinco anos de trabalho antropológico de Paulo Castro Seixas sobre aquele país.”
Parti então à descoberta do autor. Descobri que o próprio explicou em entrevista ao Adelino Gomes: “Nasci em Angola e fiz a 1ª classe em Timor, filho de um funcionário da justiça e de uma professora (...). O meu primeiro trabalho em Antropologia (...) foi sobre os refugiados timorenses numa pequena comunidade num prédio do Cacém. Timor em 1999 possibilitava, por outro lado, uma análise da reconstrução de uma capital em situação pós-colonial. O meu projecto foi avaliado positivamente pela FCT, o que me permitiu deslocar cinco vezes lá, entre 2000 e 2004. Este ano, voltei de novo lá, em Fevereiro. Passei entretanto a pertencer aos Médicos do Mundo, sendo responsável, neste momento, pelos projectos de Timor desta ONG.
Sou responsável, neste momento por uma waiting-room – uma casa das mães, que temos em Lospalos, Ponta Leste, aliada a uma intervenção comunitária na área da Saúde, com uma clínica móvel do distrito”.(...)
http://homepage.ufp.pt/pseixas/artigospub/timor/Entrevista%20Publica.pdf
Isto é um português, de 39 anos que caçou um subsídio do governo de António Guterres via Fundação da Ciência e Tecnologia que já lhe possibilitou lá ir CINCO VEZES em quatro anos, e que entretanto agora através de uma ONG continua as passeatas.
Mais uma pesquisazita e descobri que o mano até é co-autor com a inefável Ana Gomes do livro “O Passado do Futuro – Timor Lorosae” (com edição em Português e Inglês) e donde saquei este extracto esclarecedor:
“Os jovens portugueses, professores e voluntários das ONGs, pertencem, na sua grande maioria, a uma geração pós-25 de Abril e pós-descolonização. Para estes jovens, Timor em 1999 tornou-se a primeira grande oportunidade – a última oportunidade do império – de partir com o apoio colectivo do país, tornando-se, assim, a última geração do império.”
Presumo que os portugueses que aí estão, particularmente os professores se sentirão ofendidos com a caracterização do Seixas. Mas não há nada a fazer com os Seixas saudosistas do império. Eles são mesmo assim, só nos resta denunciá-los.
http://homepage.ufp.pt/pseixas/artigospub/timor/Portugueses%20na%20transicao.pdf
E por fim não resisto a este naco da comunicação que apresentou a 20/05/06 na comemoração do 4º Aniversário da independência de Timor-Leste numa mesa onde também esteve D. Ximenes Belo:
“A questão político-institucional que levou à escalada do conflito e ao descontrolo da situação foi, exactamente a resolução face à alegada discriminação de 1/3 do exército por ser uma etnia”. Na mesma comunicação chama a Timor-Leste “um Estado falhado”.
http://homepage.ufp.pt/pseixas/artigospub/timor/uma%20agenda%20para%20a%20reconstrucao%20socio-cultural.pdf
Digam só lá s.f.f. se a Ana Gomes, os Australianos e os do ICG diriam melhor!
Margarida.
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sexta-feira, novembro 24, 2006
De uma leitora
Por Malai Azul 2 à(s) 06:07
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Parabéns, Margarida, pelo trabalho de investigação. Devo dizer que não fiquei surpreendido e só confirmei as minhas suspeitas sobre esse senhor. Só lamento que a imprensa das "recortagens" faça de caixa de ressonância destes bitaites sem fazer o trabalhinho de casa que a Margarida fez, essencial para se descodificar a mensagem. É que cortar e colar é mais fácil do que ter trabalho...
Sobre as viagens, é apenas um entre milhares que, após 1999, viajaram vezes sem conta à custa dos contribuintes portugueses. Atenção, que me refiro aos turistas e não aos que realmente foram (e vão) trabalhar, servir Timor e o povo timorense.
Aliás, essa da "geração do império", para além de ser um insulto a timorenses e portugueses que trabalham em Timor, diz bem o que vai no subconsciente de certas pessoas. Talvez por isso se continue a ouvir na televisão portuguesa referência a esse país como "o território"...
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