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Díli, 12 Abr (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, afirmou hoje que o seu partido está preocupado com a abertura de urnas sem a presença de fiscais na Comissão Nacional de Eleições (CNE) na noite de quarta-feira.
quinta-feira, abril 12, 2007
Timor-Leste/Eleições:Urnas abertas de madrugada na CNE preocupam Fretilin
Por Malai Azul 2 à(s) 08:10
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Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
17 comentários:
Lu Olo e Ramos-Horta vão ter de disputar uma segunda volta
Público, 12.04.2007, Paulo Moura, em Díli
O candidato da Fretilin obteve a maioria dos votos. O primeiro-ministro cessante criticou a eleição. Xanana Gusmão marcou as legislativas para 30 de Junho
103
mil votos foi o que obteve o candidato da Fretilin, Lu Olo, mais do que os 80.851 conquistados por Ramos-Horta
a O candidato da Fretilin, Francisco Guterres Lu Olo, obteve a maioria dos votos na contagem provisória divulgada ontem em Díli, tendo passado à segunda volta das eleições presidenciais, a 9 de Maio. José Ramos-Horta surge em segundo lugar, sendo quase certa a sua passagem à segunda volta.
Com mais de 103 mil votos, Lu Olo surge à frente, contra os 80.851 de Ramos-Horta, que as primeiras contagens, do dia anterior, tinham dado como vencedor quase certo, seguido por Fernando "Lasama" de Araújo.
Quando os últimos resultados foram divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), às 17 horas locais de ontem, estavam contados 357.766 votos válidos, num total de 522.933 eleitores. Este número corresponde a uma percentagem de 68,42 por cento, em que não estão incluídos os votos nulos e brancos, as abstenções e os votos ainda não contados, sem que fosse possível discriminar entre os vários casos. Ou seja: teoricamente, seria ainda possível, embora pouco provável, que o candidato que surge em terceiro lugar, Fernando "Lasama", fosse o contendor da segunda volta.
O quarto candidato mais votado foi Francisco Xavier do Amaral, seguido por Lúcia Lobato, Manuel Tilman, Avelino Coelho e João Carrascalão.
Ainda antes da divulgação destes resultados, Ramos-Horta deu, na qualidade de primeiro-ministro, uma conferência de imprensa criticando o processo eleitoral e ameaçando abandonar as suas funções se verificar que não tem condições para continuar no Governo, até às legislativas, que o Presidente, Xanana Gusmão, marcou hoje para 30 de Junho.
"Quero manifestar a minha preocupação pelo facto de a Fretilin ter contratado dois assessores de campanha moçambicanos, da Frelimo, acusados de terem colaborado em fraudes eleitorais", disse Ramos-Horta, entre outras queixas.
Quanto às suas funções de chefe do Governo, ameaçou deixar o cargo "se não houver um compromisso sério da Fretilin e dos membros do Governo com a governação, para trabalhar afincadamente enquanto Governo e não enquanto activistas políticos e partidários". "Entrarei de imediato de férias." E explicou que os seus vários ministros se têm comportado com grande irresponsabilidade, não comparecendo no Conselho de Ministros. "Há membros do Governo que sumiram de Díli, que sumiram do Governo há semanas", contou o candidato. "Desde Julho para cá, é sabido que sou um primeiro-ministro emprestado. Muita coisa me passa ao lado, sem eu saber."
Sobre a segunda volta das eleições Horta disse contar com "o apoio da maioria dos candidatos e também de muitos moderados da Fretilin". "Não apenas do grupo Fretilin-Mudança, que também estarão comigo."
Outros cinco candidatos deram também a conhecer um protesto contra a forma como foram realizadas as presidenciais, exigindo o congelamento da contagem dos votos. Fernando "Lasama", Francisco Xavier do Amaral, Lúcia Lobato, Avelino Coelho e Manuel Tilman reuniram-se para pedir que a contagem prossiga, publicamente, em Díli, na presença dos oito candidatos e respectivos fiscais e observadores.
Entre as queixas dos subscritores do protesto contam-se "o clima de intimidação e terror criado por cidadadãos adeptos ao partido maioritário em certos distritos, como Viqueque, Baucau e Ermera", e outras alegadas irregularidades, como "o excesso da emissão de boletins de voto", ou "a falta de uma identificação adequada de fiscais e observadores eleitorais destacados pelos candidatos presidenciais para as estações de voto".
Fernando "Lasama", que nas projecções do dia anterior surgia bem colocado para passar à segunda volta, acusou também a CNE de manipular os resultados, com o objectivo de "aniquilar" a sua carreira política. "Surpreenderam-me os meus resultados provisórios, porque o gráfico subiu e depois, de repente, desceu", explicou, decepcionado, o candidato do Partido Democrático.
Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo
Elevada afluência às urnas
Público, 12.04.2007
Observadores europeus apontam irregularidades
A missão de observadores da União Europeia às eleições presidenciais timorenses apontou ontem algumas irregularidades graves em todo o processo, embora tenha salientado o "modo pacífico e sem perturbações" como decorreram as eleições.
"Demonstrando uma vez mais a sua fé na democracia, o povo timorense manifestou a sua vontade em fazer ouvir a sua voz na resolução dos problemas do país. A afluência às urnas foi elevada e os eleitores exerceram o seu direito de forma paciente e pacífica", disseram os observadores da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE). Mas algumas irregularidades foram enumeradas. Entre elas: o facto de o quadro legislativo para as eleições ter sido concluído tardiamente; a ausência de meios para fazer cumprir a lei ao dispor da Comissão Nacional de Eleições; insuficiências no processo de recenseamento; as posições políticas assumidas por detentores de cargos públicos, "desde os chefes de aldeia às mais altas autoridades nacionais. A declaração pública do porta-voz da CNE a favor do candidato Fernando "Lasama" de Araújo constituiu um episódio grave", refere a missão.
Outra prática pouco recomendável detectada pelos observadores europeus foi a promiscuidade entre funcionários e militantes de partido. "Diversos funcionários da administração local, dominada pelo partido no poder, Fretilin, foram vistos numa ou noutra ocasião a apoiar os comícios da Fretilin."
A MOE-UE, que está em Timor-Leste desde 15 de Março, é chefiada por Javier Pomes Ruiz, membro espanhol do Parlamento Europeu, e conta com 34 observadores, de 17 Estados-membros. À MOE-UE juntou-se uma delegação de quatro membros do Parlamento Europeu, chefiada por Ana Gomes.
"Agora quero ser da oposição"
Público, 12.04.2007, Paulo Moura, em Díli
O ainda Presidente Xanana Gusmão assume culpas pela crise do ano passado, embora admita que os "peticionários" têm alguma razão, apelou à criação de uma coligação contra a elite da Fretilin e culpou os timorenses que estiveram em Portugal no 25 de Abril pelas divisões que há no país. Pouco antes de anunciar que as eleições legislativas se realizam a 30 de Junho, Xanana falou ao PÚBLICO.
PÚBLICO - Anunciou a data das legislativas, a 30 de Junho. Isso quer dizer que as presidenciais são um passo que está dado?
XANANA GUSMÃO - Sim. As eleições correram muito bem. Havia preocupação quanto à hipótese de violência, mas o povo mostrou que sabe dignificar a sua pessoa.
Mas houve críticas, acusações de irregularidades, candidatos que não aceitam os resultados
Se não aceitam, provem porquê, nas instâncias próprias. Agora, se não aceitam e vão partir os vidros dos carros todos, isso não pode ser.
Espantou-o que Fernando "Lasama" tivesse tantos votos?
Talvez não. Não acho que seja propriamente a nova geração que tenha de assumir já a chefia do processo. Mas há uma frustração em relação a nós, que governamos.
Foi um protesto contra a classe política?
Sim. Se virmos em quem votaram e onde, percebemos que um dos factores que motivou a votação foi o Major Alfredo. Eu e o primeiro-ministro, Ramos-Horta, demos a cara pela decisão de lançar a operação contra ele.
E houve quem não gostasse.
A prova é que a minha família foi alvejada. A um cunhado meu queimaram-lhe a casa.
Alfredo Reinado simboliza o quê, para essas pessoas?
Para o cidadão, ele representa a rejeição da injustiça.
Com razão?
Com uma parte de razão. Pensam que houve qualquer coisa que os governantes tentaram esconder.
As pessoas têm razão em estar desiludidas com os governantes?
Sim, com nós todos.
Assume a responsabilidade?
Assumo. Já pedi desculpas várias vezes. Também é por isso que me vou embora. Agora quero ser da oposição.
Muitos culpam-no a si pela crise, por causa do discurso que fez aos manifestantes. Se pudesse voltar atrás, teria feito?
Se pudesse voltar atrás, não teria feito o discurso. Mas assumo os meus actos.
Foi um erro?
Devo reconhecer que fui um bocado emocional. Antes de partir para Portugal para assistir à tomada de posse de Cavaco [Silva], disse ao Mari Alkatiri para tentar resolver a questão. Ele prometeu fazer tudo e agradeceu-me a confiança. Quando estava em Portugal, vejo na Internet que ele disse que não podia resolver os problemas porque a petição não tinha sido dirigida a ele. E depois disse que a decisão de demitir os peticionários "nem o Presidente a poderia alterar". Eu pensei: "O quê? Então isto é comigo?" Fiquei um bocado enervado e, quando regressei, fiz o discurso em que utilizei palavras dos peticionários...
E isso provocou uma divisão, e os confrontos, com vários mortos...
Eu reconheço. Mas a minha intenção não foi dividir. Já pedi desculpas.
Houve uma confusão sobre os poderes do Presidente, do Governo, dos chefes militares?
Foi como uma brincadeira para ver quem tinha mais poder.
Rivalidades pessoais?
Não. O problema é que o Governo pensava que só ele manda, pode e decide.
Como deve ser resolvido o problema dos peticionários?
O relatório da Comissão dos Notáveis, para além de todo o paleio acusando-me de provocar a situação, recomendou: "diálogo franco e honesto entre o comando das F-FDTL e os peticionários".
Eles terão alguma razão?
Se não reconhecessem que há alguma coisa, teriam recomendado apenas punir os peticionários.
Qual é o problema? A questão Este-Oeste?
Isso não é importante. Mas eles queixam-se de discriminação.
O que aprendeu com a crise?
Que o Estado não pertence a nenhum indivíduo, mas a todos nós. Nem todos percebem isso.
Refere-se a quem?
Ao partido que está no poder. Em 2003 pedi a Alkatiri para receber, pelo menos duas vezes por ano, os partidos da oposição, os dois bispos. Nada. Eu disse-lhe: "O seu maior erro é pensar que nunca errou, que nunca vai errar. Todos os que não pensam igual a si são inimigos".
É uma questão de personalidade ou de cultura política?
O que eu sei é que, antes do 25 de Abril éramos amigos em Timor. Depois alguém veio de Portugal e disse à Fretilin, de cujo Comité Central eu fazia parte: "Vocês é que são os legítimos representantes do povo. Os outros são traidores".
Isso foi um erro?
Um erro gravíssimo.
Quem definiu essa linha?
Os timorenses universitários que estavam em Portugal. Muitos disseram-me que eram do MRPP. Não sei. Nunca saí de Timor.
As divisões começaram aí?
A partir daí surgiu essa convicção na Fretilin de que eles é que têm os direitos, eles é que são a História.
Agora diz que quer ser oposição. Oposição a quê?
Oposição a este estado de coisas. Oposição à corrupção, à politização da administração, ao nepotismo.
Nas primeiras presidenciais, não queria candidatar-se.
Pois não queria. E se pudesse voltar atrás, não o teria feito.
Mas agora quer. Formou um partido e vai candidatar-se às legislativas. Porquê?
Porque não posso permitir que a Polícia seja partidária, que se alienem as forças...
Candidata-se por obrigação.
Sim. Não é pelo poder.
Não confia nos outros políticos?
Claro. Mas dou-lhes oportunidade. Vamos discutir. Criar um partido.
Já há uma coligação...
Sim, de outros partidos. Mas juntemo-nos todos.
Para acabar com a hegemonia da Fretilin?
Não é a Fretilin. É um grupo que pensa que o Estado lhe pertence.
Esse grupo tem de ser afastado?
Timor é uma criança que cresceu, caiu e está a tentar levantar-se, para ver se cresce. Nunca sonhámos com isto. Andámos nas montanhas, descalços, com fome, não a sonhar com uma independência assim.
Quer assumir o partido do vosso sonho?
Eu nunca teria pensado em formar um partido se não houvesse essa cultura de considerarmos os outros inimigos. Sonhámos uma sociedade onde todos se vissem como amigos. Então hoje eu abraço os generais e amanhã os nossos homens estão a matar-se? E permitimos? Não. A democracia não é isso.
Tem um plano com Ramos-Horta, se for primeiro-ministro e ele Presidente?
Temos. Um plano socioeconómico, para que este povo perceba que a independência é para eles.
Mas o plano é dele ou seu? Horta acha que o Presidente deve ser mais activo. Concorda?
Concordo. Em Timor o Presidente só tem deveres, não tem poderes.
O quê?
Pelo menos as Forças Armadas.
Isso já tem, segundo a Constituição.
É só simbólico. Em questões como o combate à pobreza e outras, de importância nacional.
Sai decepcionado?
Antes da crise teria encontrado um Presidente diplomático. Agora encontrou um cidadão agressivo.
Timor/Eleições:Urnas abertas de madrugada preocupam Fretilin
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, afirmou hoje que o seu partido está preocupado com a abertura de urnas sem a presença de fiscais na Comissão Nacional de Eleições (CNE) na noite de quarta-feira.
«Nós fomos imediatamente alertados e enviámos gente nossa para estar ali», declarou o secretário-geral da Fretilin durante a conferência de imprensa realizada às 11:00 (03:00 em Lisboa).
«Achamos extremamente estranha a atitude de alguns (funcionários) internacionais, na ausência do STAE e dos membros da CNE, andarem por aí a rebiscar os votos que chegaram dos distritos».
O STAE, Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, dependente do Governo, e a CNE são os dois órgãos directamente envolvidos no organização das eleições presidenciais de 09 de Abril e no apuramento dos resultados.
Mari Alkatiri referia-se à existência de urnas abertas na sede da CNE, já depois da meia-noite de quarta-feira.
A Lusa constatou no local, pouco antes da 01:00 de hoje, que havia cinco urnas abertas dentro da sala de escrutínio da CNE, relativas ao distrito de Díli.
Dois observadores e três fiscais eleitorais da Fretilin tentavam obter esclarecimentos directamente junto dos funcionários da CNE que faziam a revisão dos votos.
«Vocês abriram as urnas sem autorização, sem a presença dos comissários», acusou Filomena de Almeida, directora-adjunta da Comissão Nacional de Gestão de Eleições da Fretilin.
«Eles estão a separar boletins de voto para serem vistos amanhã de manhã», respondeu um dos funcionários da CNE.
«Veja, isto não são votos, são actas!», explicou o mesmo funcionário, numa discussão em inglês que foi subindo de tom.
«Não somos estúpidos!», repetia a observadora da Fretilin.
«Não se vão safar desta! Estão a abrir envelopes que só deviam ser abertos amanhã», acrescentou.
«Um comissário esteve aqui quando abriram as urnas», insistiu outro funcionário da CNE.
«Tente compreender, madame: se nós quiséssemos fazer alguma coisa (de errado), não o faríamos com a porta aberta e uma parede de vidro», como a que permite que qualquer pessoa que entre na CNE veja o que está a ser feito na sala de tratamento dos votos, acrescentou.
Contactado hoje de manhã pela Lusa, o presidente da CNE, Faustino Cardoso, insistiu que «não houve nenhuma irregularidade com o processo de tratamento dos votos» que vão chegando dos distritos à sede da Comissão.
Diário Digital / Lusa
12-04-2007 6:35:00
Horta bem posicionado para enfrentar "Lu Olo"
Jornal de Notícias, 12/04/07
Orlando Castro
Francisco "Lu Olo" Guterres , candidato apoiado pela Fretilin, assegurou a passagem à segunda volta das presidenciais em Timor-Leste, dia 9 de Maio, faltando apenas saber se enfrentará Ramos-Horta ou Francisco "Lasama" Araújo, que estão separados por 14 mil votos quando estão contados 357 766 para um universo de 522 933 eleitores, calculando-se que cerca de 150 mil não tenham votado.
Mas a aparente calma em Díli não esconde o clima de tensão política resultante do protesto, por alegadas intimidações no interior do país, apresentado por cinco dos oito candidatos ao presidente Xanana Gusmão, à Comissão Nacional Eleitoral e à ONU, e no qual pedem a suspensão da contagem de votos.
O razoabilidade do protesto é confirmada pelo relatório preliminar da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE-UE), que salienta "lacunas significativas, episódios graves, insuficiências e dúvidas" no processo das eleições presidenciais de segunda-feira. Os observadores europeus afirmam que "diversos funcionários da Administração Local, dominada pelo partido no poder, foram vistos numa ou noutra ocasião a apoiar os comícios da Fretilin".
As críticas do relatório contrastam com as afirmaçõs feitas em Bruxelas pela comissária europeia das Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, que citando o chefe dos observadores da UE, Javier Pomes Ruiz ,diz que as eleições foram "justas e livres".
Também a missão de observadores japoneses considera "livres e justas" as eleições e aplaude as autoridades pela forma como organizaram o escrutínio.
Por sua vez, Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e secretário-geral da Fretilin, considera que as eleições decorreram com normalidade, rejeitando as acusações de manipulação de resultados e considerando "muito infantil" a queixa apresentada por cinco candidatos. "Fomos acusados de que não iríamos aceitar os resultados. Mas o que tivemos foi o porta-voz da CNE a provocar, anunciando apenas os resultados a favor do Ramos-Horta e de Lasama", diz Alkatiri, acrescentando que está optimista quanto à vitória de "Lu Olo"na segunda volta, bem como da Fretilin nas legislativas que terão lugar no próximo dia 30 de Junho.
Correio da Manhã, 2007-04-12 - 00:00:00
Presidenciais em Timor: Legislativas a 30 de Junho
Francisco Lu-Olo na segunda volta
A eleição presidencial timorense deve ser disputada, na segunda volta, entre o líder do Parlamento Francisco Guterres ‘Lu-Olo’, candidato oficial da Fretilin, partido no poder, e o primeiro-ministro, José Ramos-Horta, segundo resultados preliminares divulgados ontem pela Comissão Nacional de Eleições, o que aumenta a incerteza no país, que ainda tenta unir-se após um ano de crise.
Apesar do clima relativamente calmo em que decorreu o acto eleitoral, cinco candidatos pediram a suspensão da contagem dos votos, justificando alegado clima de intimidação em algumas regiões do país.
Segundo os dados provisórios revelados ontem, ‘Lu-Olo’ seguia à frente com 28,79% dos votos, enquanto Ramos-Horta obtinha 22,6% e Fernando ‘Lasama’ de Araújo 18,5%. ‘Lu-Olo’, indicado já como o vencedor desta primeira votação, deverá disputar a segunda volta com Ramos-Horta, ou com ‘Lasama’ uma vez que estes dois últimos candidatos estavam ontem separados por catorze mil votos.
‘Lasama’, refira-se, já denunciou o escrutínio, afirmando que a contagem dos votos está a ser feita de forma a “liquidar” as suas hipóteses de disputar a segunda volta, marcada para dia 9 de Maio. Outros candidatos exigiram mesmo o “congelamento imediato do escrutínio”, denunciando um clima de “intimidação e terror” durante a votação.
O relatório preliminar da Missão de Observação da UE refere “lacunas significativas”, “episódios graves”, “insuficiências” e “dúvidas” no processo eleitoral. Os observadores notaram ainda que “diversos funcionários da administração local, dominada pelo partido no poder, Fretilin, foram vistos a apoiar os comícios do partido”.
Mesmo assim, o chefe da missão da UE, Javier Pomes Ruiz, considerou que as eleições decorreram de um modo “geralmente pacífico e sem perturbação”. “Sou espanhol e posso dizer que há mais violência quando o Real Madrid joga com o Barcelona” – afirmou Pomes Ruiz.
Um analista político da Universidade Nacional de Timor, Júlio Thomas, afirmou, entretanto, que “a perspectiva de violência mesmo que ‘Lu-Olo’ perca as presidenciais é mínima”. O politólogo teme, no entanto, “o regresso ao caos, se a Fretilin perder as eleições legislativas”, marcadas para 30 de Junho.
PRIMEIRO-MINISTRO "VAI DE FÉRIAS"
O primeiro-ministro timorense José Ramos-Horta, um dos oito candidatos à Presidência da República, afirmou ontem que deixará o cargo se não houver “um compromisso sério da Fretilin e dos membros do governo com a governação”. “Entrarei de imediato de férias” após a conclusão das eleições presidenciais, afirmou Ramos-Horta referindo que tomará essa atitude se verificar que não tem condições políticas para governar nos meses que faltam até às eleições legislativas. “Fico no governo desde que haja um compromisso sério para trabalhar afincadamente enquanto governo e não enquanto activistas políticos e partidários”, disse o primeiro-ministro. Se isso não acontecer, José Ramos-Horta disse que terá de “reequacionar tudo”. “Se eu já era um primeiro-ministro sem poder, provavelmente neste período agitado terei menos poder ainda.” José Ramos-Horta explicou que vai pedir “um compromisso claro” de empenhamento à Comissão Política da Fretilin e aos membros do governo escolhidos pelo partido maioritário.
O senhores da FRETILIN tenque protestar ate a ultima gota de sangue, para que combate os que praticam o acto de crime contra a humanidade, principalmente o povo de Timor Leste. Se for posivel recorre o tribunal e nao aceita o resultado desta elicao.
"Agora quero ser da oposição"
Público, 12.04.2007
Paulo Moura, em Díli
O ainda Presidente Xanana Gusmão assume culpas pela crise do ano passado, embora admita que os "peticionários" têm alguma razão, apelou à criação de uma coligação contra a elite da Fretilin e culpou os timorenses que estiveram em Portugal no 25 de Abril pelas divisões que há no país. Pouco antes de anunciar que as eleições legislativas se realizam a 30 de Junho, Xanana falou ao PÚBLICO.
PÚBLICO - Anunciou a data das legislativas, a 30 de Junho. Isso quer dizer que as presidenciais são um passo que está dado?
XANANA GUSMÃO - Sim. As eleições correram muito bem. Havia preocupação quanto à hipótese de violência, mas o povo mostrou que sabe dignificar a sua pessoa.
PÚBLICO - Mas houve críticas, acusações de irregularidades, candidatos que não aceitam os resultados
XANANA GUSMÃO - Se não aceitam, provem porquê, nas instâncias próprias. Agora, se não aceitam e vão partir os vidros dos carros todos, isso não pode ser.
PÚBLICO - Espantou-o que Fernando "Lasama" tivesse tantos votos?
XANANA GUSMÃO - Talvez não. Não acho que seja propriamente a nova geração que tenha de assumir já a chefia do processo. Mas há uma frustração em relação a nós, que governamos.
PÚBLICO - Foi um protesto contra a classe política?
XANANA GUSMÃO - Sim. Se virmos em quem votaram e onde, percebemos que um dos factores que motivou a votação foi o Major Alfredo. Eu e o primeiro-ministro, Ramos-Horta, demos a cara pela decisão de lançar a operação contra ele.
PÚBLICO - E houve quem não gostasse.
XANANA GUSMÃO -A prova é que a minha família foi alvejada. A um cunhado meu queimaram-lhe a casa.
PÚBLICO -Alfredo Reinado simboliza o quê, para essas pessoas?
XANANA GUSMÃO -Para o cidadão, ele representa a rejeição da injustiça.
PÚBLICO - Com razão?
XANANA GUSMÃO - Com uma parte de razão. Pensam que houve qualquer coisa que os governantes tentaram esconder.
PÚBLICO - As pessoas têm razão em estar desiludidas com os governantes?
XANANA GUSMÃO - Sim, com nós todos.
PÚBLICO - Assume a responsabilidade?
XANANA GUSMÃO - Assumo. Já pedi desculpas várias vezes. Também é por isso que me vou embora. Agora quero ser da oposição.
PÚBLICO - Muitos culpam-no a si pela crise, por causa do discurso que fez aos manifestantes. Se pudesse voltar atrás, teria feito?
XANANA GUSMÃO - Se pudesse voltar atrás, não teria feito o discurso. Mas assumo os meus actos.
PÚBLICO - Foi um erro?
XANANA GUSMÃO - Devo reconhecer que fui um bocado emocional. Antes de partir para Portugal para assistir à tomada de posse de Cavaco [Silva], disse ao Mari Alkatiri para tentar resolver a questão. Ele prometeu fazer tudo e agradeceu-me a confiança. Quando estava em Portugal, vejo na Internet que ele disse que não podia resolver os problemas porque a petição não tinha sido dirigida a ele. E depois disse que a decisão de demitir os peticionários "nem o Presidente a poderia alterar". Eu pensei: "O quê? Então isto é comigo?" Fiquei um bocado enervado e, quando regressei, fiz o discurso em que utilizei palavras dos peticionários...
PÚBLICO -E isso provocou uma divisão, e os confrontos, com vários mortos...
XANANA GUSMÃO -Eu reconheço. Mas a minha intenção não foi dividir. Já pedi desculpas.
PÚBLICO - Houve uma confusão sobre os poderes do Presidente, do Governo, dos chefes militares?
XANANA GUSMÃO - Foi como uma brincadeira para ver quem tinha mais poder.
PÚBLICO - Rivalidades pessoais?
XANANA GUSMÃO - Não. O problema é que o Governo pensava que só ele manda, pode e decide.
PÚBLICO - Como deve ser resolvido o problema dos peticionários?
XANANA GUSMÃO - O relatório da Comissão dos Notáveis, para além de todo o paleio acusando-me de provocar a situação, recomendou: "diálogo franco e honesto entre o comando das F-FDTL e os peticionários".
PÚBLICO - Eles terão alguma razão?
XANANA GUSMÃO - Se não reconhecessem que há alguma coisa, teriam recomendado apenas punir os peticionários.
PÚBLICO - Qual é o problema? A questão Este-Oeste?
XANANA GUSMÃO - Isso não é importante. Mas eles queixam-se de discriminação.
PÚBLICO - O que aprendeu com a crise?
XANANA GUSMÃO - Que o Estado não pertence a nenhum indivíduo, mas a todos nós. Nem todos percebem isso.
PÚBLICO - Refere-se a quem?
XANANA GUSMÃO - Ao partido que está no poder. Em 2003 pedi a Alkatiri para receber, pelo menos duas vezes por ano, os partidos da oposição, os dois bispos. Nada. Eu disse-lhe: "O seu maior erro é pensar que nunca errou, que nunca vai errar. Todos os que não pensam igual a si são inimigos".
PÚBLICO - É uma questão de personalidade ou de cultura política?
XANANA GUSMÃO - O que eu sei é que, antes do 25 de Abril éramos amigos em Timor. Depois alguém veio de Portugal e disse à Fretilin, de cujo Comité Central eu fazia parte: "Vocês é que são os legítimos representantes do povo. Os outros são traidores".
PÚBLICO - Isso foi um erro?
XANANA GUSMÃO - Um erro gravíssimo.
PÚBLICO - Quem definiu essa linha?
XANANA GUSMÃO - Os timorenses universitários que estavam em Portugal. Muitos disseram-me que eram do MRPP. Não sei. Nunca saí de Timor.
PÚBLICO - As divisões começaram aí?
XANANA GUSMÃO - A partir daí surgiu essa convicção na Fretilin de que eles é que têm os direitos, eles é que são a História.
PÚBLICO - Agora diz que quer ser oposição. Oposição a quê?
XANANA GUSMÃO - Oposição a este estado de coisas. Oposição à corrupção, à politização da administração, ao nepotismo.
PÚBLICO - Nas primeiras presidenciais, não queria candidatar-se.
XANANA GUSMÃO - Pois não queria. E se pudesse voltar atrás, não o teria feito.
PÚBLICO - Mas agora quer. Formou um partido e vai candidatar-se às legislativas. Porquê?
Porque não posso permitir que a Polícia seja partidária, que se alienem as forças...
PÚBLICO - Candidata-se por obrigação.
XANANA GUSMÃO - Sim. Não é pelo poder.
PÚBLICO - Não confia nos outros políticos?
XANANA GUSMÃO - Claro. Mas dou-lhes oportunidade. Vamos discutir. Criar um partido.
PÚBLICO -Já há uma coligação...
XANANA GUSMÃO -Sim, de outros partidos. Mas juntemo-nos todos.
PÚBLICO - Para acabar com a hegemonia da Fretilin?
XANANA GUSMÃO - Não é a Fretilin. É um grupo que pensa que o Estado lhe pertence.
PÚBLICO - Esse grupo tem de ser afastado?
XANANA GUSMÃO - Timor é uma criança que cresceu, caiu e está a tentar levantar-se, para ver se cresce. Nunca sonhámos com isto. Andámos nas montanhas, descalços, com fome, não a sonhar com uma independência assim.
PÚBLICO - Quer assumir o partido do vosso sonho?
XANANA GUSMÃO - Eu nunca teria pensado em formar um partido se não houvesse essa cultura de considerarmos os outros inimigos. Sonhámos uma sociedade onde todos se vissem como amigos. Então hoje eu abraço os generais e amanhã os nossos homens estão a matar-se? E permitimos? Não. A democracia não é isso.
PÚBLICO - Tem um plano com Ramos-Horta, se for primeiro-ministro e ele Presidente?
XANANA GUSMÃO - Temos. Um plano socioeconómico, para que este povo perceba que a independência é para eles.
PÚBLICO - Mas o plano é dele ou seu? Horta acha que o Presidente deve ser mais activo. Concorda?
XANANA GUSMÃO - Concordo. Em Timor o Presidente só tem deveres, não tem poderes.
PÚBLICO - O quê?
XANANA GUSMÃO - Pelo menos as Forças Armadas.
PÚBLICO - Isso já tem, segundo a Constituição.
XANANA GUSMÃO - É só simbólico. Em questões como o combate à pobreza e outras, de importância nacional.
PÚBLICO - Sai decepcionado?
XANANA GUSMÃO - Antes da crise teria encontrado um Presidente diplomático. Agora encontrou um cidadão agressivo.
Timor-Leste: Ramos-Horta defende nova contagem dos votos
O primeiro-ministro e candidato presidencial José Ramos-Horta defendeu hoje uma nova contagem dos votos das eleições de segunda-feira, mas declarou estar «contente com o resultado».
José Ramos-Horta é o segundo candidato mais votado, com cerca de 22% dos votos, de acordo com os resultados provisórios divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) antes do apuramento nacional, iniciado hoje.
«É normal haver uma nova contagem porque há alegações sérias para investigar», disse o candidato presidencial.
«Todos ficariam tranquilos. Senão, as dúvidas vão ficar muito tempo e não é saudável. Muitas pessoas estão inquietas», acrescentou o primeiro-ministro.
«(Francisco Guterres) Lu Olo pode vencer, mas que vença limpo», afirmou.
«Não serei parte de um grande engano do povo», acrescentou José Ramos-Horta excluindo, contudo, a não aceitação dos resultados eleitorais.
«Prefiro ser mais pragmático e contribuir para a estabilidade. De qualquer maneira, teremos uma segunda volta. Estou pronto», afirmou José Ramos-Horta.
O candidato referiu ainda que «o resultado provisório aponta para um enorme decréscimo de popularidade da Fretilin», precisando que «de quase 60% em 2001, desceu para menos de 30% em 2007».
«É um decréscimo muito perigoso para a Fretilin», acrescentou José Ramos-Horta.
A recuperação do candidato apoiado pela Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", ao longo da divulgação da contagem por distrito, levanta suspeitas a José Ramos-Horta.
«Nem no tempo do milagre das rosas da Rainha Santa Isabel», ironizou o primeiro-ministro.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, respondeu pouco depois a esta declaração numa conferência de imprensa que começou poucos minutos após o encontro com os jornalistas do seu sucessor no cargo.
«Perguntem ao senhor padre Martinho Gusmão por que é que as informações não foram dadas como deviam ter sido desde o início», disse Mari Alkatiri aludindo ao porta-voz da CNE. «Não é a nós. O milagre é do padre. Hoje em dia eles também já fazem milagres», ironizou Mari Alkatiri.
José Ramos-Horta recordou as «muitas críticas ao processo eleitoral» e reiterou a sua convicção de que deviam ser as Nações Unidas a organizar, como até aqui, as eleições presidenciais e legislativas.
As eleições de 09 de Abril foram as primeiras organizadas por Timor-Leste, com o apoio da comunidade internacional.
Diário Digital / Lusa
12-04-2007 11:05:19
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=271213
Eleições presidenciais em Timor-Leste
Ramos-Horta também defende recontagem dos votos
12.04.2007 - 10h28 PUBLICO.PT
O actual primeiro-ministro timorense e candidato às presidenciais do país, José Ramos-Horta, também defende a recontagem dos votos nas eleições presidenciais de segunda-feira, depois de outros cinco candidatos terem levantado suspeitas sobre a forma como o processo está a decorrer.
"Só para tirar dúvidas. Se a recontagem confirmar, tanto melhor, todos ficam mais tranquilos. Se não houver uma recontagem imediata, as dúvidas vão persistir", avançou o candidato, que hoje prestou declarações à Rádio Renascença e à Antena 1.
Ramos-Horta voltou a acusar a Fretilin de ter intimidado os seus apoiantes durante a campanha eleitoral.
"Houve intimidação, sim. Os meus elementos foram as maiores vítimas, em número, logo no início da campanha, por elementos da Fretilin. Portanto, eu sei que houve", disse.
O candidato denunciou ainda que foram descobertas oito novas urnas. "Terão descoberto oito urnas, ontem à noite, que não tinham sido abertas. Ou por malandragem ou, devido a um pouco de confusão, ficaram num canto e não foram contados", disse.
Ramos-Horta estranha que Francisco Lu-Olo tenha subido tanto na votação em poucas horas: "De repente, um candidato, Francisco Lu-Olo Guterres, de umas horas para outras, conseguiu descobrir mais 20 mil ou 30 mil votos. De onde é que isso veio? Milagre das rosas, como a história de D. Dinis e da rainha Isabel? Estamos em Abril. Abril não é época das rosas".
Apesar destas críticas, Ramos-Horta referiu que, seja qual for o resultado das eleições, não irá contestá-lo.
Durante a noite, dezenas de pessoas participaram numa vigília para pedir paz no país.
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1290953&idCanal=18
Transcrição por não estar on-line:
Timor-Leste 2007-04-12 00:05
Diário Económico, 12/04/07
Joana Moura
Ramos Horta e “Lu Olo” disputam segunda volta das presidenciais
Observadores da UE exigem a divulgação da participação na primeira volta das presidenciais.
As eleições presidenciais em Timor vão ser disputadas numa segunda volta, a 9 de Maio, entre Francisco Guterres, “Lu Olo” como é conhecido o candidato da Fretilin, e José Ramos Horta. De acordo com os dados provisórios que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou ontem, o líder da Fretilin venceu a primeira volta, com quase 29% das preferências dos timorenses, enquanto o actual primeiro-ministro, Ramos-Horta ficou pelos 23%. O candidato do principal partido da oposição, “Lu Olo”, assegurou a sua presença na segunda volta, ao ultrapassar os 100 mil votos.
Os números da última contagem foram divulgados pelo porta-voz da CNE, padre Martinho Gusmão, e os resultados apontam para mais de 357 mil votos válidos, num universo de cerca de 600 mil eleitores recenseados.
A CNE não revelou, no entanto, a taxa de participação no escrutínio, o que os observadores internacionais já vieram reclamar.
Um observador da União Europeia, Javier Pomes Ruiz, comentou que é urgente que a CNE divulgue quantas o número de pessoas que votaram. Isto porque “existe uma margem de quase 200 mil votos – entre os votos válidos e o número de recenseados – que pode constituir a margem de manipulação”, segundo o observador. Pomes garantiu, no entanto, que a missão internacional “está a tentar saber qual é o total de votos brancos, de votos protestados, de votos anulados e da abstenção”.
Nos resultados provisórios da CNE, Fernando “Lasama” de Araújo ficou em terceiro lugar, com 18,5% dos votos, enquanto João Carrascalão, líder da União Democrática Timorense, obteve a votação mais baixa entre os oito candidatos.
Apesar dos observadores internacionais terem garantido que as eleições ocorreram num ambiente pacífico, cinco candidatos pediram a recontagem dos votos, alegando irregularidades, e disseram que de contrário, não aceitam o resultado.
Ainda ontem, o actual presidente timorense, Xanana Gusmão, marcou as próximas legislativas para o próximo dia 30 de Junho, um mês e meio depois das presidenciais.
Comissão eleitoral rejeita recontagem em Timor Leste
Quinta-feira 12 de Abril, 2007 10:59 GMT
Por Ahmad Pathoni
DILI (Reuters) - A comissão eleitoral de Timor Leste rejeitou na quinta-feira os pedidos de recontagem dos votos para presidente do país, onde deve ocorrer um segundo turno entre o primeiro-ministro José Ramos-Horta e o candidato do partido majoritário Fretilin, Francisco Guterres, o Lu-Olo.
A votação de segunda-feira em geral foi tranquila, mas os resquícios da disputa eleitoral e as acusações de irregularidades ameaçam abalar a já precária estabilidade da ex-colônia portuguesa, ainda muito dividida cinco anos depois de sua independência.
Durante a noite, dezenas de pessoas fizeram uma vigília com velas perto de uma estátua da Virgem Maria em Dili, rezando pela paz.
Martinho Gusmão, porta-voz da comissão eleitoral, disse que a comissão ofereceu uma reunião com os candidatos para discutir as supostas irregularidades, mas que não haveria recontagem nem uma mudança significativa dos resultados.
"Se houver mudança, não será drástica. Nenhum candidato vai conseguir mais de 30 por cento", afirmou, confirmando que o Nobel da Paz Ramos-Horta e o ex-guerrilheiro Lu-Olo devem se enfrentar no segundo turno de 8 de maio.
Em entrevista coletiva posterior, Gusmão disse que todas as reclamações serão levadas à Justiça. "Se a corte decidir que temos de fazer uma recontagem, faremos."
Os resultados preliminares apontam vantagem de Lu-Olo, cuja Fretilin é mais organizada e tem mais apoio nas áreas rurais, com 29 por cento. Ramos-Horta, sem partido, tem 23 por cento. Ambos foram figuras de destaque na luta contra os 24 anos de ocupação indonésia em Timor Leste.
A comissão eleitoral disse que ainda há disputas sobre a validade de 30 por cento dos votos. "Devemos entender que não estamos bem preparados para esta eleição e que as coisas são um pouco caóticas", admitiu Gusmão.
Cinco candidatos pediram recontagem na quarta-feira, alegando irregularidades disseminadas, e Ramos-Horta também viu problemas na votação. "Acho que deveria haver uma outra contagem, porque há acusações sérias", afirmou o candidato a jornalistas.
Mas ele salientou que, mesmo sem recontagem, aceitará os resultados, para contribuir com a estabilidade. Ele acusou policiais de alguns distritos de agirem como partidários da Fretilin.
Ramos-Horta disse também que recebeu dos observadores da ONU o relato de que cerca de 150 mil timorenses não votaram, seja por falta de seções suficientes ou por causa do mau tempo.
Na quarta-feira, o chefe dos observadores da União Européia, Javier Pomes Ruiz, disse que a votação em geral foi tranquila, com comparecimento elevado do eleitorado.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, disse ter havido "uma bem montada campanha contra a Fretilin", que ele atribuiu a Ramos-Horta e ao atual presidente Xanana Gusmão.
"Essa campanha inclui desinformação, abuso de poder e intimidação", disse o ex-premiê Alkatiri, destituído no ano passado devido ao caos que tomou conta de Timor em maio de 2006, por causa da demissão de 600 soldados amotinados no oeste do país -- tropas estrangeiras tiveram de ser chamadas para restituir a ordem.
© Reuters 2007. All Rights Reserved.
http://br.today.reuters.com/news/newsArticle.aspx?type=worldNews&storyID=2007-04-12T135934Z_01_B512444_RTRIDST_0_MUNDO-TIMOR-COMISSAO-RECONTAGEM-POL.XML&archived=False
Ramos-Horta quer recontagem de votos
Ramos-Horta pediu uma recontagem dos votos das eleições presidenciais, juntando-se a outros candidatos que já o solicitaram. Entretanto, a Fretilin mostrou-se preocupada com a abertura das urnas sem a presença de responsáveis das eleições.
( TSF, 11:14 / 12 de Abril 07 )
O primeiro-ministro de Timor-Leste solicitou, esta quinta-feira, um «novo cálculo» dos votos da primeira volta das eleições presidenciais naquele país, bem como um inquérito sobre as razões que levaram 30 por cento dos eleitores a não votar.
«Parece que pelo menos 30 por cento dos eleitores não votaram (...) Foram intimidados ou simplesmente não se deslocaram» às urnas, questionou Ramos-Horta, acrescentando que vai solicitar uma explicação, junto das Nações Unidas, para esta fraca participação dos eleitores.
O também candidato às eleições presidenciais, que suspendeu o seu mandato de chefe do Governo para concorrer, anunciou ainda que «várias urnas encontradas» quarta-feira à noite, provenientes de Dili, «não foram objecto de contagem».
Entretanto, o secretário-geral da Fretilin, afirmou que o seu partido está preocupado com esta abertura de urnas sem a presença de fiscais na Comissão Nacional de Eleições (CNE).
«Achamos extremamente estranha a atitude de alguns (funcionários) internacionais, na ausência do STAE e dos membros da CNE, andarem por aí a rabiscar os votos que chegaram dos distritos», afirmou Mari Alkatiri.
Cinco dos oito candidatos solicitaram, quarta-feira, um novo cálculo, denunciando «um clima de intimidação e terror» durante a votação.
Estes candidatos acusaram também «membros do governo» de interferir na votação e afirmam que o número de sufrágios recolhidos não corresponde ao número de eleitores inscritos.
A Comissão Nacional de Eleições já tinha feito saber que, esta quinta-feira, vai reunir-se para discutir estas solicitações de recontagem dos votos.
Após a contagem dos votos das eleições de segunda-feira, haverá uma segunda volta a 8 de Maio.
http://tsf.sapo.pt/online/internacional/interior.asp?id_artigo=TSF179416
Então, Malaia? Com perguicite aguda? Vamos lá a trabahar e informar porque estamos todos sem pulgas...
À espera de arroz e de uma casa no Jardim de Pelabahar
Público, 13.04.2007,
Paulo Moura, em Díli
Em Díli, 25 mil pessoas foram expulsas de suas casas durante a crise de 2006 e vivem em campos de deslocados. Comem arroz, quando há, e são um foco de instabilidade e violência
Leopoldo é rico. Querubim é pobre. "Gostava de ser barbeiro", sonha Querubim. Querubim Miranda, de 25 anos, casado com Ajina, zarolha de nascimento. "Na nossa casa temos tudo": sala, cozinha, dois quartos, despensa. Ajina sorri, um olho para cada lado. Parece estar contente. Querubim tem um defeito na fala, mas fala várias línguas. Ajina está grávida. "Este é o nosso quarto": um buraco no meio dos panos. Toda a casa é de plásticos e lonas. Nem sequer é uma tenda. Ao todo, uns 10 metros quadrados. "Neste quarto dorme o meu irmão e a minha irmã, que é esta": Akela, cor de poeira, cabelo de luz. Tem cinco anos e cara de mulher madura e linda. Como pode ser irmã de Querubim? A sala tem um caixote no chão. Uns tachos a um canto. Uma fogueira com o arroz a cozer, na rua. À porta, Querubim Miranda colocou um grande cartaz de madeira a dizer: "Dame". Paz, em tétum.
Nem ele nem Ajina trabalham. Um dia será barbeiro. Agora não há empregos em Díli. Resta esperar. Comer o arroz que o Programa Alimentar Mundial traz regularmente. Não todos os dias. Daqui a dois meses vai nascer o bebé. Querubim Miranda sempre foi pobre.
Leopoldo Pinto é o homem mais rico do Jardim de Pelabahar. Tem três mikroletes (os pequenos autocarros de Díli) e um táxi. Todos parados. Antes de ser empresário já era um homem importante. Um homem que soube gerir uma carreira. Foi militar do Exército Português desde 1972. Em 1975 entrou para a Fretilin, para combater na guerra civil, contra a UDT. Em 1979 foi apanhado nas dissidências internas da Resistência e foi para a Indonésia. Em 1990 voltou a trabalhar para a Resistência, na clandestinidade. Em 1999 foi coordenador dos observadores nacionais ao referendo da independência. Depois trabalhou com o Presidente Xanana Gusmão, como subchefe do secretariado de Segurança do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT). Daí aos negócios foi um passo. Comprou as mikroletes e o táxi. Aos 50 anos, era um cidadão próspero e bem relacionado na mais jovem nação do mundo.
"Ela está a estudar Economia e fala muito bem inglês": Josefa dos Santos, de 22 anos, filha de Leopoldo. Está a cozinhar, na grande casa da família, no Jardim de Pelabahar. Além de Leopoldo e a mulher, vivem aqui Josefa e os seus seis irmãos, mais seis sobrinhos. Quartos para todos, em redor da sala, com televisão, e kitchenette a um canto. Tudo de lonas e plásticos, uma tábua a fazer de mesa, uma fogueira para cozinhar. Está uma panela ao lume. Com quê? Josefa não quer dizer. "É muito tímida": Leopoldo tem orgulho na filha. Estuda Economia e fala inglês. A casa é uma espécie de compound, com passagens e corredores, plásticos e estacas. "Todos os meus filhos estudam. Uns na escola, outros na universidade": mas Josefa, vestido justo, olhar directo e frio, é a alegria do seu pai. "É muito tímida": é arroz o que está a cozinhar? Nada. Só quando Leopoldo, por momentos, se afasta para um dos aposentos de plásticos e tábuas, Josefa dos Santos, que estuda Economia e fala inglês, dá um passo brusco em frente, de mão estendida, e dispara: "Money!"
Leopoldo Pinto e Querubim Miranda vieram para o Jardim de Pelabahar na mesma altura, em Abril do ano passado, tal como todas as 3700 pessoas deste campo de deslocados. Viviam em Fatumata, na zona do Bairro Pité, em Díli. Leopoldo há 20 anos, Querubim há 10. "De repente, os nossos vizinhos, pessoas com quem trabalhávamos, com quem comíamos, ameaçaram--nos de morte, se não saíssemos dali. Disseram que nós éramos Loromono, que tínhamos de partir": Leopoldo acha que a crise foi forjada por alguém do Governo, com o propósito de roubar. Ele e todos os actuais vizinhos são oriundos da região de Baucau, na Zona Leste do país. Até então, isso nunca foi problema para ninguém. Depois da crise dos "peticionários", tornou-se estigma.
"Elementos da Polícia Militar, amigos do major Alfredo (Reinado), vieram a minha casa, com armas automáticas, para matar toda a família. Dois sobrinhos meus morreram. Tivemos de fugir. Dias depois, soube que a minha casa foi incendiada": entre 100 mil e 150 mil pessoas foram obrigadas a abandonar os seus bairros, segundo a UNMIT (25 mil, em Díli). Aproveitando a teoria do conflito entre Este e Oeste do país, surgida durante a crise dos "peticionários", muita gente matou, roubou, ocupou casas e terrenos. As mikroletes e o táxi ficaram em Fatumata. "Só nos resta esperar, aqui, até que as comissões descubram os culpados e os prendam": em cima da televisão, Leopoldo tem um calendário.
"Agora não podemos regressar ao nosso bairro": Querubim fica nervoso e ainda mais quando fala disto. "Andam lá grupos de civis armados, com metralhadoras. Dizem que Loromonos não voltam mais". Uma vizinha entra na tenda, com um bebé ao colo. É Yayu, mulher do irmão de Querubim. Yayu é indonésia. Ajina olha para ela e para Querubim ao mesmo tempo, mas só sorri para Querubim. "Foi o arroz. Assaltaram o camião do arroz": Yayu tem cara de mulher e corpo de criança. "Quem foi? Onde está o meu irmão?": Querubim fala em bahasa indonésio, para que a cunhada possa dizer a verdade. "Não sei": um grupo de homens tentou assaltar o camião de arroz do WFP, e Yayu desconfia que o marido é um deles.
Ouvem-se dois tiros. Os deslocados desatam a fugir. Esvazia-se num ápice o mercado onde grupos de rapazes rondam, sem poderem comprar, os pacotes de bolachas, os chocolates e os cigarros expostos nas bancas de madeira. Correm as mulheres que lavavam roupa junto à fonte do jardim. Desaparecem todos os ociosos que enchem as ruas e avenidas entre as tendas dos IDP (Internal Displaced People). Instala-se a confusão em frente às casas de banho públicas onde não há água, junto ao monumento à Senhora de Fátima, em volta da cova onde se despeja o lixo.
"Foram os F-FDTL (os militares timorenses). Dispararam tiros para o ar. Dizem que somos ladrões": dois polícias do Bangladesh ouvem a queixa de Alaka, um dos habitantes do campo. Não entram no emaranhado de trapos e lama. "Onde estão os ladrões?": Leopoldo Pinto, o rico, já vem a caminho, para lhes responder, Querubim Miranda, o pobre, para traduzir. "Aqui não há ladrões. Aqui só há fome".
Ramos-Horta e Alkatiritrocam fortes acusações
Jornal de Notícias, 13/04/07
Orlando Castro
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste rejeitou os pedidos de recontagem dos votos das eleições presidenciais de segunda-feira, tal como foi proposto por Ramos-Horta, o segundo candidato mais votado - de acordo com dados ainda provisórios - e que irá disputar no próximo dia 9 a segunda volta com Francisco "Lu Olo" Guterres, concorrente apoiado pela Fretilin.
"É normal haver uma nova contagem porque há alegações sérias para investigar", argumenta Ramos-Horta, acrescentando que se recusa a fazer parte "de um grande engano do povo". Depois de referir que não põe em causa a vitória de "Lu Olo", embora "estranhe a forma como repentinamente" o seu adversário apareceu com uma volumosa votação ("nem no tempo do milagre das rosas da rainha Santa Isabel"), Ramos-Horta mantém "intactas as esperanças de ser o futuro presidente", até porque a "Fretilin sofreu um enorme decréscimo de popularidade, descendo de 60% em 2001 para 30% em 2007".
"Perguntem ao padre Martinho Gusmão (porta-voz da CNE) por que é que as informações não foram dadas como deviam ter sido desde o início", respondeu Mari Alkatiri, dizendo que Ramos-Horta deveria questionar o milagre junto de Martinho Gusmão.
"O milagre é do padre. Hoje em dia eles também já fazem milagres", ironizou Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e secretário-geral da Fretilin.
Alkatiri acusou também Ramos-Horta e o próprio Xanana Gusmão de "terem montado uma campanha contra a Fretilin, que incluiu desinformação, abuso de poder e intimidação".
Apesar de algumas divergências dos observadores internacionais quanto ao processo eleitoral, parece que a votação correu com normalidade, como ainda ontem afirmou a equipa brasileira que acompanhou as eleições. Isso não invalida que os resquícios da disputa e as acusações de irregularidades possam ameaçar a já precária estabilidade do país.
Martinho Gusmão admite a existência de algumas irregularidades, mas acrescenta que todas somadas não vão alterar a posição entre os candidatos, "até porque nenhum vai conseguir mais de 30%".
A Presidência da União Europeia felicitou ontem o povo timorense pela participação nas eleições , exortando as forças políticas a aceitar os resultados definitivos que, segundo a CNE, serão divulgados depois de amanhã.
A UE manifesta ainda o seu apreço pelo trabalho das autoridades timorenses, que pela primeira vez organizaram uma eleição, "de uma forma tranquila e eficiente, apesar do terreno e logísticas difíceis".
http://jn.sapo.pt/2007/04/13/mundo/ramoshorta_e_alkatiritrocam_fortes_a.html
Correio da Manhã, 2007-04-13 - 00:00:00
Por Carlos Meneses
Timor-Leste: Eleições presidenciais
Horta pede investigação
O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, um dos dois candidatos que aspira disputar a segunda volta das eleições presidenciais, exigiu ontem uma nova contagem dos votos e pediu à ONU que explique as razões pelas quais 150 mil pessoas não compareceram às urnas. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) rejeitou já os pedidos de recontagem dos votos. “Nada está escrito na lei a dizer que a CNE possa fazer uma recontagem”, afirmou o seu presidente, Faustino Gomes, salientando que “apenas o Tribunal de Recurso o pode ordenar”.
“Peço à ONU que investigue porque é que 30% dos eleitores não votou nas eleições e exijo uma nova contagem”, disse Ramos-Horta, expressando também o seu descontentamento pela dimensão dessa percentagem, que abrange mais de 150 mil pessoas entre as 520 mil escrutinadas para votar.
Entretanto, a Fretilin mostrou-se também preocupada com a abertura das urnas sem a presença de responsáveis das eleições. “Achamos extremamente estranha a atitude de alguns funcionários internacionais, na ausência do STAE e dos membros da CNE, andarem por aí a rabiscar os votos que chegaram dos distritos”, afirmou o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri. O presidente da CNE, Faustino Cardoso, garantiu que “não houve nenhuma irregularidade com o processo de tratamento dos votos” que vão chegando dos distritos à sede da CNE.
Milagre das rosas
A recuperação do candidato apoiado pela Fretilin, Francisco Guterres ‘Lu-Olo’, ao longo da divulgação da contagem por distrito, levanta suspeitas a Ramos-Horta. “Nem no tempo do milagre das rosas da Rainha Santa Isabel”, ironizou o primeiro-ministro. Alkatiri respondeu pouco depois a esta declaração. “Perguntem ao senhor padre Martinho Gusmão porque é que as informações não foram dadas como deviam ter sido desde o início”, afirmou Alkatiri aludindo ao porta-voz da CNE. “Não é a nós. O milagre é do padre. Hoje em dia eles também já fazem milagres”, ironizou Mari Alkatiri. Quatro dias volvidos desde as presidenciais, persistem de facto dúvidas no que se refere aos resultados da votação. Segundo a última contagem divulgada pelos órgãos eleitorais, ‘Lu-Olo’ obteve 28,79% de votos e Ramos-Horta 21,62%. A votação de segunda-feira foi em geral tranquila, mas os resquícios da disputa eleitoral e as acusações de irregularidades ameaçam abalar a já precária estabilidade do país, ainda dividido cinco anos depois da independência. Ontem à noite, dezenas de pessoas fizeram uma vigília com velas perto de uma estátua da Virgem Maria em Díli, rezando pela paz.
“SENTIDO DEMOCRÁTICO"
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, defendeu a importância de os candidatos escolhidos para disputar a segunda volta das eleições presidenciais timorenses manterem “sentido democrático” e “maturidade política” até ao final do processo eleitoral. Para Luís Amado, sobre eles recai a “responsabilidade histórica” de “dar estabilidade ao novo Estado de Timor-Leste” e de concluir com sucesso o processo de independência de que foram protagonistas. Amado saudou a forma como decorreu o processo eleitoral.
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=238267&idselect=91&idCanal=91&p=200
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