domingo, novembro 26, 2006

De um leitor

Comentário no post "Ameaça de morte contra estrangeiros":

Sou timorense, vivo em Timor e falo todos os dias com gente do povo.

Sei quem sao os timorenses interessados em viver em ambiente de paz, mas nao consigo deslumbrar quem sao os grandes sehores que, silenciosamente, vao distribuindo dolares aos desordeiros, aos ladroes e aos assassinos, para urgirem a paz quando estao visiveis e praticarem os maldosos actos encomendados por quem lhes paga, quando a noite cai e a escuridao das ruas os protegem.

Portanto, nao sei nem vislumbro quem sao, mas desconfio. Conheco Dili e as suas gentes tao bem como as minhas maos, mas apenas desconfio. Penso, por isso, que os senhores da ONU, que mal conhecem Timor e os timorenses, no maximo, tambem apenas desconfiam que todos os estrangeiros correm perigo de vida porque o destino quiz que um homem bom do Brasil caisse nas maos assassinas desses bandidos pagos por gente de boa aparencia mas maldosa ate aos intestinos. Desconfiam, mas nao sabem. Eu tambem desconfio, mas nada mais que isso. La por desconfiar nao vou alarmar o mundo sobre o risco que correm todos quantos vieram dar a mao aos timorenses.

Nao vejo, sinceramente, como eh que eh possivel, uma instituicao com a experiencia e a credibilidade da ONU, pode, tao levianamente, tirar conclusoes dessa natureza. Tambem acho que eh elaborar num erro enorme quando se diz que os timorenses estao cada vez mais revoltados contra os australianos. Alguns deles tambem teem sido vitimas de ataques desses vandalos e assassinos a soldo de interesses politicos e economicos, mas isso nao quer dizer que se pode concluir, tambem levianamente, que os timorenses nao gostam dos australianos.

Sera que, quando a vitima dos assassinos eh um timorense, vamos poder concluir que eles estao revoltados contra os timorenses? Os assassinos nao escolhem as suas vitimas, isso sim, seja ele brasileiro, australiano etc ou mesmo timorense. Para bem de Timor, rogo-vos para nao transformem um mosquito num elefante.

Bem haja

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4 comentários:

Anónimo disse...

Precisamente a experiência que os Timorenses têm da ONU é que ela os deixou descalços em determinadas circunstâncias. Nem vale a pena lembrar 1999, todos se lembram que em Maio deste ano teve exactamente o mesmo comportamento. Os Timorenses têm de interiorizar que em primeiro lugar têm de contar com eles próprios para resolver os seus problemas-

Anónimo disse...

A ONU tem destas coisas!... Parece uma donzela assustada mal ouve o primeiro barulho. Nem sabe que "por morrer uma andorinha não acaba a primavera"!... E trata logo de "ser mais paista que o Papa" e de "confundir a árvore com a floresta". E depois faz m..., como o despropositado e exagerado aviso para que todos os estrangeiros "ponham as barbas de molho".
Até parece que não sabem que em Timor Leste a mentira e o boato são uma arma.

Anónimo disse...

Era importante que, com o aproximar do calendário eleitoral se começasse a ver fazer política a quem a deve fazer:os partidos políticos.
Na prática até agora quem se tem visto a chefiar a oposição é o Presidente Xanana(algo incompreensvelmente, pois o seu papel seria o de apoiar institucional ao Governo) e a Igreja Católica (que apesar de tudo tem andado mais calada e que se espera que atente nas palavras do papa Bento XVI: a fé é racional e agir irracionalmente é afastarmo-nos de Deus - que foi o que se passou com alguns padres que entraram em histeria em Abril e Maio...).
Era importante que os líderes largassem os discursos inflamados mas inócuos, emocionais e nada racionais e discutissem o que é de facto importante: as estratégias para o desenvolvimento de Timor Leste.
O dinheiro está aí a começar a chegar(e isso até tem parecido um mal, pois a cobiça parece ter tomado conta de algumas cabeças que só falam e pensam nos balúrdios do pretróleo..) e é importante que se pense e diga e se assuma o compromisso com o povo do que é que se vai fazer com ele.
Na saúde: a estratégia do governo tem sido certa: a formação de timorenses médicos em Cuba, o ter trazido médicos Cubanos para Timor Leste, a construção da maternidade, e de centros de saúde.
Ao nível da educação a estratégia também tem sido segura: formação de professores, de escolas, a criação da rede de refeições escolares...
Mais propostas: ao nível das infra-estruturas, e inevitavelmente da segurança e da defesa e do emprego...
Discutir ideias e estratégias e não pessoas isso é que era importante...
O maior desafio que se vai pôr ao proximo governo vai continuar a ser a da boa governação (para que os recursos que aí vêm não sejam desperdiçados...).

Anónimo disse...

"Os assassinos nao escolhem as suas vitimas, isso sim, seja ele brasileiro, australiano etc ou mesmo timorense."

Aqui está uma grande verdade. Infelizmente, a violência gratuita contenta-se com qualquer nacionalidade, raça ou etnia. A ONU devia ter ficado "alarmada" quando morreu o primeiro timorense, não quando morreu o primeiro estrangeiro.

Pela lógica da ONU, os portugueses residentes no Brasil teriam que abandonar o País, porque recentemente foram lá assassinados dois cidadãos portugueses.

Se os timorenses quisessem matar australianos, já teriam matado umas boas centenas. Essa ideia-feita lançada pela imprensa murdochiana e espalhada por certos jornais portugueses visa transformar o agressor em vítima, esquecendo as dezenas de timorenses que já pereceram sem que a "task force" do Sr. Howard tenha feito alguma coisa para evitar isso. Que o digam as famílias dos desbraçados que foram mortos recentemente em Maubisse.

Com isso, sim, é que que a ONU se devia preocupar, principalmente a camarilha OZ-UK-USA que inviabilizou uma força de paz das Nações Unidas.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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