terça-feira, fevereiro 19, 2008

MNE português preocupado com situação no país

Bruxelas, 18 Fev (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, disse hoje em Bruxelas estar preocupado com a situação de Timor-Leste, onde vigora o estado de sítio, depois dos atentados de há uma semana contra o Presidente da República e o o primeiro-ministro timorenses.

Luís Amado falava aos jornalistas à margem do Conselho de Ministros de Assuntos Gerais em que hoje participou.

"Estamos naturalmente preocupados, o país tem muitas fragilidades do ponto de vista institucional e político, que estes acontecimentos acentuaram", sublinhou o governante português, acrescentando que acompanha "com particular atenção os desenvolvimentos" da situação.

Luís Amado disse ainda que quer "ver como o Presidente da República recupera das graves lesões que recebeu".

Um ex-comandante da polícia timorense, Alfredo Reinado, liderou há uma semana um ataque à residência particular do Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, em Díli, e acabou por ser morto pela segurança presidencial juntamente com um dos seus seguidores, Leopoldino, enquanto Gastão Salsinha, o novo líder do grupo rebelde, chefiou, no mesmo dia, o ataque à comitiva de Xanana Gusmão, que se deslocava entre Balíbar e Díli.

Ramos-Horta ficou gravemente ferido depois de ter sido atingido duas vezes nas costas e está internado num hospital australiano, em Darwin, onde na terça-feira deverá ser operado pela quinta vez desde que foi ferido no atentado.

O primeiro-ministro timorense escapou ileso da emboscada que sofreu.

IG/FPB/JCS.
Lusa/Fim

6 comentários:

Anónimo disse...

Araújo fixa prazo de um mês para apanhar rebeldes timorenses
DN, 19/02/08
PATRÍCIA VIEGAS
Fernando "Lasama" Araújo fixou o prazo de um mês para apanhar os rebeldes que tentaram matar José Ramos-Horta e Xanana Gusmão.

O presidente interino de Timor- -Leste, citado pela ABC News, garantiu que o tempo do diálogo terminou. E, segundo a Lusa, anunciou que peritos do FBI chegam hoje a Díli para ajudar a procuradoria timorense na investigação dos atentados.

Estes tiveram como alvo os chefes do Estado e do Governo timorenses. José Ramos-Horta foi baleado duas vezes nas costas e é hoje submetido a uma quinta cirurgia em Darwin. Xanana Gusmão escapou ileso.

"Os peritos são necessários para efectuar uma investigação profunda", disse Araújo, que ainda não tem definida a forma como as forças portuguesas de investigação da GNR integrarão a equipa de investigação.

"Espero que não os matem", disse o também líder do Parlamento, garantindo que Gastão Salsinha e os seus homens serão alvo de um julgamento e de uma investigação justos.

Salsinha assumiu-se como líder dos rebeldes depois de o major Alfredo Reinado ter sido abatido a tiro na casa de José Ramos-Horta no dia em que ocorreram os atentados. Mas negou ter participado em qualquer tentativa para matar Xanana.

No dia do ataque, o dia 10, o primeiro-ministro timorense terá pedido a ajuda de um helicóptero das forças australianas no terreno, mas não obteve qualquer resposta, segundo indicou o Sydney Morning Herald.

O jornal cita um conselheiro de Xanana, Joaquim Fonseca, que garante que o líder histórico timorense e o seu motorista tiveram, então, de fugir para o mato e apanhar um dos muitos autocarros locais. A informação não foi, porém, confirmada.

Enquanto decorre a caça ao homem em Timor-Leste, sabe-se agora que José Ramos-Horta pretendia antecipar eleições para 2009, bem como amnistiar os rebeldes. A assessora de Reinado, Angelita Pires, foi entretanto libertada sob termo de identidade e residência.|

Anónimo disse...

Timor: Ramos-Horta e principais partidos ponderavam eleições


Diário Digital, 19-02-2008 7:14:00

O cenário de eleições antecipadas em Timor-Leste estava a ser discutido pelos principais partidos políticos com Ramos-Horta, antes do duplo atentado de 11 deste mês, disse à Agência Lusa o líder do Partido Social Democrata (PSD) timorense.

Mário Carrascalão, que está em Lisboa praticamente desde o dia dos atentados ao Presidente e ao primeiro-ministro timorenses, José Ramos-Horta e Xanana Gusmão, adiantou em entrevista segunda-feira à Lusa, que o assunto foi analisado numa reunião ocorrida a 07 de Fevereiro na residência do chefe de Estado com as principais forças partidárias do país.

No entanto, disse Mário Carrascalão, o encontro acabou por tornar-se inconclusivo e deveria ser seguido por mais «duas ou três reuniões» para tentar obter um consenso, mas o duplo atentado, perpetrado quatro dias mais tarde, acabaria por as inviabilizar.
Segundo o líder do PSD timorense, a reunião foi precipitada por uma carta enviada pelo secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, ao secretário-geral das Nações Unidas, em que o antigo primeiro-ministro timorense pedia a Ban Ki-moon que pressionasse Ramos-Horta a antecipar eleições gerais.

«Ramos-Horta disse-me que, quando viu o conteúdo da carta (de Alkatiri a Ban Ki-moon), foi encontrar-se com o (Francisco) Lu Olo (Guterres, presidente da Fretilin) para falarem sobre a forma como levar isso para diante», afirmou Carrascalão, dando conta de uma conversa que manteve com o Presidente timorense na residência da sua irmã Gabriela, na noite de Natal de 2007.O líder do PSD adiantou à Lusa que, nessa «conversa», Ramos-Horta lhe disse que Alkatiri estava a «insistir muito» para antecipar as eleições presidenciais e legislativas para 2009.

O chefe de Estado, recordou Mário Carrascalão, «disse que eleições antecipadas só com duas condições: uma, que o Presidente também seja eleito de novo, e, outra, que todos os partidos concordem.»

Ramos-Horta, adiantou o líder do PSD, não se recandidataria ao cargo.

Anónimo disse...

Quatro pessoas detidas pelo ataque a Ramos-Horta

Público, 19.02.2008


As autoridades timorenses já detiveram quatro pessoas devido aos incidentes em que há oito dias ficou gravemente ferido o Presidente, José Ramos-Horta, anunciou ontem em conferência de imprensa o seu substituto interino, Fernando Lasama de Araújo. E logo estabeleceu o prazo de um mês para que sejam apanhadas todas as pessoas que possam ter estado envolvidas neste processo, durante o qual foi morto o major rebelde Alfredo Alves Reinado, que o ano passado se vangloriara à revista norte-americana Time de ser capaz de se introduzir na residência dos principais dirigentes do país: "Posso beijá-los enquanto estão a dormir".

A primeira pessoa detida a ser ouvida em tribunal, logo no domingo à noite, foi a cidadã australiana de origem timorense Angelita Pires, uma assesora de Reinado que, ao ser interceptada, se preparava para viajar de Díli para Darwin e que esteve quatro horas a ser interrogada. O procurador-geral, Longuinhos Monteiro, contou ao Sydney Morning Herald que é suspeita de possível conspiração para que fossem cometidos crimes contra o jovem Estado.

Ao longo da semana passada, Angelita, uma mulher de cerca de 40 anos que passara alguns meses nas montanhas com o seu chefe, dissera a alguns amigos ter informações de que Reinado fora atraído à residência de Ramos-Horta a fim de ser assassinado, por estar disposto a revelar manobras secretas de algumas poderosas figuras políticas. O pai dela, já falecido, era um administrador colonial português de nome Laurentino Pires.

O Presidente interino, Lasama de Araújo, afirmou que não haverá mais diálogo com os suspeitos pelos ataques

Anónimo disse...

Fantástico

A tentativa de golpe de Estado, ou o que quer que se tenha passado recentemente em Dili, é uma das histórias mais mal contadas do milénio.

Diário Económico, 18/02/08
João Paulo Guerra

O futuro dirá se a história mal contada de Timor não terá um fim trágico, como por exemplo uma sangrenta caça às bruxas, semelhante às que ocorreram em outros “Palopes”. Mas vamos a factos.

Na manhã de 11 de Fevereiro, enquanto o Presidente Ramos Horta fazia o seu habitual ‘jogging’ na marginal de Dili, um grupo armado atacou a residência presidencial. O bando era comandado pelo “major” Reinado, um rebelde que gozava de grande benevolência por parte do actual poder de Timor. Por exemplo: havia um mandado judicial de detenção de Reinado que as autoridades do país evitaram executar.

A guarda presidencial respondeu ao ataque e Reinado foi morto pouco depois das 6 da manhã. E que fez a guarda presidencial de seguida? Correu a defender o presidente? Alertou as forças armadas nacionais e internacionais? Não fez nada. Avisado telefonicamente por uma irmã sobre os acontecimentos, Ramos Horta dirigiu-se para o local do tiroteio. Afinal a guarda presidencial não tinha escorraçado o grupo armado e o presidente foi baleado à porta de casa, 45 minutos após os primeiros tiros. Foi o próprio Ramos Horta quem pediu socorro por telefone. Hora e meia depois dos primeiros tiros, o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, saiu ileso de uma emboscada na estrada, comandada pelo número dois de Reinado, Gastão Salsinha, quando se dirigia para uma reunião internacional em Dili. Mais tarde, antes de se refugiar no interior de Timor, Salsinha ainda passou pela residência presidencial para recuperar uma arma que tinha usado nos tiroteios.

Como dizem os outros: há coisas fantásticas, não há?

Anónimo disse...

Transcrição por não estar online:

Timor: Terá mesmo sido Loucura?

Oir enquanto, poucas são as respostas e é mesmo de sublinhar o quão pouco se sabe de como sucederam as coisas. Muitos factos, de facto, carecem de esclarecimento.

Expresso, 17/02/08
Ruben de Carvalho

Adelino Gomes, inquestionavelmente – por conhecimento próprio e por generoso empenho – o jornalista mais conhecedor da realidade timorense, manifestava a sua surpresa e enfrentava quase todas as possibilidades face ao atentado de Díli: a “esta intentona de contornos mal definidos vem juntar-se um conjunto de tropeções, todos graves, na construção do Estado de direito democrático em Timor”.

Pedro Bacelar de Vasconcelos, com a proximidade de ter sido conselheiro da ONU junto da presidência timorense, sublinhava o que a opinião pública manifestamente subscreve: “há muitos factos que carecem de esclarecimento”.

Adelino Gomes sintetizou bem a interrogação essencial: “Foi um acto de loucura de Reinado? Uma acção isolada de um grupo de rebeldes desesperados (…) ou, pelo contrário, uma acção de âmbito mais vasto e de participações mais alargadas?”

Por enquanto, poucas são as respostas e é mesmo de sublinhar o quão pouco se sabe de como sucederam as coisas. Note-se, por exemplo, a escassez de notícias sobre a existência ou não de outros mortos ou feridos.

No rol das técnicas clássicas há, contudo, uma metodologia que parece útil: e se se admitir que os atentados não haviam falhado, que a estas horas Ramos-Horta e Xanana Gusmão haviam sido assassinados: qual seria a situação em Timor? Plausivelmente a situação que os atentados tentavam criar.

Nessas circunstâncias, os dois principais interlocutores e protagonistas da realidade timorense teriam desaparecido. Tal desaparecimento não apenas provocaria o vazio político de diálogo e intervenção como, inevitavelmente, uma reacção de violência que se generalizaria em dimensões incalculáveis. Imediatamente a seguir colocar-se-ia o objectivo Fretilin e os seus dirigentes, o que deixaria o jovem país apenas com a possibilidade de recurso aos chefes militares como Matan Ruak, sendo porém de prever que a operacionalidade das forças timorenses estivesse mais do que afectada.

Os assaltos, os saques, assassínios e conflitos alegadamente étnicos que envolveram e serviram de cobertura à crise que afastou Mari Alkatiri e a Fretilin do Governo teriam, evidentemente, tendência a multiplicar-se em escala devastadora.

O caminho para uma generalizada intervenção estrangeira (australiana?) estaria completamente aberto, pois seria impossível ao dedicado contingente da GNR acorrer a uma situação desta dimensão.

E, note-se, tal intervenção verificar-se-ia em circunstâncias em que haviam desaparecido os mais reconhecidos e legitimados dirigentes timorenses; qualquer processo de pacificação por via política e de diálogo estaria profundamente prejudicado. Uma presença militar governante de longo prazo estaria amplamente justificada.

Será tão de estranhar como é que Reinado e Salsinha, até agora protegidos pelas tropas australianas, atravessaram Díli de ponta a ponta em carros armados sem que ningém se apercebesse?!

E até um pormenor: Reinado já não pode contar o que sucedeu: foi morto – e quase uma hora antes de Ramos-Horta ser atingido!

Muitos factos, de facto, carecem de esclarecimento.

Anónimo disse...

Timor-Leste: Fretilin não iria reconhecer Governo de Xanana com acordo entre partidos
Díli, 19 Fev (Lusa) - A Fretilin não iria reconhecer o Governo de Xanana Gusmão com o acordo interpartidário que estava a ser promovido pelo Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse hoje à agência Lusa o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.

"De modo algum iríamos reconhecer o Governo. Iríamos sim cooperar com sentido de Estado para resolver os problemas que são de todos nós, que não são só problemas do Governo", afirmou Mari Alkatiri.
O líder da oposição e ex-primeiro-ministro identificou os problemas dos deslocados, de Alfredo Reinado (antes da sua morte) ou dos peticionários como "problemas do país, do Estado, que exigem que todos se juntem para resolver", posição que "não significa reconhecer o Governo".
Apesar de assumir que o acordo não implicava reconhecer o Executivo de Xanana Gusmão, Mari Alkatiri admite, contudo, que estaria disponível para uma eventual revisão da Constituição.
"Se há artigos (referentes à questão da formação do Governo) que não são claros para alguns podemos estudar isso para tornar cada vez mais claro", disse.
"A Constituição da República Democrática de Timor-Leste é para estar em vigor durante décadas ou séculos e por isso é bom que, se há artigos que criaram algum conflito, esses artigos sejam tornados claros", acrescentou Mari Alkatiri ao salientar que foi a Fretilin que escreveu o texto fundamental e que previa a sua revisão a partir de 2008.
Alkatiri confirma ainda a manifestação de vontade de Ramos-Horta em convocar eleições antecipadas para o Parlamento e chefia do Estado em 2009 e a necessidade de realizar mais algumas reuniões entre os partidos políticos para chegar a um acordo global de soluções para os problemas que afectam o país.
Nas declarações à agência Lusa, Mari Alkatiri subscreve também a posição revelada em Lisboa pelo líder do PSD, Mário Carrascalão, ao salientar ser uma "opção errada" entregar o comando das opções de captura do ex-tenente Gastão Salsinha e do seu grupo às Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
"Colocar as F-FDTL atrás do grupo do Salsinha vai fazer crescer o problema que já existia entre o grupo do Salsinha e as próprias F-FDTL o que significa que pode aprofundar a crise leste/oeste (lorosae/loromonu) de novo", afirmou.
O Governo timorense entregou domingo o comando das operações de busca e captura do grupo de Gastão Salsinha ao chefe do Estado-Maior General das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruakàs F-FDTL.
Alegadas discriminações no seio das F-FDTL a favor de naturais do leste do país estiveram na base da crise de 2006, que resultou no despedimento de cerca de 600 militares (os peticionários) pelo Governo então liderado por Mari Alkatiri, que acabou por deixar o cargo, e em confrontos que provocaram mais de 30 mortos e 150 mil desalojados.
Sobre o ataque a Xanana Gusmão, Mari Alkatiri sublinha parecer estar-se perante um "filme de ficção" porque, garante, numa "emboscada com espingardas-metralhadoras naquela curva, ninguém sairia vivo".
"Montagem! Quem o teria feito? Parece que estamos um pouco num filme de ficção", disse Mari Alkatiri ao recordar que nenhum dos veículos da comitiva do chefe do Governo tem alguma protecção especial de blindagem.
O líder da Fretilin continua também com dúvidas sobre os ataques de 11 de Fevereiro, explica que para si "não há ainda luz ao fundo do túnel" e que se fosse investigador, as "primeiras pessoas que iria questionar eram aqueles que estavam em casa de Ramos-Horta".
"Depois de ter sabido que o Alfredo (Reinado) tinha morrido uma hora antes (de Ramos-Horta ter sido ferido) tornou-se ainda mais estranho para mim", afirmou ao interrogar "quem, afinal, tentou matar José Ramos-Horta?".
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-02-19 09:50:01

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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