segunda-feira, junho 18, 2007

Last Word: José Ramos-Horta

'I'll be a moral force because i know many people look up to me. They listen.'

By Joe Cochrane

Newsweek International

June 25, 2007 issue - Ten years ago, José Ramos-Horta was a painful pebble in Indonesia's shoe. The charismatic East Timorese intellectual earned a Nobel Peace Prize by trolling the halls of power in dozens of capitals around the world, telling anyone who'd listen that the former Portuguese colony was under a savage occupation. Now he's the establishment: last month, he was sworn in as the second president of independent East Timor (also known as Timor Leste). On June 4 he made his first state visit­to former foe Indonesia, which is now his friend and neighbor. NEWSWEEK's Joe Cochrane spoke to Ramos-Horta in his hotel suite overlooking Jakarta. Excerpts:

COCHRANE: What's the significance of making Indonesia your first presidential visit, given its brutal occupation of East Timor from 1975 to 1999?

RAMOS-HORTA: I always place enormous importance on our relationship with Indonesia since the changes that occurred in 1999­changes for the better. Ever since, I have made every effort to normalize and gradually cement relations with our giant and powerful neighbor.

Given the history, is it difficult to come here and be friends?

Thousands of Timorese lost their lives, but so did many young Indonesian soldiers. Today we are free. A great injustice was corrected and Indonesia itself has moved away from its turbulent past, and today is an impressive young democracy.

Last year, members of the East Timorese armed forces rebelled, sparking bloody clashes in Dili and forcing Australian military intervention. What is the situation today?

With the assistance of our neighbors and friends, we have been able to stabilize the situation. The country is almost back to normal, the economy is picking up, infrastructure is being built. But we need to thoroughly reform and reorganize our police force, improve the standards of our defense force, while at the same time investing massively in job creation to absorb the thousands of unemployed youth. I intend to push very hard for significant expenditures on the youth and the students, widows, orphans, the elderly. The events of 2006 were part of the process of nation-building. Our state was born in 2002 following years and years of traumatic experience. We have a traumatized nation. So violence can flare up easily as a result of this recent history.

The violence was sparked by old rivalries dating back to the 1970s?

Actually, the rivalries are a result of the failure of leadership and politicization of our police force ... and creating rivalries between the police and the Army. But I think it's an exaggeration to say that because of that, Timor Leste is a failing state. We're only five years old.

What will you do as president to foster peace and reconciliation? Will you use your constitutional powers, or just act as a moral force?

I'll be a moral force because I know many people look up to me. They listen. I will continue to use this trust to appeal to the people, particularly the youth, to forgo violence. As president, I will use every inch of my authority with Parliament and the government to allocate sufficient moneys for the youth. And we can do this because we have money from oil and gas.

Are you flush with cash? Then why haven't you spent any of the hundreds of millions of dollars you have in savings?

Right now in our fund we have $1.2 billion. An average of $100 million is transferred into that account per month. So we are very fortunate. We are not Kuwait or Brunei, but we have more than enough to kick-start the economy. And we can do it through simple things and wise things like direct cash transfers to the poor.

We want to save for the future, but that doesn't necessarily mean keeping the money in the bank. Saving for the future means spending it right now on our youth. They are the future. We have to pay for their schools; we have to pay for our students to study abroad. We have to provide them with Internet, sports, cultural facilities, with libraries.

What kind of jobs can you create to keep young people from roaming the streets in gangs and causing trouble?

I advocate massive forest-, water- and land-preservation programs that immediately create thousands of jobs. By planting trees, we save the environment and we create wealth for the future. Trees that we plant today, 15 or 20 years from now will be income for the country.

What has improved in East Timor that you aren't getting credit for?

In the past five years we have rebuilt more than 900 schools. TV coverage is now extended to most of the country, and telephone coverage now extends to most of the 13 districts. It's not world-class communications, but it works compared with a few years ago. Health coverage is far better than in 2002.

Ten years ago, you might have been arrested for setting foot in Indonesia. Today you are a visiting head of state. Are you amazed at how quickly things can change?

God, yes. Ten years passed by so fast. I am the greatest fan in the world of the Kennedys, and I often plagiarize Ted Kennedy's speech at the Democratic convention in 1980: "The dream shall never die." When we have ideas, convictions and dreams, do not give up on them. Work on them and they can be realized.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Ùltima palavra: José Ramos-Horta
'Serei uma força moral porque sei que muita gente olha para mim. Eles ouvem.'

Por Joe Cochrane

Newsweek International

Edição de Junho 25, 2007 – Há dez anos atrás, José Ramos-Horta era uma pedra dolorosa no sapato de Indonésia. O carismático intelectual Timorense ganhou um Nobel da Paz por ter andado pelos corredores do poder em dúzias de capitais à volta do mundo, dizendo a qualquer pessoa que o ouvisse que a antiga colónia Portuguesa estava sob uma ocupação selvagem. Agora ele é a instituição: no mês passado tomou posse como o segundo presidente de um Timor-Leste independente. Em 4 de Junho ele fez a sua primeira visita de Estado à antiga inimiga Indonésia, que é agora o seu amigo e vizinho. Joe Cochrane da NEWSWEEK falou com Ramos-Horta na sua suite de hotel com vista sobre Jacarta. Excertos:

COCHRANE: Qual é o significado de ter feito a sua primeira visita presidencial à Indonésia, dada a brutal ocupação de Timor-Leste de 1975 a 1999?

RAMOS-HORTA: Dou sempre enorme importância à nossa relação com a Indonésia desde as mudanças que ocorreram em 1999para o melhor. Desde então, fiz todos os esforços para normalizar e gradualmente cimentar relações com o nosso vizinho gigante e poderoso.

Dada a história, é difícil vir aqui e ser-se amigo?

Milhares de Timorenses perderam as suas vidas, mas também muitos jovens soldados Indonésios. Hoje somos livres. Foi corrigida uma grande injustiça e a própria Indonésia moveu-se para longe do seu passado turbulento, e hoje é uma impressionante jovem democracia.

O ano passado, membro das forças armadas Timorenses amotinaram-se, desencadeando confrontos sangrentos em Dili e forçando a intervenção militar Australiana. Qual é a situação hoje?

Com a assistência dos nossos vizinhos e amigos, fomos capazes de estabilizar a situação. O país quase regressou ao normal, a economia retomou, estão a construir-se infra-estruturas. Mas precisamos de reformar e reorganizar adequadamente as nossas forças da polícia, melhorar os padrões das nossas forças de defesa, enquanto se investe massivamente na criação e empregos para absorver milhares de jovens desempregados. Tenho a intenção de empurrar com muita força em gastos significativos com jovens e estudantes, viúvas, órfãos, idosos. Os eventos de 2006 foram parte de um processo de construção de nação. O nosso Estado nasceu em 2002 depois de anos e anos de experiência traumática. Temos uma nação traumatizada. Por isso a violência pode irromper facilmente como resultado desta história recente.

A violência foi desencadeada por velhas rivalidades que datam dos anos de 1970s?

Na verdade, as rivalidades são um resultado do falhanço da liderança e politização da nossa força da polícia... e da criação de rivalidades entre a polícia e as forças armadas. Mas penso que é um exagero dizer-se que por causa disso, Timor-Leste é um Estado falhado. Só temos cinco anos de idade.

O que é que fará como presidente para aumentar a paz e a reconciliação? Usará os seus poderes constitucionais ou actuará apenas como força moral?

Serei uma força moral porque sei que muita gente olha para mim. Eles ouvem-me. Continuarei a usar esta confiança para apelar ao povo, particularmente aos jovens, para abdicarem da violência. Como presidente, usarei toda a minha autoridade com o Parlamento e o governo para dotarem dinheiro suficiente para os jovens. E podemos fazer isso porque temos dinheiro do petróleo e do gás.

Está cheio de dinheiro? Então porque é que não gastou nenhuma das centenas de milhões de dólares que tem em poupanças?

Neste momento no nosso fundo temos $1.2 biliões. Uma média de $100 milhões é transferido para essa conta por mês. Por isso somos muito felizardos. Não estamos no Kuwait ou no Brunei, mas temos mais do que suficiente para arrancar com a nossa economia. E podemos fazer isso com coisas simples e coisas sábias como com a transferência directa de dinheiro para os pobres.

Queremos poupar para o futuro, mas isso não significa necessariamente deixar o dinheiro no banco. Poupar para o futuro significa gastá-lo agora mesmo com os nossos jovens. Eles são o futuro. Temos de pagar para as suas escolas; temos de pagar para os nossos estudantes estudarem no estrangeiro. Temos de lhes dar Internet, desportos, instalações culturais bibliotecas.

Que tipo de empregos pode criar para manter os jovens fora da vabadundagem das ruas em gangs e a criar problemas?

Advogo programas massivos de preservação de florestas, água e terrenos que criam imediatamente milhares de empregos. Ao plantar árvores salvamos o ambiente e criamos riqueza para o futuro. Árvores que plantarmos hoje, daqui a 15 ou 20 anos serão rendimento para o país.

O que é que melhorou em Timor-Leste de que não obteve crédito?

Nos últimos cinco anos reconstrímos mais de 900 escolas. A cobertura da TV alargou-se à maioria do país, e a cobertura de telefones alargou-se à maioria dos 13 distritos. Não são comunicação de primeira classe, mas trabalha comparado com há poucos anos atrás. A cobertura da saúde é bastante melhor do que em 2002.

Há dez anos atrás, podia ser preso por pôr um pé na Indonésia. Hoje é um chefe de Estado em visita. Está admirado em como rapidamente as coisas mudaram?

Deus, sim. Dez anos passaram muito depressa. Sou o maior fã no mundo dos Kennedys, e muitas fazes plagio o discurso de Ted Kennedy na Convenção Democrática em 1980: "O sonho nunca morrerá." Quando temos ideias, convicções e sonhos, não desistam deles. Trabalhem-nos e eles podem realizar-se.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.