Semanário
20-04-07
"De nada serve a Timor ter como receita milhares de dólares provenientes do petróleo, se não estiver preparado para tirar dos mesmos o rendimento que se empoe para que, de uma vez por todas, se estabeleça uma sociedade mais justa, mais solidária e equitativa."
AFINAL EM TIMOR o decorrer do processo eleitoral não foi tão correcto como primeiramente se disse. Com efeito, para além de ter sido necessário, à ultima hora ter de imprimir uma série de boletins de voto, há ainda discrepâncias relativamente à contagem de votos, e irregularidades em 80 mesas de voto, essencialmente em Díli e também, ainda que menos, em Baucau. Face a estes factos, há notícia de que talvez seja necessário ou a recontagem de votos ou até talvez a repetição do próprio acto eleitoral, o que seria de muito mau presságio, por um lado e por outro poderia ter de se alterar a data da 2.á volta.
Relativamente aos resultados, para além de se falar em impugnação por parte de alguns candidatos, há também notícia de que os resultados apurados não são definitivos, pelas razões óbvias, e então poderiam surgir as tais surpresas de que falava a deputada europeia Ana Gomes, no próprio dia do acto eleitoral.
Ramos-Horta tinha razão quando afirmou que o assunto só se resolveria numa 2.2 volta pois, de facto, terá de se realizar, não se sabendo, contudo, quais serão os candidatos a apresentarem-se a esse escrutínio.
Por outro lado, o povo de Timor, ao que parece, continua a dar muito da sua confiança à Fretilin, uma vez que Francisco Guterres é o mais votado.
Vê-se assim, contrariamente ao previsto, que o perfil de Ramos Horta e o seu passado histórico no processo de independência, o seu prestigio {. como governante e o seu currículo internacional, não foram suficientes para que o resultado eleitoral o colocasse em primeiro lugar.
Parece pois que passada uma semana ainda continua tudo em aberto relativamente ao futuro de Timor.
Esperemos, como já o referi, que o resultado final seja positivo para Timor e seu Povo, continuando na senda de País Lusófono, livre e independente, rumo ao desenvolvimento.
Aliás, em declarações recentes de Ramos Horta, ficou a saber-se que Timor tem uma avultada receita mensal proveniente da exploração do petróleo, tornando-se, de alguma forma, bastante incompreensível a situação de pobreza em que vive o povo timorense, onde acima de tudo faltam empregos e onde há fome.
Não se pode, contudo, esquecer que o Estado timorense partiu praticamente do nada, após 30 anos de ocupação estrangeira de carácter repressivo e não desenvolvimentista, e que não será numa meia dúzia de anos que consegue alcançar a maturidade necessária. Mas para tal é preciso paz e segurança internas como primeira condição de afirmação dessa maturidade.
O tempo da guerrilha acabou e quem quiser continuar nessa senda estará a trabalhar para o descrédito internacional de Timor e para a sua ruína interna.
Se é verdade que a democracia se não institui ou se fortalece por decreto, também é verdade que esta não subsiste sem desenvolvimento económico e social e este, por seu turno, exige uma vivência de paz e uma formação profissional qualificada para poder arrancar e subsistir. Porém, inicialmente a formação profissional qualificada tem de ser implementada por empresas e técnicos estrangeiros, preferencialmente lusófonos, porque, exactamente, só as elites timorenses, e são poucas, têm essa possibilidade.
Tal não será concretizável se não houver um clima de paz e segurança internas, sem as quais poucos serão os que se arriscam e muito menos aqueles que persistem em se arriscar.
E a verdade, ainda que custe reconhecê-lo, a situação que se vive em Timor é, de certo modo, decepcionante aos olhos da comunidade internacional que tanto apostou e esperava do Timor livre, independente e soberano.
Entre nós portugueses e certamente demais Lusófonos continua a acreditar-se que Timor não só é viável como promissor.
Do meu ponto de vista foi um erro que a comunidade internacional através da ONU se tivesse alheado da gravidade da situação que se arrasta há um ano e que veio a prejudicar profundamente este jovem país, afastando quadros estrangeiros e até lusófonos, que no terreno ajudavam a promover a Democracia em todas as suas vertentes.
De nada serve a Timor ter como receita milhares de dólares provenientes do petróleo, se não estiver preparado para tirar dos mesmos o rendimento que se impõe para que, de uma vez por todas, se estabeleça uma sociedade mais justa, mais solidária e equitativa.
Mas para tal, como referi acima, é preciso apostar muito seriamente na formação profissional que passa, antes de mais, por uma educação básica eficaz.
Conforme tenho escrito várias vezes, a educação básica implica uma correcta aprendizagem da Língua Portuguesa e, através deste ensino, propiciar tudo o mais a começar pelo fortalecimento da sua Lusofonia.
Diante deste quadro, mais uma vez, há imediata necessidade do empenho de Portugal nesta batalha que não será vencida apenas através da sociedade civil portuguesa que tem dado exemplos corajosos de compromisso com a divulgação da Língua Portuguesa no território, como é o caso daquela professora da região de Viseu que sozinha, apenas com o apoio da Diocese de Baucau, tem implementado uma obra escolar verdadeiramente notável.
Volto a repetir se, à semelhança do que tem sido feito com as forças de segurança portuguesas, que também elas, na medida do possível, se têm empenhado no apoio às populações, não seria de encetar um outro tipo de missão possibilitando e apoiando o envio de professores para aquele país e a sua acção educativa.
Portugal, que tanto lutou nos areópagos internacionais pela libertação de Timor, não pode de forma alguma esquecer-se deste Povo tão longe mas tão perto de Portugal.
sábado, abril 21, 2007
Ainda Timor
Por Malai Azul 2 à(s) 23:24
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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