segunda-feira, janeiro 28, 2008

Suharto's brutal legacy

Rabble News
by Derrick O'Keefe
January 28, 2008

The "butcher of Baghdad" was hanged in a rushed execution, while the butcher of Dili died surrounded by the best medical attention money could buy.

General Suharto, Indonesia's former dictator, has died at the age of 86. He was, for many years, Ottawa's man in Jakarta.

Of course, he was also Washington's man in Jakarta. For most of their thuggish careers, he shared this among other things with Saddam Hussein. Both consolidated their power after participating in bloody purges of communists and radical nationalists. Saddam purged the Left from Iraq's Ba'ath Party; Suharto took the helm after helping purge the Left from the Indonesian archipelago – the 1965 coup that overthrew the nationalist government of Sukarno was followed by the murder by death squads of up to a million activists, workers and peasants.

Both Saddam and Suharto viciously repressed political opponents and ethnic minorities; both accumulated great personal wealth and handed down top security and economic positions to their children; both illegally annexed small neighbouring states: Kuwait in 1990 and East Timor in 1975, respectively.

While the 1991 Gulf War was waged in the name of liberating Kuwait (and restoring a monarchy that denied women the right to vote), the massacre of civilians later that year in East Timor's capital, Dili, elicited no response from western media and no outcry from western politicians. During the two and a half decades of Indonesian occupation of East Timor, it is estimated that 200 000 people were killed. Suharto's regime also massacred thousands in other oppressed regions, such as Aceh and West Papua.

For all their similarities, then, the politics of empire intervened and led Saddam and Suharto to very different ends. The "butcher of Baghdad" was hanged in a rushed execution, while the butcher of Dili died surrounded by the best medical attention money could buy.

In Canada, it's worth remembering the shameful role with respect to Suharto's regime played by the Liberal Party, which claims to uphold a humanitarian tradition in its foreign policy.

Back in the 1990s, the strongman in Jakarta was respectfully referred to in our mainstream media as President Suharto. He was touted as a modernizer, a unifier, and an important ally in Canada's quest to expand trade and investment in Southeast Asia.

Canada sold weapons to the dictatorship, which then Liberal Secretary of State for Asia-Pacific Raymond Chan justified on the absurd grounds that they were defensive weapons only.

And so it was that in 1997, when Vancouver hosted the APEC summit, Jean Chretien's Liberal government rolled out the red carpet for the dictator, and dished out the pepper spray and riot squads on the activists who worked to expose Suharto's gross human rights violations and Canada's complicity.

At the University of British Columbia, where one of the main gatherings of the heads of state was held, a security fence was erected, "preemptive" arrests were made against protest organizers like Jaggi Singh, and of course pepper spray was used liberally. According to a public inquiry held after the APEC protests, in the lead up to the summit Foreign Minister Lloyd Axworthy had debased his office to the point of apologizing to the Indonesian authorities for a Suharto "Wanted" poster that had proliferated around town.

Seeing this spectacle up close as an undergraduate provided me with an intense and valuable learning experience about the true nature of politics. Back in the quaint days before the "war on terror," our rights to freedom of speech, assembly and dissent were quickly – automatically, really, with the justifications made up on the fly – subordinated to the needs of capital.

All the high-sounding rhetoric of human rights from the likes of Axworthy disappeared in an instant when it came to appeasing a key business partner. Subsequent Liberal foreign ministers, such as Bill Graham and Pierre Pettigrew, would up the ante from complicity to outright aggression when, for instance, Canada played a key role in overthrowing Haiti's democratic government in 2004.

It's worth noting too that, back in the 1990s, it was initially only very small networks of activists on the Left who worked to bring the plight of East Timor to the public's attention in Canada. It was a tiny Christian half island, occupied by the world's largest Muslim country. Those standing up for self-determination for Palestine and Iraq today, against whom pro-war ideologues trot out Islamophobia and "clash of civilizations" nonsense, were the same people agitating for the freedom of the Timorese, who happened to be a predominantly Christian people.

At the time, the East Timor Alert Network (ETAN), with the help of the odd outspoken MP such as the NDP's Svend Robinson, did the heavy lifting to expose the Liberals' complicity with Suharto's crimes.

A statement on ETAN's U.S. sister group's website sums things up eloquently:

"Indonesia's former dictator General Suharto has died in bed and not in jail, escaping justice for his numerous crimes in East Timor and throughout the Indonesian archipelago…"

"To overcome Suharto's legacy and to uphold basic international human rights and legal principles, those who executed, aided and abetted, and benefited from his criminal orders must be held accountable."

We can be sure that the current Conservative Foreign Minister, Maxime Bernier, will make some statements on Suharto's death parroting whatever comes out of Washington.

But I'd really like to hear from the likes of Chretien and Axworthy. What do they have to say for themselves and what do they have to say now about the dictator that they aided, abetted, and protected from protest?

Derrick O'Keefe is the editor of rabble.ca.

Tradução:

Herança brutal de Suharto

Rabble News
by Derrick O'Keefe
Janeiro 28, 2008

O "carniceiro de Baghdad" foi enforcado numa execução apressada, enquanto o carniceiro de Dili morreu rodeado pelas melhores atenções médicas que o dinheiro pode comprar.

O General Suharto, o antigo ditador da Indonésia, morreu com 86 anos. Ele foi, durante muitos anos o homem de Ottawa em Jacarta.

Obviamente, ele foi também o homem de Washington em Jacarta. Para muitos a carreira de ladronagem deles, partilhou-a entre outras coisas com Saddam Hussein. Ambos consolidaram o seu poder depois de participarem em purgas sangrentas de comunistas e de nacionalistas radicais. Saddam purgou a esquerda do Partido Ba'ath do Iraque; Suharto tomou as rédeas depois de purgar a esquerda do arquipélago Indonésio – o golpe de 1965 que derrubou o governo nacionalista de Sukarno foi seguido pelo assassinato por esquadrões da morte de mais de um milhão de activistas, trabalhadores e camponeses.

Ambos Saddam e Suharto reprimiram cruelmente opositores políticos e minorias étnicas; ambos acumularam grandes riquezas pessoais e entregaram cargos de topo na segurança e na economia aos filhos; ambos anexaram ilegalmente pequenos Estados vizinhos: Kuwait em 1990 e Timor-Leste em 1975, respectivamente.

Enquanto a Guerra do Golfe de 1991 foi travada em nome da libertação do Kuwait (e da restauração de uma monarquia que negava às mulheres o direito ao voto), o massacre mais tarde nesse ano de civis na capital de Timor-Leste, Dili, não desencadeou nenhuma resposta dos media do ocidente e nenhuma denúncia dos políticos ocidentais. Durante as duas décadas e meia da ocupação Indonésia de Timor-Leste, é estimado que 200 000 pessoas foram mortas pelo regime de Suharto que também massacrou milhares noutras regiões oprimidas, tais como Aceh e Papua Oeste.

Apesar de todas as suas semelhanças, então os políticos do império intervieram e deram a Saddam e a Suharto fins muito diferentes. O "carniceiro de Baghdad" foi enforcado numa execução apressada, enquanto o carniceiro de Dili morreu rodeado pela melhor atenção médica que o dinheiro pode comprar.

No Canadá, vale a pena lembrar o papel vergonhoso em relação ao regime de Suharto que teve o Partido Liberal, que afirma apoiar uma tradição humanitária na sua política estrangeira.

De volta nos anos 1990s, o homem forte em Jacarta era respeitosamente referido nos nossos media de referência como Presidente Suharto. Ela propagandeado como um modernizador, um unificador, e um aliado importante do Canadá na sua busca de expandir comércio e investimento no Sudeste da Ásia.

O Canadá vendeu armas à ditadura, que o então Secretário de Estado para a Ásia Pacífico, o Liberal Raymond Chan justificava com a absurda razão de serem apenas armas defensivas.
E assim foi em 1997, quando Vancouver abrigou a Cimeira da APEC e o governo Liberal de Jean Chretien desenrolou a carpet vermelha para o ditador, e usou as granadas de gás de pimenta e esquadrões anti-motim contra os activistas que trabalharam para expor as violações grosseiras dos direitos humanos de Suharto e a cumplicidade do Canadá.

Na Universidade da Columbia Britânica, onde se realizava um dos maiores ajuntamentos de chefes de estado, foi erguida um cerca de segurança, fizeram-se prisões "preemptivas" contra organizadores das manifestações como Jaggi Singh, e obviamente o gás pimenta foi usado liberalmente. De acordo com uma investigação pública feita depois dos protestos da APEC, na organização da cimeira o Ministro dos Estrangeiros Lloyd Axworthy tinha -se abaixado ao ponto de pedir desculpa às autoridades Indonésias por causa dum cartaz Suharto "Procura-se" que se tinha espalhado pela cidade.

Como estudante, ver este espectáculo de perto deu-me uma experiência de aprendizagem intensa e valiosa acerca da verdadeira natureza da política. De regresso aos dias calmos antes da "guerra ao terror," os nossos direitos de liberdade de expressão, reunião e dissensão foram rapidamente – automaticamente, realmente, com as justificações feitas para voar – subordinadas às necessidades do capital.

Toda a retórica de voz-grossa de direitos humanos dos da espécie de Axworthy desapareceu num instante quando se tratou de apaziguar um parceiro chave de negócios. Subsequentes ministros do estrangeiro Liberais, tais como Bill Graham e Pierre Pettigrew, mudariam de postura de cumplicidade para descarada agressão quando, por exemplo, Canadá teve um papel chave no derrube do governo democrático do Haiti em 2004.

Vale a pena reparar também que, de volta aos anos de 1990s, inicialmente apenas muito pequenas redes de activistas na esquerda trabalharam para levar à atenção do público a luta de Timor-Leste no Canadá. Era uma pequena meia ilha cristã, ocupada pelo maior país muçulmano do mundo. Os que se levantam hoje pela auto-determinação para a Palestina e para o Iraque, contra quem os ideólogos pró-guerra gritam os disparates de Islamofobia e de "choque de civilizações, eram as mesmas pessoas a lutar pela liberdade dos Timorense, que era predominantemente gente cristã.

Na altura, a East Timor Alert Network (ETAN), com a ajuda de deputados sinceros como Svend Robinson do NDP, travou o trabalho pesado de expor a cumplicidade dos Liberais com os crimes de Suharto.

Uma declaração no website do grupo irmão nos USA da ETAN resume com eloquência:
"O antigo ditador da Indonésia General Suharto morreu na cama e não na prisão, escapando à justiça pelos seus numerosos crimes em Timor-Leste e por todo o arquipélago Indonésio…"
"Para ultrapassar a herança de Suharto e seguir os direitos humanos básicos e princípios legais e internacionais, os que executaram, ajudaram e auxiliaram e beneficiaram destas suas ordens criminosas devem ser responsabilizados."

Podemos estar certos que o corrente Ministro dos Estrangeiros Conservador, Maxime Bernier, fará algumas declarações sobre a morte de Suharto papagueando seja o que for que vier de Washington.

Mas gostaria realmente de ouvir dos da espécie de Chretien e Axworthy. O que é que têm a dizer deles próprios e o que é que têm agora a dizer sobre o ditador que eles ajudaram, auxiliaram e protegeram do protesto?

Derrick O'Keefe é o editor de rabble.ca.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Herança brutal de Suharto
Rabble News
by Derrick O'Keefe
Janeiro 28, 2008

O "carniceiro de Baghdad" foi enforcado numa execução apressada, enquanto o carniceiro de Dili morreu rodeado pelas melhores atenções médicas que o dinheiro pode comprar.

O General Suharto, o antigo ditador da Indonésia, morreu com 86 anos. Ele foi, durante muitos anos o homem de Ottawa em Jacarta.

Obviamente, ele foi também o homem de Washington em Jacarta. Para muitos a carreira de ladronagem deles, partilhou-a entre outras coisas com Saddam Hussein. Ambos consolidaram o seu poder depois de participarem em purgas sangrentas de comunistas e de nacionalistas radicais. Saddam purgou a esquerda do Partido Ba'ath do Iraque; Suharto tomou as rédeas depois de purgar a esquerda do arquipélago Indonésio – o golpe de 1965 que derrubou o governo nacionalista de Sukarno foi seguido pelo assassinato por esquadrões da morte de mais de um milhão de activistas, trabalhadores e camponeses.

Ambos Saddam e Suharto reprimiram cruelmente opositores políticos e minorias étnicas; ambos acumularam grandes riquezas pessoais e entregaram cargos de topo na segurança e na economia aos filhos; ambos anexaram ilegalmente pequenos Estados vizinhos: Kuwait em 1990 e Timor-Leste em 1975, respectivamente.

Enquanto a Guerra do Golfe de 1991 foi travada em nome da libertação do Kuwait (e da restauração de uma monarquia que negava às mulheres o direito ao voto), o massacre mais tarde nesse ano de civis na capital de Timor-Leste, Dili, não desencadeou nenhuma resposta dos media do ocidente e nenhuma denúncia dos políticos ocidentais. Durante as duas décadas e meia da ocupação Indonésia de Timor-Leste, é estimado que 200 000 pessoas foram mortas pelo regime de Suharto que também massacrou milhares noutras regiões oprimidas, tais como Aceh e Papua Oeste.

Apesar de todas as suas semelhanças, então os políticos do império intervieram e deram a Saddam e a Suharto fins muito diferentes. O "carniceiro de Baghdad" foi enforcado numa execução apressada, enquanto o carniceiro de Dili morreu rodeado pela melhor atenção médica que o dinheiro pode comprar.

No Canadá, vale a pena lembrar o papel vergonhoso em relação ao regime de Suharto que teve o Partido Liberal, que afirma apoiar uma tradição humanitária na sua política estrangeira.

De volta nos anos 1990s, o homem forte em Jacarta era respeitosamente referido nos nossos media de referência como Presidente Suharto. Ela propagandeado como um modernizador, um unificador, e um aliado importante do Canadá na sua busca de expandir comércio e investimento no Sudeste da Ásia.

O Canadá vendeu armas à ditadura, que o então Secretário de Estado para a Ásia Pacífico, o Liberal Raymond Chan justificava com a absurda razão de serem apenas armas defensivas.

E assim foi em 1997, quando Vancouver abrigou a Cimeira da APEC e o governo Liberal de Jean Chretien desenrolou a carpet vermelha para o ditador, e usou as granadas de gás de pimenta e esquadrões anti-motim contra os activistas que trabalharam para expor as violações grosseiras dos direitos humanos de Suharto e a cumplicidade do Canadá.

Na Universidade da Columbia Britânica, onde se realizava um dos maiores ajuntamentos de chefes de estado, foi erguida um cerca de segurança, fizeram-se prisões "preemptivas" contra organizadores das manifestações como Jaggi Singh, e obviamente o gás pimenta foi usado liberalmente. De acordo com uma investigação pública feita depois dos protestos da APEC, na organização da cimeira o Ministro dos Estrangeiros Lloyd Axworthy tinha -se abaixado ao ponto de pedir desculpa às autoridades Indonésias por causa dum cartaz Suharto "Procura-se" que se tinha espalhado pela cidade.

Como estudante, ver este espectáculo de perto deu-me uma experiência de aprendizagem intensa e valiosa acerca da verdadeira natureza da política. De regresso aos dias calmos antes da "guerra ao terror," os nossos direitos de liberdade de expressão, reunião e dissensão foram rapidamente – automaticamente, realmente, com as justificações feitas para voar – subordinadas às necessidades do capital.

Toda a retórica de voz-grossa de direitos humanos dos da espécie de Axworthy desapareceu num instante quando se tratou de apaziguar um parceiro chave de negócios. Subsequentes ministros do estrangeiro Liberais, tais como Bill Graham e Pierre Pettigrew, mudariam de postura de cumplicidade para descarada agressão quando, por exemplo, Canadá teve um papel chave no derrube do governo democrático do Haiti em 2004.

Vale a pena reparar também que, de volta aos anos de 1990s, inicialmente apenas muito pequenas redes de activistas na esquerda trabalharam para levar à atenção do público a luta de Timor-Leste no Canadá. Era uma pequena meia ilha cristã, ocupada pelo maior país muçulmano do mundo. Os que se levantam hoje pela auto-determinação para a Palestina e para o Iraque, contra quem os ideólogos pró-guerra gritam os disparates de Islamofobia e de "choque de civilizações, eram as mesmas pessoas a lutar pela liberdade dos Timorense, que era predominantemente gente cristã.

Na altura, a East Timor Alert Network (ETAN), com a ajuda de deputados sinceros como Svend Robinson do NDP, travou o trabalho pesado de expor a cumplicidade dos Liberais com os crimes de Suharto.

Uma declaração no website do grupo irmão nos USA da ETAN resume com eloquência:

"O antigo ditador da Indonésia General Suharto morreu na cama e não na prisão, escapando à justiça pelos seus numerosos crimes em Timor-Leste e por todo o arquipélago Indonésio…"

"Para ultrapassar a herança de Suharto e seguir os direitos humanos básicos e princípios legais e internacionais, os que executaram, ajudaram e auxiliaram e beneficiaram destas suas ordens criminosas devem ser responsabilizados."

Podemos estar certos que o corrente Ministro dos Estrangeiros Conservador, Maxime Bernier, fará algumas declarações sobre a morte de Suharto papagueando seja o que for que vier de Washington.

Mas gostaria realmente de ouvir dos da espécie de Chretien e Axworthy. O que é que têm a dizer deles próprios e o que é que têm agora a dizer sobre o ditador que eles ajudaram, auxiliaram e protegeram do protesto?

Derrick O'Keefe é o editor de rabble.ca.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.