domingo, outubro 01, 2006

Dia cultural com historiador ilustre - José Mattoso deu aula na Batalha

Jornalregional.com - 29-09-2006


No passado dia 21 de Setembro, o ilustre leiriense José Mattoso foi a figura principal de “um dia cultural” na Batalha e em Leiria, por iniciativa da ADLEI e do CEPAE, que terminou num jantar-conferência de homenagem pelas câmaras municipais de Leiria e da Batalha.

O dia começou, precisamente no nosso concelho, pelas 12h00, num encontro do professor com os alunos de história do Concelho, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Um local cheio de significado para José Mattoso, por ter sido ali, numa visita à sala do capítulo, que “despertou” para a História, como ele próprio confessou. “Ao ouvir do meu professor a história/lenda do mestre Afonso Domingues, que teria morrido de emoção ao ver que abóbada não caiu nem cairia jamais, senti-o ali presente, senti o prazer da história do passado reflectida no presente”, afirmou.

Sem discurso preparado, o professor foi respondendo às questões dos alunos. Questões que se centraram, sobretudo, no seu percurso de vida, como monge beneditino, como investigador e escritor da história e, principalmente, como “construtor” da história recente de Timor nos cinco anos de voluntário cultural e social que dedicou àquele povo.

Enquanto se ocupava do restauro do que restava do arquivo documental daquele país, dava aulas no Seminário e participava em acções de solidariedade, foi-se apercebendo da importância fundamental da língua e da cultura portuguesas em Timor, “referências que nunca irão desaparecer”.

Esta foi também uma convicção partilhada pela sua esposa, professora Maria José, que o levou com ela a viver esta “aventura”.

Aperceberam-se, também, de que as ajudas internacionais servem, muitas vezes, para “garantir o controlo no terreno”, com intenções veladas que passam pela exploração das riquezas locais e pelo domínio político e cultural.

Nesse contexto, “os professores, na sua maioria mulheres, são as pessoas que eles sentem mais como amigos, que mais estimam e que são a verdadeira imagem de cooperação que têm de Portugal, até porque são os últimos abandoná-los quando surgem os problemas de violência ou de carência”, confidenciaram.

Quanto à história, José Mattoso deu ainda uma lição de como se pode ser isento, quando questionado sobre o peso da fé cristã no seu trabalho. “A paixão por uma pessoa ou por uma instituição não nos leva a ocultar ou evitar conhecer os seus erros, mas sim, ajuda-nos a assumi-los e compreendê-los”, afirmou. Formado em Lovaina (Bélgica), onde o rigor histórico é um valor fundamental, assume claramente a leitura crítica, que, aliás, é hoje defendida pela Igreja contra a apologética que dominou o seu discurso em décadas passadas. Exemplo disso foi a posição do Concílio Vaticano II sobre as outras religiões, de reconhecimento dos seus valores, da necessidade de diálogo para o mútuo crescimento e da negação absoluta da violência como arma da fé. “Não pode matar-se em nome de Deus, é blasfémia!”, comentou. Um tema que saltou rapidamente para a uma breve análise da actual relação conturbada do Ocidente como mundo Muçulmano.

A concluir, o professor deixou uma nota aos estudantes: “A história é importante, não como repositório de factos passados, mas como base de compreensão do mundo presente em que vivemos”.

Uma outra “aula informal” foi dada, à tarde, no Arquivo Distrital, aos alunos do 12º ano de Leiria, seguindo-se o contacto com o público em geral e um passeio por locais de interesse patrimonial daquela cidade. Um dia cheio que terminou no referido jantar-conferência, no hotel Eurosol.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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