quinta-feira, junho 22, 2006

PR diz que se demite se Alkatiri não o fizer, PM irredutível

Lisboa, 22 Jun (Lusa) - O Presidente timorense, Xanana Gusmão, ameaçou demitir-se sexta-feira se o primeiro-ministro não o fizer, mas Mari Alkatiri mostrou-se irredutível na sua decisão de se manter na chefia do Governo.

Numa comunicação hoje ao país, Xanana Gusmão responsabilizou Alkatiri pela crise que o país atravessa, considerando que está em causa a sobrevivência do Estado de direito democrático, e afirmou que sente "vergonha" pelo que o Estado está a fazer ao povo.

Em reacção à posição assumida pelo Presidente, Alkatiri rejeitou peremptoriamente a possibilidade de se demitir, justificando que, perante uma situação "tão complexa", "uma decisão precipitada pode complicar ainda mais as coisas".

A Comissão Política Nacional da FRETILIN reuniu-se hoje e o resultado do encontro foi o reforço do apoio ao chefe do Governo e um apelo ao Presidente da República para fazer o possível para encontrar "uma solução que salvaguarde as instituições democráticas".

Na mensagem de 14 páginas, pronunciada em tetum, Xanana questiona ainda a legitimidade da direcção da FRETILIN, acusando-a de ter comprado votos dos delegados ao último congresso, em Maio último, em que Alkatiri foi eleito secretário-geral com 97,1 por cento dos votos.

Xanana afirmou que rejeita os resultados deste congresso porque o método da votação não respeita a legislação que regulamenta a eleição dos órgãos de direcção partidários, referindo-se à votação por braço no ar, e deu um prazo de uma semana para a realização de um congresso extraordinário do partido no poder.

Alkatiri rejeitou a acusação de compra de votos, considerou-a "extremamente séria", e lamentou que o presidente tenha chegado a este ponto.

"Não considero esta polémica saudável porque a liderança da FRETILIN tudo tem feito para contribuir para a solução e não para agravar a situação", disse Alkatiri.

Na mensagem de Xanana, são várias as referências à FRETILIN e as acusações vão desde a colocação das forças armadas e da polícia ao serviço do Governo até à usurpação dos Serviços de Informação do Estado.

Apesar de recusar abandonar o cargo, Alkatiri anunciou que pretende deixar a pasta dos Recursos Energéticos, de acordo com uma proposta que vai apresentar à direcção da FRETILIN, que prevê também a nomeação de um ou dois vice-primeiros-ministros.

O Governo português, que enviou para Timor-Leste 120 efectivos da GNR para ajudar a pacificar o país, juntamente com forças da Austrália, Malásia e Nova Zelândia, recusou-se a comentar a intenção manifestada por Xanana em demitir-se.

O executivo está a "acompanhar com preocupação a crise política" entre o chefe de Estado timorense, Xanana Gusmão, e o seu primeiro-ministro, Mari Alkatiri, mas "seria uma irresponsabilidade fazer qualquer comentário" sobre essa matéria, afirmou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira.

"O Governo português não interfere nas questões políticas de um país soberano, mas está a acompanhar a situação a partir de Lisboa e no terreno [em Díli]", acrescentou Silva Pereira no final da reunião do Conselho de Ministros, frisando que Portugal "permanece empenhado na missão da GNR em Timor-Leste, no sentido de colaborar na manutenção da ordem pública no país".

VM.

4 comentários:

Anónimo disse...

Acho que vale a pena ver isto do Le Monde:

Le président timorais Gusmao demande au premier ministre de démissionner
LE MONDE | 22.06.06 | 14h17 • Mis à jour le 22.06.06 | 14h17
BANGKOK CORRESPONDANT
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e président du Timor-Oriental, Xanana Gusmao, a demandé à son premier ministre, Mari Alkatiri, de démissionner en vue de sortir le pays de la crise politique après les troubles du mois de mai, qui ont laissé trente morts à Dili, la capitale de l'ancienne colonie portugaise.

Les instances dirigeantes du parti au pouvoir, le Fretilin, ancien mouvement insurgé contre l'occupation indonésienne (1975-1999), puis le gouvernement devaient examiner la situation, jeudi 22 et vendredi 23 juin, au vu de la lettre sans ambiguïté adressée par le très populaire chef de l'Etat à M. Alkatiri. M. Gusmao, qui n'appartient plus au Fretilin, lui donne "le choix de décider (lui-même) : soit vous démissionnez, soit, après avoir entendu le Conseil d'Etat, je vous révoquerai, parce que vous avez cessé de mériter ma confiance".


Le prétexte a été la diffusion, par la chaîne de télévision australienne ABC, d'un documentaire étayant les accusations qui circulaient depuis plusieurs semaines à Dili sur l'implication du premier ministre dans la distribution d'armes à des groupes civils de son obédience, lors de la mutinerie qui a provoqué la crise, fin avril.

M. Gusmao s'est dit "choqué". La position de M. Alkatiri qui, à de multiples reprises, a proclamé son intention de conserver son poste, était devenue plus délicate mardi, quand le procureur général Longuinhos Monteir, soutenu par les Nations unies, avait annoncé, en liaison avec cette affaire, l'émission d'un mandat d'arrêt à l'encontre de l'ancien ministre de l'intérieur Rogiero Lobato, un proche du premier ministre.

Soupçonné de clientélisme dans l'attribution de contrats financés par la communauté internationale, M. Alkatiri, musulman modéré dans un pays presque totalement catholique, est en outre accusé d'autoritarisme et de penchants marxistes, un leg de ses années passées en exil au Mozambique lors de la lutte indépendantiste. "Dehors, le communiste !", proclament des banderoles brandies contre lui.

En théorie, M. Gusmao n'a pas le pouvoir constitutionnel de démettre le premier ministre ni de dissoudre le Parlement, où le Fretilin détient 55 des 88 sièges. Mais lui-même et son ministre de la défense et des affaires étrangères, Ramos Horta, Prix Nobel de la paix, ont le soutien à peine voilé de l'Australie, qui a dépêché un contingent de plus de mille soldats et policiers pour ramener l'ordre dans le pays et désarmer les militaires entrés en rébellion contre M. Alkatiri. M. Horta a offert ses services pour diriger un gouvernement intérimaire.

Francis Deron
Article paru dans l'édition du 23.06.06

Anónimo disse...

Tantos maus contra um imaculado! A coisa mais ridicula que ja vi na minha vida.
Timor e o Alkatiri e o resto e paisagem.
Alkatiri andou 24 anos a lutar no mato para conquistar a independencia. Chora e sofre pelo povo que jurou defender e soube defender ate a morte. Viu muitos dos seus companheiros tombar ao seu lado e as inumeras dificuldades que atravessou no seio do solo sagrado de timor aprendeu a ser democratico e amante da paz. Isto tudo mereceu-lhe a confianca do seu povo que jamais o abondonara. Foi preso pelo barbaro invasor e ainda na prisao nunca traiu a sua patria. Soube sempre ser fiel ao pedido que o seu povo outora lhe tinha feito em solo patrio. Continua a luta Alkatiri porque es a chama do povo massacrado.
viva mari alkatiri.
Comandante em chefe da Fretilin

Anónimo disse...

o povo timorense reconhece no Xanana o filho, irmao, pai, avo, tio que lutou e comeu do mesmo pao amargo amassado pelos barbaros indonesios que eles foram obrigados a comer.
O povo nada sente pelo alkatiri ate porque ele de timorense so tem o nascimento.

Anónimo disse...

Anónimo das 1:46:26 AM: o povo timorense não é diferente dos outros povos nem a sociedade timorense é única na sua originalidade. Em todas as sociedades há os que têm e os que não têm, e há os que têm muito, assim-assim ou pouco. E há sociedades que têm Constituições que reconhecem mais os direitos de todos e outras cujas Constituições reconhecem mais os direitos dos mais ricos e dos que mais possuem.

Timor tem a sorte de ter uma Constituição que reconhece mais os direitos de todos. Diz logo no seu Artigo 1º: “A República de Timor-Leste é um Estado de direito democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito pela dignidade da pessoa humana”.

E diz ainda no seu Artigo 16ª:
“1. Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres.
2. Ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental”.

E finalmente não se esqueça que no dia das eleições o seu voto vale rigorosamente o mesmo que o voto do Xanana ou o voto do Alkatiri, todos valem só um voto.

Mas politicamente o voto de Alkatiri vai juntar-se ao voto do seu partido e é por juntarem tantos votos que sendo só um o voto do Alkatiri vai contar mais.

Pois como dizia o grande poeta chileno Pablo Neruda, no poema dedicado ao seu partido: "Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo."

É essa a grande força do Alkatiri, ser um homem de partido, do grande partido que é a Fretilin.

E deixo-lhe o poema de Pablo Neruda:

“Ao meu Partido”
Deste-me a fraternidade para com o que não conheço.
Acrescentaste à minha a força de todos os que vivem.
Deste-me outra vez a pátria como se nascesse de novo.
Deste-me a liberdade que o solitário não tem.
Ensinaste-me a acender a bondade, como um fogo.
Deste-me a rectidão de que a árvore necessita.
Ensinaste-me a ver a unidade e a diversidade dos homens.
Mostraste-me como a dor de um indivíduo morre com a vitória de todos.
Fizeste-me edificar sobre a realidade como sobre uma rocha.
Tornaste-me adversário do malvado e muro contra o frenético.
Fizeste-me ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Tornaste-me indestrutível, porque, graças a ti, não termino em mim mesmo.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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