Díli, 06 Mai (Lusa) - O presidente do Parlamento, candidato da Fretilin, e o primeiro-ministro, candidato independente apoiado por cinco dos seis "derrotados" na primeira volta, são os dois adversários na segunda volta das eleições presidenciais timorenses que se realizam a 09 de Maio.
O sucessor do Presidente Xanana Gusmão será empossado a 20 de Maio, seis semanas antes das eleições legislativas marcadas para 30 de Junho. Os perfis dos dois candidatos, pela ordem em que aparecem no boletim de voto.
Francisco Guterres "Lu Olo" - 53 anos, natural de Ossú, Viqueque, na costa sul. Presidente do Parlamento Nacional.
Quando a Indonésia invadiu Timor-Leste em 1975, Francisco Guterres "decidiu fugir para o mato, onde viria a juntar-se ao pelotão comandado por Lino Olokassa, no Monte Perdido - Ossú", segundo a nota biográfica oficial do candidato presidencial.
Em Julho de 1976, Francisco Guterres foi nomeado vice-secretário da zona costeira Leste, em Matebian.
Nas duas décadas seguintes, ocupou diferentes cargos na resistência armada timorense, passando "mais de vinte anos sem entrar numa cidade ou vila", conforme refere o documentário "Nascimento de uma Nação" da cadeia ABC.
Em 1997, "Lu Olo" assumiu o cargo de secretário da Comissão Directiva da Fretilin, após a morte de Konis Santana.
No mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional da Resistência Timorense, onde "Lu Olo" ocupou vários cargos.
Francisco Guterres foi eleito presidente da Fretilin no primeiro congresso do partido, em Julho de 2001, e reeleito em Maio de 2006. Foi presidente da Assembleia Constituinte em 2001 e 2002.
"Como candidato da Fretilin, regresso às origens e revejo o passado de sofrimento por que passámos", declarou "Lu Olo" no seu manifesto de candidatura. Buscarei sempre inspiração nos nossos heróis, desde Nicolau Lobato a Nino Konis Santana", dois líderes da Resistência que "Lu Olo" homenageou no seu comício de encerramento em Díli.
"Lu Olo" apresentou-se na campanha como "filho de gente humilde" e "católico praticante".
Na primeira volta, "Lu Olo" obteve 112.666 votos, ou 27,89 por cento.
O candidato do partido maioritário conta com o apoio de um dos outros sete candidatos presidenciais na primeira volta, Manuel Tilman, líder do Partido Kota (União dos Filhos Heróicos das Montanhas de Timor).
Manuel Tilman obteve 16.534 votos, ou 4,09 por cento, em sexto lugar no cômputo final da primeira volta.
José Ramos-Horta - 58 anos, nasceu em Díli.
Formado em Direito Internacional e membro fundador da ASDT e da Fretilin, partido que abandonou em 1989. Ramos-Horta é filho de um sargento português, natural da Figueira da Foz, deportado para Timor na sequência da Revolta dos Marinheiros em Lisboa contra o Estado Novo e a Guerra Civil Espanhola em 1936.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Fretilin, após a declaração unilateral de independência de 1975, viveu no exílio em Portugal, na Austrália e nos Estados Unidos da América. Distinguido com o Prémio Nobel da Paz, com o bispo D. Xímenes Belo, em 1996, regressou a Timor após a consulta popular de 1999.
Chefe da diplomacia da RDTL desde 2002, assumiu o cargo de primeiro-ministro na sequência da demissão de Mari Alkatiri, em Junho de 2006. "Não faço oposição à Fretilin, nunca o fiz e não vou fazer", garante o primeiro-ministro", garante.
Candidata-se à Presidência sem o apoio da Fretilin. "Felizmente, não devo grandes favores a nenhum partido político. Não estou comprometido com ninguém. Apenas com este povo".
José Ramos-Horta é o candidato mais conhecido internacionalmente. Já disse várias vezes que a crise política e militar de 2006 o desviou de um processo adiantado de angariação de apoios para ser secretário-geral das Nações Unidas.
Foi no estrangeiro, diz, que terá reunido apoios e "pressões" para se apresentar a estas presidenciais, sobretudo na deslocação a Nova Iorque para o Conselho de Segurança de 12 de Fevereiro.
"Quer o I Governo Constitucional, quer o II, beneficiaram de apoios através de mim", sublinha ao falar das suas amizades "em Washington, em Nova Iorque, em Berlim, em Camberra, em Jacarta".
Internamente, o candidato sem partido apareceu ao lado de um veterano da luta, Cornélio Gama, aliás "L7", e do seu partido UNDERTIM (União Nacional Democrática da Resistência Timorense) e do movimento religioso Sagrada Família.
Outros partidos e cisões apoiaram José Ramos- Horta na primeira volta das presidenciais, como o grupo Mudança da Fretilin e o Partido Milénio Democrático.
Do programa de José Ramos-Horta constam várias medidas directamente dirigidas à Igreja católica, supostamente um dos seus apoios eleitorais: desde a inclusão de referências mais explícitas a Deus na Constituição, ou a atribuição de um subsídio anual de dez milhões de dólares a instituições religiosas, ou, a nível dos símbolos, o lançamento da campanha vestido com uma camisa estampada com Jesus Cristo.
Na segunda volta, cinco dos candidatos presidenciais das eleições de 09 de Abril apoiam expressamente José Ramos-Horta: Fernando "Lassama" de Araújo, do Partido Democrático, Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrática Timorense, Lúcia Lobato, do Partido Social Democrata, Avelino Coelho, do Partido Socialista de Timor, e João Carrascalão, da União Democrática Timorense.
Em conjunto, estes cinco candidatos representaram 186.639 votos, ou 68,02 por cento.
PRM/PSP-Lusa/fim
domingo, maio 06, 2007
Perfis dos candidatos presidenciais, "Lu Olo" e Ramos-Horta
Por Malai Azul 2 à(s) 19:19
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
3 comentários:
Finalmente um texto imparcial neste blog.
Depois de o ler fico com a sensação que o país necessitava que estes dois candidatos fossem uma só pessoa...
"Do programa de José Ramos-Horta constam várias medidas directamente dirigidas à Igreja católica, supostamente um dos seus apoios eleitorais: desde a inclusão de referências mais explícitas a Deus na Constituição, ou a atribuição de um subsídio anual de dez milhões de dólares a instituições religiosas"
"Do programa de José Ramos-Horta constam várias"... fantasias, para não lhes chamar outra coisa, mas que podem ser levadas a sério pelos ingénuos.
O Presidente não tem poderes para alterar a Constituição nem atribuir subsídios.
Isto é pior do que comprar votos. É comprá-los sem poder pagar...
impossivel serm uma so pessoa... como e que alguem puro como Lu Olo pode ser ao mesmo tempo sem escrupulos como Horta?
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