terça-feira, julho 04, 2006

Mais manipulação...

No daily press reviw da UNOTIL, distribuido pelo JSMP (ONG que monitoriza a justiça em Timor-Leste e bastante crítica do governo de Mari Alkatiri):

Subject: [list] UNOTIL : DAILY MEDIA REVIEW
To: list@jsmp.minihub.org


DAILY MEDIA REVIEW
Monday, 03 June 2006


(Tradução da Margarida:)

O deposto primeiro-ministro Mari Alkatiri provavelmente será acusado de crimes contra o Estado mas qualquer sentença será comutada pelo parlamento, de acordo com José Ramos Horta, que espera ser esta semana nomeado como seu substituto.

O Sr Ramos Horta disse que tinha assumido o controlo efectivo do Governo para que se fizesse uma transição suave para uma administração interina a ser nomeada pelo Presidente Xanana Gusmão dentro de dias.

O antigo ministro dos estrangeiros tem estado em intensas negociações com o partido no poder, a Fretilin para garantir o seu apoio como primeiro-ministro interino, uma posição que manterá até às eleições no país, previstas para o meio do próximo ano.

Disse ao The Australian ontem que terão de ser levadas em consideração "as muito positivas contribuições para o país" do Dr Alkatiri.

Os procuradores querem questionar o Dr Alkatiri sobre acusações de que ele falhou em impedir que o seu antigo ministro do interior, Rogerio Lobato, de armar e dirigir um esquadrão de ataque clandestino formado para reforçar a "segurança" antes do congresso nacional do seu partido no poder, a Fretilin, no mês passado.

O Sr Ramos Horta disse que o antigo primeiro-ministro estava, "com base na evidência disponível, culpado de não ter efectivamente parado o ministro Lobato, um dos membros importantes do se gabinete, de distribuir armas ".

Contudo, disse que qualquer sentença poderia ser comutada pelo parlamento, onde a Fretilin tem uma grande maioria.

O Procurador-Geral Longuinhos Monteiro disse que o Dr Alkatiri podia enfrentar até 15 anos de prisão.

"Prefiro ver os problemas do Dr Alkatiri e Lobato no contexto duma nova democracia, onde cada um de nós tínhamos muito pouca experiência em lidar com tantos problemas na construção da nação," disse o Sr Ramos Horta ontem na sua casa no sopé das montanhas no leste da capital, Dili.

O Sr Ramos Horta rejeitou sugestões que houvera um envolvimento partidário Australiano na queda do Dr Alkatiri, mas disse que a abordagem de Canberra à crise poderia ter sido mais "discreta". "Mas, bem, eles são um grande dador, eles são um grande dador," disse, com um encolher de ombros.

O Sr Ramos Horta convocou uma reunião do gabinete para esta manhã no qual pedirá a vários ministros que se demitiram à uma semana, no auge da crise, para permanecerem.

Disse que o Dr Alkatiri, que permanence membro do parlamento, não sera ministro no governo interino, "mas consultá-lo-ei por causa da sua experiência na liderança do gabinete e ele mostrou disposição para co-operar e tornar a transição suave ".

Disse que o desafio chave do seu governo interino será responder "à situação humanitária, segurança, criação de emprego e diálogo nacional " depois de semanas de violência provocadas pelo despedimento de quase 600 soldados que se queixavam de discriminação com base étnica nas forças militares.

A crise atingiu o climax à uma semana com a resignação do Dr Alkatiri depois de milhares de pessoas terem convergido para Dili a pedir-lhe para sair.

A Austrália anunciou a duplicação da sua ajuda em comida para Timor-Leste, para $8 milhões, depois do Programa de Alimentação da ONU ter avisado que as reservas para mais de 140,000 refugiados estavam a acabar.

O Brigadeiro Australiano Mick Slater, comandante das Forças Conjuntas em Timor-Leste, disse ontem que aos refugiados seria pedido que com urgência saíssem dos mais de 60 campos "para subúrbios dentro da cidade, com mais forças de segurança lá para que soubessem que estavam seguros ".

Muitas áreas de Dili foram destruídas na violência.

A provável nomeação do Sr Ramos Horta como primeiro-ministro, esta semana, sera o resultado de vários dias de negociações com a Fretilin. Como partido do governo tem o direito de indicar o seu candidate preferido ao Sr Gusmão.

"Não acredito que ninguém possa nos próximos seis a nove meses sarar completamente as feridas e restaurar a confiança no Governo, assim disponibilizo-me a mim próprio para servir o país para além de Maio de 2007," disse, ontem o Sr Ramos Horta.

Contudo, não é provável que o partido indique um não membro em circunstâncias normais, e o Dr Alkatiri disse aos apoiantes que tem a intenção de concorrer às eleições do próximo ano "ainda com mais vigor do que antes ".

O Sr Ramos Horta disse que estava a considerar uma sugestão do Sr Gusmão para concorrer à presidência no próximo ano. O Sr Gusmão, também não é um membro da Fretilin, e tem indicado que não tem vontade para concorrer outra vez.

"Se (a Fretilin) ou outros partidos quiserem realmente empurrar-me para a presidência terei que pensar nisso, porque pergunto-me se serei mais útil como presidente ou como primeiro-ministro," disse o Sr Ramos Horta.
...

7 comentários:

Anónimo disse...

O Ramos Horta já vê a vida andar para trás como candidato a PM e já se oferece para ser empurrado para candidato a PR. Quem não tem vergonha todo o mundo é seu e este é mesmo dos mais descarados em termos mundiais! Não há nenhum prémio mundial do Descaramento, para o candidatarmos?

Anónimo disse...

Convém dizer que o JSMP, que pomposamente se intitula de ONG, é finansciada pela Austrália.

Concidências?!!!!

Anónimo disse...

As decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório e prevalecem sobre todas as decisões de quaisquer autoridades - art. 118, n. 3 da Constituição.

"Contudo, disse que qualquer sentença poderia ser comutada pelo parlamento, onde a Fretilin tem uma grande maioria." - Ramos Horta

Gostaria que o Senhor Ramos Horta explicasse como pode o Parlamento "comutar" uma sentença de um Tribunal?!!!!

E já agora o dito JSMP é com esta qualidade técnica que "monotoriza" a justiça timorense?!!!!

Anónimo disse...

O Senhor Ramos Horta está mais na linha politica últimamente adoptada pelo Presidente Xanana que assenta na concentração de poderes do que na linha de um Estado de Direito e democrático que é Timor Leste em que a separação de poderes é um principio fundamental.

Anónimo disse...

Mas se o RH já é três ministros também pode ser Tribunal e até um dia parlamento e PR.
Quem sabe?......

Anónimo disse...

Da UNOTIL nada é surpreendente.
A incapacidade técnica e os "interesses" próprios não é surpreendente agora uma ONG que diz "monotorizar" o sistema judicial?....

A surpresa começa no termo "monotorizar"... ambíguo... e termina com o facto de não ter prestado o esclarecimento técnico-juridico da impossibilidade de o Parlamento ou qualquer outro orgão de soberania interferir directa ou indirectamente numa sentença judicial.

JSMP é incapaz técnicamente ou será o seu financiador - Austrália?

A UNOTIL e o JSMP consideram a imprensa internacional apenas alguma imprensa da Austrália?

E o Senhor Ramos Horta indicado para Primeiro Ministro quando tem demonstrado frequentemente de forma pública e declarada o total desconhecimento da LEI FUNDAMENTAL do País que se propõe a gerir?

Anónimo disse...

Excellent, love it!
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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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