domingo, outubro 01, 2006

Notícias – Traduzidas pela Margarida

A ONU retira o novo enviado de Timor-Leste por não saber Inglês
The Australian
Mark Dodd
Setembro 29, 2006

A missão da ONU em Timor-Leste entrou em confusão depois de ter sido cancelada a nomeação do chefe da nova missão quando se percebeu que ele não falava inglês.
António Mascarenhas Monteiro – o antigo presidente de Cabo Verde, um arquipélago na costa ocidental da África – foi nomeado representante especial do Secretário-Geral da ONU em Timor-Leste em 19 de Setembro, mas agora foi-lhe dito que o posto não é seu.

The Australian sabe de fontes diplomáticas em Dili que o Presidente Xanana Gusmão estava preocupado com a escolha para substituir Sukehiro Hasegawa.

Parece que ninguém na ONU se tinha preocupado em perguntar se o Sr Monteiro, um advogado, sabia falar inglês.

Quando se soube que ele não sabia, o seu exercício no cargo como o chefe que menos tempo liderou a missão da ONU em Timor-Leste, estava terminado.

"Agora, não há ninguém a comandar o espectáculo," disse um diplomata ocidental baseado em Dili.

"A ele (Sr Monteiro) foi oferecido o cargo pelo sub-secretário da ONU para operações de manutenção de paz. Ele aceitou o cargo, mas foi agora terminado (no período) entre a oferta e a confirmação por Kofi Annan."

A ONU começou a caça para um novo chefe de missão.

A oferta de Mr Hasegawa para ficar com o posto de topo da ONU em Dili teve a forte oposição dos USA, Austrália e Grã-Bretanha, entre preocupações de que podia ter feito mais para prevenir a descida na violência do inquieto país em Abril.

O Sr Monteiro, 62 anos, foi o primeiro presidente democraticamente eleito em Cabo Verde e serviu dois mandatos consecutivos antes de ocupar o cargo de presidente do Supremo Tribunal do país.

O Primeiro-Ministro Timorense José Ramos Horta encontrou-se esta semana com o líder dos chamados "peticionários" – um agrupamento descuidado de 600 antigos soldados cujas acções ao desertarem das forças armadas mais cedo este ano provocaram meses de desassossego violento.

Numa visita à base deles em Gleno, 50 km a sul de Dili, o Sr Ramos Horta elogiou os amotinados por se manterem afastados de manifestações políticas.

Um dos apoiantes do grupo, o major das forças armadas treinado pelos Australianos Alfredo Reinado, mantém-se ao largo depois de fugir da prisão de Becora em Dili com outros 56 presos no mês passado.

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A polícia de NZ mantém a paz em Timor-Leste mais um outro ano

WELLINGTON, Set. 28 (AP)—A polícia da Nova Zelândia que está a ajudar a manter a paz em Timor-Leste como parte da força de segurança da ONU ficará lá mais outros 12 meses, disse na Quinta-feira a ministra da polícia da Nova Zelândia.

A ministra da polícia Annette King disse que a acção "reforça o compromisso da Nova Zelândia com a paz e a estabilidade " em Timor-Leste.

O corrente contingente de 25 elementos da polícia da Nova Zelândia no país sera substituído com novos membros quando o seu mandato de três meses de serviço terminar em 10 de Outubro, disse.

A missão da ONU foi criada no mês passado e assumiu a responsabilidade do policiamento da Força Conjunta liderada pelos Australianos.

A Nova Zelândia destacou mais de 200 tropas e 25 polícias armadas em Maio como parte da força internacional de mais de 3,000 tropas liderada pelos Australianos para restaurar a paz na mais jovem nação da Ásia depois de perto de 100 pessoas terem sido mortas em confrontos violentos e ataques incendiários.

A violência irrompeu depois do governo ter despedido 600 soldados, desencadeando mais alargado desassossego que incluiu gangs rivais em batalhas nas ruas da capital, Dili.

Algumas 150,000 da pequena nação de 800,000 pessoas foram tiradas das suas casas nas lutes que se seguiram aos despedimentos.

Será necessária uma maior presença internacional liderada pela ONU no futuro previsto para manter a paz e organizar e supervisionar as eleições legislativas e presidenciais do próximo ano, disse o Ministro dos Estrangeiros José Luís Guterres na Assembleia Geral da ONU na Quarta-feira.

"A polícia da Nova Zelândia mostrou a sua capacidade para dar uma contribuição positive e valiosa, ao lado dos seus colegas internacionais, para as vidas dos Timorenses," disse King.

Mantém-se 160 tropas da Nova Zelândia no país para assistir a polícia.

A polícia da Nova Zelândia serviu previamente na missão da ONU em Timor-Leste, antes do território ter ganho a independência da Indonésia, e na Namíbia e em Chipre.

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Controvérsia sobre as reportagens de Martinkus em Timor-Leste
Mark Aarons: O drama de Timor-Leste não teve agenda escondida

Acabem com as teorias de conspiração: Alkatiri não foi vítima duma qualquer cabala maligna da defesa dos USA-Austrália

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The Australian, 26sep06

Alguns factos desconfortáveis
The Australian, Quarta-feira, Setembro 27, 2006

O extraordinário ataque de Mark Aarons à minha reportagem de Timor-Leste ("O drama de Timor-Leste não teve agenda escondida ", 26/9) ignora a questão básica de quem começou a violência em Maio e quem é que a liderou. Ao contrário de Aarons, eu sou um jornalista e faz parte do meu trabalho relatar a informação que recebo, mesmo se é desagradável.

O meu trabalho não é ser um promotor de um lado particular. Tenho conduzido investigações profundas em Timor-Leste e tenho posto a descoberto alguns factos desconfortáveis. Sei que a equipa de investigação da ONU já conhece alguns desses factos e está a chegar às mesmas conclusões a que cheguei.

Se Aarons está tão perturbado com as minhas reportagens, então talvez ele devesse ir a Timor-Leste e fazer algumas reportagens ele próprio, em vez de atacar jornalistas que estiveram lá.

John Martinkus
Flemington, Vic


New Matilda responde:

Editorial: Tocando a linha em Timor
Por: New Matilda
Quarta-feira 27 Setembro 2006

Esta semana The Australian publicou um artigo de opinião de Mark Aarons atacando o jornalista John Martinkus, e o New Matilda, por causa de artigos que publicámos sobre a violência recente em Timor-Leste.

Aarons argumenta que estamos a desencadear uma ‘campanha extraordinária’ contra o Presidente Timorense Xanana Gusmão para o implicar na queda do antigo Primeiro-Ministro Timorense Marí Alkatiri.

Aarons faz alguns ataques pessoais a Martinkus, que não vamos dignificar com uma resposta, mas o que podemos interpelar directamente é o seu questionamento a duas peças da evidência apresentadas por Martinkus em New Matilda.

Aarons argumenta com razão que uma nota escrita por Gusmão ao soldado amotinado Alfredo Reinado (disponível na totalidade no nosso website) não é evidência suficiente para afirmar que os dois ‘estavam juntos para remover violentamente Alkatiri.’ Concordamos. Mas isso não o torna não ser digno de ser relatado.

De facto, Martinkus e a New Matilda, apresentaram a carta pelo que ela é: a prova duma relação estreita entre Gusmão e Reinado no cume da crise Timorense — o que é extraordinário se se considerar os factos num contexto Australiano. Se John Howard enviasse uma nota amigável a um soldado desertor Australiano que tivesse disparado contra as Forças de Defesa Australiana ou contra a Polícia Federal Australiana usando armas roubadas, Aarons sugeriria aos jornalistas para ignorarem isso?

Gusmão não refutou a sua relação estreita com Reinado.

Num artigo que se seguiu no New Matilda, a semana passada, Martinkus citou uma declaração do antigo comandante da polícia Abilio ‘Mausoko’ Mesquita, que está na cadeia pelo seu papel na violência. No documento — que passou (para o exterior) sem autorização ou conhecimento de Mesquita — Mesquita afirma que foi o próprio Gusmão quem lhe deu as ordens para atacar a casa do comandante das forças militares de Timor-Leste, o Brigadeiro Taur Matan Ruak, em 24 e 25 de Maio .

Martinkus sublinha que se é legítima, a declaração de Mesquita passada para o exterior implica Gusmão na violência armada em Timor-Leste.

Aarons descarta o documento como ‘absurdo’ mas não explica como é que chegou a essa conclusão. Cita as afirmações da jornalista Australiana e correspondente de Timor-Leste Jill Jolliffe, no nosso website, de que o documento é ‘demonstradamente falso.’ Mas a Jolliffe não demonstrou a falsidade do documento ou do seu conteúdo.

Aarons sugere também que por causa de outros jornalistas terem ignorado a história, Martinkus — e o New Matilda — também a deviam ignorar. Soa-nos a jornalismo de encomenda.

O que Aarons ignora convenientemente no seu artigo — e não explica — são os factos postos a nú pelo próprio Mark Dodd do The Australian: que Gusmão pagou pelo menos uma parte da conta de hotel de Reinado durante a crise.

John Martinkus e o New Matilda relataram algumas histórias inconvenientes sobre a situação em Timor-Leste, sem medo ou favor. Quando for apropriado, tornaremos disponíveis os documentos que fundamentam estas histórias.

Como Aarons, esperamos avidamente o relatório da Comissão Especial Internacional de Inquérito sobre as causas da violência recente em Timor-Leste.

Continuaremos a apresentar os factos à medida que os descobrirmos. Convidamos os nossos críticos a fazerem o mesmo.

A carta de Peter Murphy para the Australian:

Caro Editor,

Mark Aarons está realmente na defensiva com o seu artigo de opinião de ontem 'não (há) agenda escondida', visa desacreditar as reportagens por John Martinkus de Timor Leste.

Em vez de se engajar em teorias de conspiração, Martinkus ralatou alguns factos sobre o Comandante Rai'los, Major Reinado, e Abílio Mesquita. Nenhum desses factos é lisonjeiro para o herói de Mr Aarons, o Presidente Gusmão, mas talvez seja a altura de Mr Aarons os enfrentar, apesar de tudo.

Eu estava num encontro oficial sobre bem-estar social em Dili em 20 de Junho quando o Polícia Federal Australiano de ligação relatou a prisão de Mesquita na noite anterior, dizendo que ele era o 'mais procurado em Dili'. Na casa de Mesquita foram encontradas dezasseis armas automáticas.

Pode Mr Aarons dizer porque é que a declaração de Mesquita é 'demonstradamente falsa', em vez de simplesmente o afirmar?

Sinceramente,
Peter Murphy


A carta de Bob Boughton para The Australian:

Caro Editor

Mais uma vez, Mark Aarons posa como especialista sobre Timor-Leste na coluna de opiniões do seu jornal, do conforto de Sydney. Ignorando os escritos de académicos do país com reputação, e atacando as credenciais de jornalistas que se atrevem a serem diferentes, produz a seu própria corrente de propaganda, um conto de fadas simplista a preto e branco onde Alkatiri e a FRETILIN são os maus e Xanana e Horta são os bons. A tragédia é que bem-intencionados oficiais Australianos e trabalhadores humanitários internacionais alimentados por uma dieta consistente de tais disparates chegam a Dili a pensar que tudo está clarificado.

Repetem a análise, sem conhecerem o poder que têm, e marginalizando mais ainda todos os Timorenses que compreendem que as coisas não são tão simples, depois de anos de guerra e de traumatismos. Esta é uma sociedade fracturada, e nenhuma força política no país foi capaz de a unir. Políticas democráticas podem fazê-lo, mas estão extremamente subdesenvolvidas. As ameaças à paz e à democracia não vêm da corrente liderança da FRETILIN, mas antes dos que procuram enfraquecer a FRETILIN, do exterior e do interior.

Porquê? Talvez porque foi eleita democraticamente (80% dos votos nas eleições locais em Setembro de 2005), está bem organizada, tem um programa político progressista em vez de um neoliberal, e é orgulhosamente protectora do interesse nacional Timorense, incluindo os seus direitos aos seus recursos de petróleo. Ninguém diz que a FRETILIN é perfeita. Mas um partido que ajudou a derrotar um dos maiores e mais brutais poder colonial do mundo, e depois, em poucos anos, se transformou a si própria num governo eleito democraticamente, merece algum respeito.

O que é que Aarons conhece das dificuldades de transformar um povo brutalmente oprimido cuja unidade se baseava numa guerra pela independência clandestina numa sociedade aberta democrática? Apesar de reclamar que é jornalista, parece que ele não entrevistou um único dos líderes que ataca. Como pessoa que falou extensivamente com Ministros de topo da FRETILIN e líderes do partido nos anos recentes, incluindo nas duas últimas semanas, sobre as suas políticas e programas no meu campo de especialidade (educação de adultos), posso garantir aos seus leitores que eles não são como Aarons os pintou.

Eles estão a lutar, como qualquer um na sua situação estaria, para reconstruir o seu país, destruído por vinte e quatro anos de guerra. Eles e o povo do seu país merecem todo o apoio que lhes pudermos dar. Nem é acertado nem ajuda, tomar publicamente (um) lado simplista nas disputas políticas internas de outros países, especialmente numa sociedade póst-conflito.

Dr. Bob Boughton
Dili

O escritor é um Leitor Senior em Educação para Adultos na Universidade de New England, Armidale NSW, envolvido correntemente numa investigação a longo prazo e num projecto de construção de capacidade em literacia e literacia de adultos e educação básica em Timor-Leste.

A carta de Chris Ray para The Australian:

Caro Editor,

Mark Aarons ('O drama de Timor-Leste não teve agenda escondida' 26/9) rotula o jornalista John Martinkus de 'propagandista' a empurrar para 'teoria da conspiração' em que Mari Alkatiri foi removido por um golpe envolvendo o Presidente Gusmão. Estranhamente, Aarons não menciona a evidência descoberta por Mark Dodd do próprio The Australian e relatada na página da frente do seu jornal em 12 de Setembro, de que Gusmão pagou as despesas de hotel dos amotinados das forças armadas liderados pelo fugitivo da prisão Major Reinado, um actor chave na luta anti-Alkatiri que enfrenta uma acusação de tentativa de homicídio.
Martinkus e Dodd conseguiram pôr alguma luz num negócio muito escuro. Porque é Aarons responde com gritaria partidária a evidências que contrariam as suas opiniões preconcebidas dos factos?

Chris
SEARCH Foundation

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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