sexta-feira, julho 06, 2007

"Não vamos tolerar não ir para o governo"

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin
Entrevista de Micael Pereira, enviado especial a Timor-Leste

São dias quentes em Díli. Correndo sérios riscos de ser afastada do poder por uma aliança maioritária de Xanana com os outros partidos, a Fretilin coloca os pontos nos ii, exibindo uma posição extrema de força.

Expresso
23:35 quinta-feira, 05 JUL 07

Numa entrevista muito frontal, Mari Alkatiri diz que o seu partido recusa ir para a oposição e exige liderar o governo, mesmo que não esteja coligado com ninguém e fique em minoria. A alternativa é clara e está cada vez mais próxima: a crise em Timor vai agravar-se.

Já há fumo branco em relação ao governo que vai sair destas eleições?
Não. Da nossa parte sabemos que recebemos um mandato para liderar o governo. Naturalmente, não tendo tido maioria absoluta, temos de saber ir buscar alianças para formar o governo.

Falou-se nos últimos dias de um possível acordo entre a Fretilin e o Partido Democrático (PD) de Fernando Lassama. Esse acordo não existe?
Ainda não há acordo nenhum. Há contactos a vários níveis com esse partido, mas naturalmente que todos sabem que, para formar governo, o CNRT precisa de todos os partidos. Também o CNRT deve andar a fazer uma certa pressão sobre eles. Nós queremos falar de igual para igual com eles e tentar demonstrar as vantagens de uma aliança connosco, enquanto o CNRT usa pressão.

Conversou directamente com Lassama?
Não conversei ainda. O assunto está a ser tratado a nível de membros da comissão política nacional. Ainda não chegou ao secretário-geral e ao presidente dos partidos.

O que é que a Fretilin tem para oferecer ao PD?
Num governo de coligação tem de haver distribuição de pastas. E neste caso, qualquer coligação tem de ter uma incidência parlamentar e outra governamental. É isso que estamos a negociar. Está tudo em aberto.

Veria Lassama como o braço direito de um primeiro-ministro da Fretilin?
A Fretilin deve liderar o governo. O primeiro-ministro tem de ser do partido. Tudo o resto é negociável.

De qualquer forma, mesmo com a ajuda do partido Kota e uma eventual coligação com o PD, isso não é suficiente para garantir a maioria dos lugares no parlamento.

Nós precisamos do PD e mais dos dois partidos pequenos, Kota/PPT e Undertim.
A Undertim, tal como o PD, faz parte de um cenário de aliança com o CNRT.
Não creio. É exactamente o oposto. Estão mais connosco.

Confia numa aliança com Cornélio Gama (Undertim)? Ele tem sido volátil ao longo dos anos.
Vamos confiar no colectivo e não só numa pessoa.

A Undertim tem dois deputados que farão também a diferença no parlamento, sobretudo em dossiês difíceis. Esse partido pode decidir a maioria nas votações.

Sim.

Ramos-Horta disse, em entrevista ao Expresso, que estava a tentar uma solução que satisfaça todas as partes, o que significaria um governo que juntaria CNRT e Fretilin.

Do meu ponto de vista, o CNRT nasceu para fazer oposição à Fretilin. E qualquer democracia precisa de uma oposição forte. Uma eventual coligação que junte CNRT e Fretilin vai trazer essa oposição para dentro do próprio governo. E isso não é saudável. É preferível que o CNRT se afirme como uma oposição forte no parlamento.

Quer dizer que tem a porta fechada para um acordo com o CNRT?
Com o que Xanana fez ao longo da campanha, o que é que ele pretendia ao criar o CNRT? Era a destruição da Fretilin. Não conseguiu. Não conseguiu sequer ser o partido mais votado. Mas continua a ser um partido forte, que pode perfeitamente fazer um bom papel como oposição.

O que é que distingue o CNRT e o PD? Com o PD, não corre o risco de ter oposição interna no governo?
Não, porque o PD, que existe há cinco ou seis anos, nasceu para concorrer a alguns lugares no parlamento. Nunca nasceu com o objectivo de destruir a Fretilin. Nasceu como um partido para enriquecer a democracia. Agora o CNRT, não. Nasceu para destruir a Fretilin.

Quando acha que vai ser possível anunciar uma solução?
É muito cedo. No fundo, só hoje é que obtivemos os resultados mais ou menos finais.

Pode demorar dias?
Talvez semanas.

Como correu hoje a conversa que teve com o presidente da República?
Foi uma conversa a pedido do dr. Ramos Horta para ouvir as nossas opiniões. Nós tornámos claro que a nossa interpretação dos resultados eleitorais é de que a Fretilin tem um mandato para liderar o governo, mas que ao mesmo tempo o povo fez-nos chegar uma mensagem clara de que a Fretilin não vai governar sozinha.

Ramos-Horta insistiu consigo para um compromisso com o CNRT?
A maior preocupação do dr. Ramos-Horta é ter uma estabilidade governativa.

Qualquer que ela seja?
Sim.

Tinha na sua cabeça há muito tempo que ia necessitar de outros partidos para viabilizar o governo?
Mesmo em 2001 e 2002, fizemos um governo de inclusão. Naquela altura fizemos também uma aproximação aos partidos para fazerem parte do governo, apesar de a Fretilin ter uma maioria absoluta. Só que com um princípio: se são do governo, então as bancadas do parlamento também se aliam. Não podiam ser do governo e fazer oposição no parlamento.
Isso aconteceu com Lassama, mas por muito pouco tempo.

Foi durante o governo de transição. Quando se passou à restauração da independência, a questão pôs-se claramente: estávamos a discutir ainda a constituição e fazia sentido que todos os partidos a enriquecessem.

A Fretilin foi sendo acusada ao longo dos anos por todos os partidos da oposição de tentar ter uma exposição hegemónica em relação à governação do país e de ter vincado a vontade de governar sozinha. Um governo de coligação da Fretilin será tão eficaz como o que liderou até ao ano passado?
Um governo de coligação é sempre diferente. Hegemonia ou não, as eleições (de 2001) foram livres e democráticas. Houve um partido que venceu com maioria, que governou de forma inclusiva, com independentes, e depois a oposição pretendia que qualquer decisão se fizesse em consenso. O consenso, nesse caso específico, seria antidemocrático. Seriam as minorias a impor as regras sobre a maioria. Imagine a hipótese de todos os outros partidos agora se juntarem e decidirem formar governo. A Fretilin haveria de dizer: «não, tem de haver consenso»? O partido com maior representatividade no parlamento impõe as regras do jogo. Essa é a questão que nunca foi compreendida.

Se a aliança entre o CNRT, o ASDT/PSD e PD for para a frente, a Fretilin considera essa situação como ilegítima?
Não estou a colocar a questão da ilegitimidade. Mas até seria menos legítima, porque nem sequer foram votados como aliança.

É verdade que é uma aliança pós-eleitoral…
Às vezes as alianças perdem votos (quando se coligam antes das eleições). Uma coligação pós-eleitoral não pode achar-se no direito de ser ela a formar governo.
Independentemente de qualquer aliança, a Fretilin tem de estar no governo?
Sim.

Está a dizer que a Fretilin pode avançar para um governo minoritário? Irá propor isso a Ramos-Horta caso não chegue a acordo com nenhum partido?
Claro. Se não for possível fazer alianças, temos de tomar uma decisão. Para não frustrar a expectativa do eleitorado, devemos avançar, mesmo que seja para um governo minoritário.

Não há o risco de ver chumbado de imediato o programa de governo?
Se os outros partidos entenderem chumbá-lo uma primeira e uma segunda vez, os procedimentos são claros: novas eleições.

Está disposto a ir para novas eleições?
Eu estou disposto.

De qualquer forma, mediante uma proposta sua para um governo minoritário e uma proposta alternativa feita pela aliança liderada pelo CNRT, o presidente tem nas mãos dele a possibilidade de convidar essa aliança para formar governo.
Não tem, não.

A constituição não diz que sim?
Não diz. A interpretação da constituição é clara. A Fretilin recebeu um mandato para liderar o governo.

Essa é a interpretação que faz?
É preciso convidar o partido mais votado.

Discutiu esse assunto hoje com o presidente?
Já não é para a primeira vez.

E Ramos-Horta está de acordo com a sua interpretação da constituição?
O dr. Ramos-Horta vai pedir a opinião de constitucionalistas e juristas. Está no direito de o fazer.

O facto de partir para um governo minoritário, sabendo à partida que terá o seu programa de governo chumbado, significa que nos próximos dez meses a governação de Timor ficará em suspenso.
Não podemos também exigir sempre sacrifícios da Fretilin. Já foi sacrificada durante um ano. A Fretilin só quer respeitar a vontade expressa pelo povo.

Como é que acha que essa decisão vai mexer com a crise actual em Timor?
É bom que todos pensem nisso.

Mas vai agravar a crise.
Eu espero que não. Mas penso que a Fretilin está no seu direito de dizer que recebeu o seu mandato e quer liderar o governo.

Tem consciência de que a crise não está resolvida? Problemas graves, como a situação dos peticionários, a responsabilidade criminal dos acontecimentos do ano passado e a questão humanitária, para os quais o povo espera uma resposta rápida, continuam em aberto.
Então, os que tiveram menos votos que a Fretilin devem assumir essa responsabilidade. Não deve ser só a Fretilin a assumi-la.

Está a dizer que se propõe a passar essa responsabilidade para o lado deles?
Devem assumi-la porque o povo não lhes conferiu um mandato para governar.
Este é um recado que quer dar aos outros partidos, sobretudo ao Partido Democrático, que está a tentar decidir para que lado se vira?
Não há segunda volta nas eleições parlamentares. Eu julgo que estão a querer fazer um outro tipo de segunda volta.

Como assim?
Coligarem-se todos e dizerem: nós fomos os mais votados. Isso não é nada.

É esse o recado que tem passado ao Partido Democrático, para eles terem consciência do cenário?
Nós não estamos a fazer pressão sobre o Partido Democrático. Eu estou a falar publicamente.
Mas cabe neste momento a Fernando Lassama, provavelmente mais do que a Xanana, decidir se quer estar envolvido num cenário em que a crise se pode arrastar por dez meses.
Não quero estar dizer que Fernando Lassama será o maior responsável.
Parece que ele é o eixo da equação.
Mas, de modo algum, quero deixar as culpas a Fernando Lassama. (Deixo-as) a alguém que ambiciona ser primeiro-ministro deste país a todo custo.

Xanana?
Claro.

E ele quer ser primeiro-ministro a todo o custo?
Ou ele ou alguém. Há duas pessoas que estão obsessivas em querer ser primeiro-ministro: Xanana e Mário Carrascalão.

E se o presidente decidir, no fim, que é constitucional convidar a aliança de Xanana Gusmão? Qual será a atitude da Fretilin?
Vamos ter de encontrar um caminho no sentido de mostrar claramente que nós existimos e que não vamos tolerar não ser governo.
Na semana passada, antes das eleições, mostrava-se disponível para ir para a oposição. Hoje a sua atitude é diferente.
Por causa do mandato que recebemos.

Iria para a oposição apenas se fosse o segundo partido mais votado?
Se fosse o segundo partido mais votado, mesmo que tivesse possibilidade de alianças para ter a maioria, eu preferiria estar na oposição. Iria respeitar a vontade do povo. Não iria frustrar a expectativa popular. A aliança que Xanana quer fazer é mesmo para desrespeitar a vontade do povo. Isto é inadmissível em democracia.

Tem recebido telefonemas ou visitas de observadores ou analistas internacionais a aconselhá-lo sobre o que deve fazer?
Têm-me perguntado qual será a posição da Fretilin perante vários cenários. Continuo a dizer que a maior preocupação da Fretilin é respeitar a vontade expressa do povo.

Não recebeu pressão da comunidade internacional?
Que não se atrevam.
Digo isso porque a comunidade internacional está muito atenta ao que se está a passar em Timor.
Sabem perfeitamente que reajo mal às pressões.

Nem da parte da ONU tem recebido pressão?
Eles já me conhecem. Sabem que reajo mal.

Estava preparado para um resultado pior?
Naturalmente que quem avança para uma situação destas está sempre preparado para um resultado pior. Mas tinha também a esperança de ter um resultado um bocadinho melhor.

Sente-se mais vitorioso do que derrotado?
Muito mais vitorioso do que derrotado.
Há muitas análises sobre o assunto.
Se há um partido que se bateu sozinho contra tudo e todos foi a Fretilin. Mesmo assim, conseguimos ser os mais votados. E com uma representatividade nacional, que nem todos têm. Estas eleições demonstraram que a Fretilin não é só a zona leste. É o país.

Tem ideia de quem poderá vir a ser o primeiro-ministro proposto pela Fretilin?
Não, porque será decidido no sábado.

Pela sua hesitação, desconfio que o nome proposto pode vir a ser o próprio Mari Alkatiri.
Eu já disse várias vezes: estar um ano fora do governo deu-me uma melhor perspectiva de fazer política em Timor-Leste. A política não se faz só estando no governo. Pode-se fazer, se calhar, melhor fora do governo. Sabendo que estando fora do governo posso contribuir melhor para o país, então é preferível estar fora. Vou defender isso na reunião do comité central.

Mas não afasta a possibilidade de vir a ser primeiro-ministro?
No nosso partido há a chamada decisão do colectivo. Eu vou tentar defender a minha posição até à última.

Que outros nomes é que estão em perspectiva?
Nenhum. A haver um nome, estatutariamente é o meu. O estatuto diz claramente que é o secretário-geral. Só na impossibilidade de ser o secretário-geral é que haverá outro.

E não recusa, à partida, essa hipótese?
Eu respeito sempre a decisão colegial. Se essa for a decisão, não vou colocar condições. Vou exigir maior solidariedade.

Por parte dos seus colegas de partido?
Sim.

Acham que eles foram pouco solidários consigo durante a crise?
Eles sabem disso, que eu sou crítico.

Se seguir em frente com um governo minoritário, debaixo do boicote do parlamento, que soluções terá para não agravar a crise social de Timor? Como enfrentará esse problema?
Terá de se fazer um governo mais aberto, em que a sociedade participe mais nas decisões, e criar mecanismos de consulta pública em relação às decisões que serão posteriormente tomadas pelo parlamento. Há-de se encontrar um caminho.

É possível gerir o país sem um programa de governo?
O próprio programa deve ser discutido publicamente antes de se levar ao parlamento.

Acha que isso aumentará a pressão sobre a oposição para o aprovar?
Se a Fretilin recebe um mandato popular para liderar o governo e não consegue cumpri-lo dentro das instituições, deve prestar contas ao público.
Mas não deixará de ter de passar pelo parlamento.
Naturalmente, a questão formal terá de ser cumprida.

A Fretilin terá vantagem em ir novamente a eleições? Parece-lhe que irá ter mais votos?
Aumentar ou diminuir, depende da percepção do povo.

A quem irá atribuir a culpa da crise, nessa altura?
A haver crise, deve ser atribuída aos que não deixam aprovar o programa de governo.

Voltando atrás: falou-me do ponto da situação hoje (quinta-feira, 5 de Julho). Vou insistir: tendo em conta que em Timor não há impossíveis políticos, haverá alguma possibilidade de a Fretilin vir a alinhar no consenso traçado por Ramos-Horta, num governo de unidade nacional com o CNRT?
A questão que se põe é esta: queremos realmente consolidar a democracia ou só queremos fingir que estamos em democracia?

O plano de Ramos-Horta é esse?
Não é essa a sua intenção. A preocupação do dr. Ramos-Horta é estabilizar o país. Mas se pensamos que com todos no governo estabilizamos o país, eu pergunto se não estaremos a criar uma oposição nas ruas. Porque haverá frustração. Todos terão de acordo, todos votarão por unanimidade.
A crise no ano passado não aconteceu por haver unanimidade.
Teve outra base. Era porque se queria impedir que a Fretilin ganhasse com maioria absoluta este ano.

E não tem medo que a violência volte?
Será que eu devo ser o único a ter medo? Eu já fui vítima durante um ano.

6 comentários:

Anónimo disse...

FRETILIN está mandatada pelo Povo para Governar Timor-Leste

A entrevista ao jornal Expresso, pelo Secretário Geral da FRETILIN, demonstra o elevado sentido de Estado que caracteriza o Dr. Marí Alkatiri e a FRETILIN.
Perante esta demonstração de elevação política, só se pode concluír que Timor-Leste tem um timoneiro que poderá conduzir o país ao desenvolvimento e a uma afirmada soberania. É precisamente, neste ponto, da soberania e afirmação nacionais, afirmadas pela FRETILIN, que países como a Austrália e os Estados Unidos, não perdoam a veleidade de líderes dotados de inteligência.
A crise de 2006 foi orquestrada por Ramos-Horta e por Xanana Gusmão, em cumprimento de decisões estratégicas de australianos e americanos.
Afirmar um Estado novo, envolto em carências humanas brutais, é um desafio maior que só pode ser interpretado por grandes e fortes estadistas: Marí Alkatiri é um desses exemplos. Sem ele muito se perderá em Timor-Leste, ou tudo se perderá do sonhado e conquistado com o sacrifício de 200 mil vidas.
A comunidade internacional tem demonstrado estar a aproveitar-se da confusão do Povo, nesta sua nova experiência civlizacional, para o enfraquecer retirando dessa fragilidade os pilares de edificação de uma Nação.
Nesta votação, onde o CNRT, de um malfadado Xanana Gusmão - ambicioso e instrumentalizado por Ramos-Horta a soldo dos australianos e americanos -, pagou ao Povo dinheiro sem fim e prometeu o inferno mascarado de paraíso, ficamos com a certeza de que os timorenses entre a razão e a mentira optam pela primeira. A maioria clara da FRETILIN demonstra o sentido nacional de afirmação do conquistado ao longo de anos de luta.
Sem a FRETILIN, acredito, Timor-Leste naufragará na figura do protectorado asutraliano cujas forças civis e militares já ocupam o país de lés-a-lés.
Marí e Lu'olo sabem-no muito bem, Lassama também.
Mário Carrascalão ainda sonha com o cargo de primeiro-ministro, mas são sonhos vãos que a bem de Timor-Leste jamais poderão ser realizados. Assim como, Xanana Gusmão, levará mais morte e sofrimento ao país e o atirará para a pobreza extrema. Mandela soube perceber as suas limitações, Xanana Gusmão parece ser bem mais temoso o que se deve exclusivamente à sua incapacidade intelectual. Xanana não serve o país, serviu, já não serve, tem o seu lugar na história a bem e a mal. Mas quem pode esquecer Xanana vendido ao ocupante em carta e em apelos televisivos para a rendição das FALINTIL? qual a razão que leva a esquecer a forma abusiva com Xanana tem usado os sentimentos do povo do qual provém? E as mortes já causadas pelas imponderações de Xanana Gusmão? Xanana habituou-se a usar da palavra sem olhar a consequências. Xanana habituou-se a mordomias estranhas e a alianças duvidosas. Quem lhe pagou a campanha? A dele e a de Ramos-Horta? Quanto se gastou? Quanto lhe foi dado e o que prometeu em troca? E Ramos-Horta, quanto prometeu a retalhos do país ao qual pertence mas que não é um feudo seu? Turismo, petróleo e afns.
Para finalizar,deixo uma questão de pertinência actual: onde estão os "mudanças".
Finalizo como comecei: Timor-Leste tem um timoneiro com elevado sentido de Estado em nome de um partido político que é a raíz da Nação, a FRETILIN.

Que se governo em minoria e que parta, se necessário, para novas eleições. Afinal, em democracia é assim que se trabalha. A FRETILIN que governe no mandato que o Povo lhe concedeu e se os políticos pretenderem inviabilizar o programa do Governo que o façam, pois o ónus da crise é uma fez mais deles.

João Porventura

Anónimo disse...

Errar a Flecha

Errar a flecha, que é como quem diz, errar o alvo.
O Público de hoje, sexta-feira 6 de Julho de 2007, erra, do meu ponto de vista, ao classificar a atitude da Fretilin de M. Alkatiri perante os recentes resultados eleitorais. Creio que isso se deve a que o Jornal, tal como a maioria nós cidadãos portugueses, acompanhamos já a política Timorense com alguma distância e superficialidade. Pensando, alguns de nós, que o que está em causa é a construção de uma jovem nação, que exige, acima de quaisquer valores, o esforço da unidade nacional.
Ora, uma nação não se constrói sem valores. E convém saber que também na política ainda há pessoas que se pautam por princípios, e não apenas pela ânsia de chegar e fazer valer o seu poder, a qualquer preço.
Só quem acompanha a política em Timor através de um telegrama pode menorizar as divergências e as causas de instabilidade recente, para tentar sugerir um entendimento da Fretilin com o CNRT.
A valorizar está sim, no meu entender, a vitória de um partido mas sobretudo de uma pessoa que foi obrigada a demitir-se, colocada ante um tribunal e ostracizado.
Perante isto o que surge?
Uma coligação espontânea e prematura do partido classificado em segundo lugar, que numa aliança e soma aritmética de resultados quer, à viva força, chegar ao poder. Aliás, situação expectável e há muito anunciada nos meios locais.
Para quê?
São propósitos e contornos que não nos são ainda totalmente claros. Embora esta formação da “coligação espontânea” nos deixe antever alguns.

Amílcar A.
(Recentemente em Timor, agora em Bragança)

Anónimo disse...

"Correndo sérios riscos de ser afastada do poder por uma aliança maioritária de Xanana"

A este Sr. Micael foge-lhe a boca para a verdade: "afastada do poder" é uma expressão muito significativa.

A concretizar-se isso, seria a segunda vez...

Anónimo disse...

Neste aspecto, a Constituição Timorense é parecida com a Portuguesa e por acaso em Portugal já se passou este teste.

Foi em 1985, era então Presidente da República o general Ramalho Eanes e em 1985, em eleições intercalares os resultados foram os seguintes:

PSD – 29,9%
PS – 20,8%
PRD – 17,9%
APU – 15,5%
CDS – 10%

Obviamente, o PR português de então encarregou o PSD, com apenas 29,9% dos votos de formar governo. E isso não matou a democracia em Portugal.

O que vai matar a democracia Timorense é se o PR de Timor-Leste alinhar na jogada anti-democrática e anti-constitucional do bando dos quadros (Xanana/Carrascalão/Amaral e Lasama).

Anónimo disse...

Os partidos perdedores das eleições podem fazer as alianças que entenderem, mas não podem é no fim do jogo mudar as regras do jogo.

O que querem fazer faz lembrar os atiradores de pesos que empurram do pódium para fora o atleta que ficou em primeiro lugar com a desculpa de que os três seguintes somados atiraram o peso mais longe.

Enquanto o primeiro atirou a 120 metros os que ficaram em 2º, 3º e 4º lugares atiraram a 210 metros.

Isto de mudarem as regras no fim do jogo é batota e quem alinha numa jogada destas é batoteiro.

A Constituição manda que o PR entregue ao mais votado a responsabilidade de formar o governo e a quem cabe aprovar esse governo é ao Parlamento.

É no Parlamento que essas coisas se discutem e decidem, não é à sucapa, pela surra em casa de um ou do outro. É abertamente perante os eleitos do povo, isto é perante os deputados, no Parlamento.

Compete pois ao PR que é o árbitro deste jogo que não permita esta golpada. Eles que se unam na oposição se quiserem, agora não têm é o direito de fora do estádio roubarem a taça à Fretilin. Se a querem, disputem-na no Parlamento, não ao empurrão, cá fora.

Anónimo disse...

Todos os comentários anteriores estão muito bons, mas o melhor é o último: essa comparação está genial e retrata bem a velhacaria dos perdedores que querem ficar com a medalha de ouro, sem nenhum deles ter ficado em 1ºlugar.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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