domingo, novembro 26, 2006

Alkatiri Attacks Australian Interference In Timor

AIM (Moçambique) - Friday 24/11/2006

Maputo, 24 Nov (AIM) - The former prime minister of East Timor, Mari Alkatiri, on a private visit to Mozambique, has accused the Australian government of interference in Timorese internal affairs.

Despite the fact that he leads the Timorese liberation movement Fretilin (Revolutionary Front for an Independent East Timor), which remains the country's largest and most popular political party, Alkatiri was forced to resign earlier this year in what has been described as "a constitutional coup d'etat".

The immediate cause of the violence that wracked East Timor in late May was a mutiny by Timorese troops who had been sacked from the armed forces and were led by a man who had played no role in the struggle against Indonesian occupation, but spent the years of war in comfortable exile in Australia.

The violence was used as an excuse to destabilise the Timorese government and remove Alkatiri, bitterly disliked in the Australian establishment because of his tough (and successful) negotiating stance over the oil reserves under the Timor Sea.

Alkatiri lived in exile in Maputo for many years, and has returned to see old friends. In an interview published in Friday's issue of the independent weekly "Savana", Alkatiri stressed his belief that there had been an Australian hand in forcing his resignation.

Over the previous year and a half, he noted, the Australian media "launched a deliberate campaign to denigrate the image of the Timorese government and of Fretilin in general, and my image in particular".

At the height of the May/June crisis, Australia's right-wing prime minister John Howard, Alkatiri added, "was the only political leader who declared that he wanted me to resign, in a clear act of interference in the internal affairs of Timor".

Clearly the oil negotiations were a weighty factor behind this. "The negotiations were tough", said Alkatiri, "and I strongly defended Timorese interests. In one block, we got rights to 90 per cent, when initially we had only been allocated 50 per cent, and in another we got 50 per cent instead of the initial offer of 18 per cent".

Asked about the role of the Catholic Church, the religion followed by most Timorese, Alkatiri replied "I don't much like to talk about the church as an institution, but it's a fact that part of the hierarchy was militantly opposed to the government".

"I have no doubts in stating that the Catholic Church played the role of an opposition, organising demonstrations for two or three weeks", he added.

A complicating factor is that Alkatiri himself is not a christian, but comes from a moslem family. "I admit that the fact that I'm a moslem, in an overwhelmingly catholic country, may be difficult for some catholic sectors to accept", he said.

As for the trumped-up charges that Alkatiri had distributed guns to civilians, the UN's commission of inquiry had found no proof, but nonetheless recommended continued investigation.

Alkatiri was not surprised, and regarded this as a way to save the face of those Timorese politicians, notably President Xanana Gusmao, who had forced his resignation. "The way the UN report was presented shows clearly they don't want to affectthose in power", he said. For if the UN had clearly stated there was no basis for the accusations against him, "then what would the position of the President have looked like, since he asked for my resignation precisely because of those charges ?"

Alkatiri dismissed rumours that he had come to Mozambique to escape Timorese justice. He had told the Attorney-General in advance of his travel plans, and he had given him his contact numbers.

Furthermore, Alkatiri remains in regular contact with the man who replaced him as Prime Minister, Jose Ramos-Horta. "In Timor, we meet once a week", he said. "When I'm abroad, we speak regularly on the phone".

Fretilin had given Ramos-Horta's government its backing. Ramos-Horta had inherited the Alkatiri government's ambitious plans, but Alkatiri thought he had been "unable to define clearly the difficulties and tackle them frontally".

In particular, Ramos-Horta had not re-established law and order, and the authority of the state, or solved the problems of those displaced in the May-June fighting. "That should have been a priority, and it wasn't", said Alkatiri.

He was sharply critical of Gusmao. Although he did not believe the President was initially involved in the plans to topple the Alkatiri government, he came on board later, and showed "the unjustifiable hatred he has for Fretilin".

Alkatiri admitted the key role that Gusmao played in the resistance to Indonesian occupation, following the death of Fretilin's first leader, Nicolau Lobato. Gusmao introduced a new style of leadership, very much centred on his own person - and in the dark years of the 1980s, Alkatiri admitted, this worked and the resistance survived. Gusmao was the de facto leader of Fretilin, even when he formally separated himself from the party.

But when independence came, the situation was radically changed. Fretilin reorganised, and Gusmao was outside of the party structures.

"President Xanana's great problem is that he has lost the leadership of Fretilin", said Alkatiri. "You can't try to lead a party if you are outside of it. Only those who are prepared to subordinate themselves to Fretilin structures can lead Fretilin. What the President wants is, at the least, irrational. That was where our quarrels began".

Alkatiri said he did not want to be Fretilin's candidate for prime minister at the next elections. Instead, he would prefer to work to build up the party.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Alkatiri ataca a interferência Australiana em Timor
AIM (Moçambique) – Sexta-feira 24/11/2006

Maputo, 24 Nov (AIM) – O antigo primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, numa visita privada a Moçambique, acusou o governo Australiano de interferência nos assuntos internos Timorenses.

Apesar do facto de liderar a Fretilin, que permanece o maior e o mais popular partido político, Alkatiri foi forçado a resignar há algum tempo, este ano no que foi descrito como um “golpe de Estado constitucional ".

A causa imediata da violência que arruinou Timor-Leste no fim do Maio foi um motim por tropas Timorenses que tinham sido despedidas das forças armadas e que foi liderado por um homem que não teve qualquer papel na luta contra a ocupação Indonésia, mas que passou os anos da guerra em confortável exílio na Austrália.

A violência foi usada como uma desculpa para desestabilizar o governo Timorense e destituir Alkatiri, bastante detestado na elite governante Australiana por causa da dura (e com sucesso) postura negociadora sobre as reservas de petróleo sob o mar de Timor.

Alkatiri viveu muitos anos no exílio em Maputo e regressou para ver velhos amigos. Numa entrevista publicada na edição de Sexta-feira do seu semanário independente "Savana", Alkatiri sublinhou que houve uma mão Australiana no forçar da sua resignação.

Apontou que durante o ano e meio anterior, os media Australianos "lançaram uma campanha deliberada para denegrir a imagem do governo Timorense e da Fretilin em geral, e a minha imagem em particular ".

”No ponto mais alto da crise de Maio/Junho”, acrescentou Alkatiri, o primeiro-ministro de direita da Austrália, John Howard, "foi o único líder político que declarou que queria que eu resignasse, num acto claro de interferência nos assuntos internos de Timor".

Claramente que as negociações do petróleo foram um factos de peso por detrás disto. "As negociações foram duras ", disse Alkatiri, "e eu defendi com força os interesses Timorenses. Num bloco, obtivemos direitos de 90 por cento, quando inicialmente nos tinha sido atribuído somente 50 por cento, e noutro obtivemos 50 por cento em vez da oferta inicial de 18 por cento".

Perguntado sobre o papel da Igreja Católica, a religião seguida pela maioria dos Timorenses, Alkatiri respondeu "não gosto muito de falar da igreja como instituição, mas é um facto que parte da hierarquia estava militantemente oposta ao governo".

"Não tenho dúvidas em declarar que a Igreja Católica teve um papel duma oposição, organizando manifestações de duas ou três semanas ", acrescentou.

Um factor que complica é que o próprio Alkatiri não é cristão mas vem duma família muçulmana. "Admito que o facto de ser um muçulmano, num país maioritariamente católico, pode ser difícil de aceitar nalguns sectores católicos ", disse.

Quanto às inventadas acusações de que Alkatiri tinha distribuído armas a civis, a comissão de inquérito da ONU não encontrou qualquer prova, mas apesar de tudo recomendou que se continuasse a investigação.

Alkatiri não ficou surpreendido, e encara isto como uma maneira de salvar a face desses políticos Timorenses, nomeadamente do Presidente Xanana Gusmão, que tinham forçado a sua resignação. "O modo como o relatório da ONU foi apresentado mostra claramente que não quiseram afectar os que estavam no poder ", disse. Porque se a ONU tivesse claramente declarado que não havia base para as acusações contra ele, "então como é que havia de parecer a posição do Presidente, visto que ele pedira a minha resignação precisamente por causa dessas acusações ?"

Alkatiri descartou rumores de que tinha vindo a Moçambique para escapar à justiça Timorense. Avisara o Procurador-Geral previamente do seu plano de viagens, e deu-lhe os seus números de contacto.

Além do mais, Alkatiri permanece em contacto regular com o homem que o substituiu como Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta. "Em Timor, encontramo-nos uma vez por semana ", disse. "Quando estou no estrangeiro, falamos regularmente ao telefone ".

A Fretilin deu apoio ao governo de Ramos-Horta. Ramos-Horta herdou os planos ambiciosos do governo de Alkatiri, mas Alkatiri pensa que ele tem sido "incapaz de definir claramente as dificuldades e de as atacar frontalmente".

Em particular, Ramos-Horta não restabeleceu a lei e a ordem e a autoridade do Estado, nem resolveu os problemas dos deslocados pelas lutas de Maio-Junho. "Essa devia ter sido a prioridade e não foi ", disse Alkatiri.

Foi severamente crítico de Gusmão. Apesar de não acreditar que o Presidente estivesse inicialmente envolvido nos planos para derrubar o governo de Alkatiri, envolveu-se mais tarde e mostrou "o ódio injustificado que tem contra a Fretilin".

Alkatiri admitiu o papel chave que Gusmão teve na resistência à ocupação Indonésia, a seguir à morte do primeiro líder da Fretilin, Nicolau Lobato. Gusmão introduziu um novo estilo de liderança, muitíssimo centrado na sua própria pessoa – e nos anos escuros dos 1980s, Alkatiri admitiu que isto resultou e que a resistência sobreviveu. Gusmão foi o líder de facto da Fretilin, mesmo quando formalmente se separou do partido.

Mas quando a independência chegou, a situação mudou radicalmente. A Fretilin reorganizou-se e Gusmão estava fora das estruturas do partido.

"O grande problema do Presidente Xanana é que perdeu a liderança da Fretilin", disse Alkatiri. "Não se pode liderar um partido estando fora dele. Somente os que estão preparados para se subordinarem eles próprios às estruturas da Fretilin podem liderar a Fretilin. O que o Presidente quer é, no mínimo, irracional. Foi aqui que começaram as nossas querelas ".

Alkatiri disse que não quer ser o candidato da Fretilin a primeiro-ministro nas próximas eleições. Em vez disso, ele preferiria trabalhar para desenvolver o partido.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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