sábado, junho 24, 2006

Governo envia missão a Díli e defende presença militar da ONU no país

Brasília, 24 Jun (Lusa) - O governo brasileiro defende uma presença significativa das Nações Unidas no actual processo de estabilização política e social em Timor-Leste, disse hoje à Agência Lusa o subsecretário geral para a África, Ásia, Oceania e Médio Oriente do Itamaraty.

O embaixador Pedro Motta, que vai liderar uma missão do governo brasileiro a Díli, a nível bilateral, de 30 de Junho a 04 de Julho, disse que "é fundamental a presença militar da ONU no país, com forte componente de natureza policial".

"Estamos muito preocupados. É urgente que a ONU assuma o seu papel de manutenção da paz e da estabilidade política e social de Timor-Leste", assinalou o diplomata brasileiro.

Para além de dialogar com as autoridades timorenses, a missão brasileira deverá trocar impressões com os representantes das Nações Unidas que estão no país, nomeadamente com Ian Martin, enviado do secretário-geral da ONU devido aos confrontos ocorridos em Díli.

"Reconhecemos o valor da presença das forças estrangeiras em carácter de emergência, mas é importante que o processo de manutenção da paz seja conduzido sob a égide da ONU", reiterou o embaixador.

Pedro Motta explicou à Agência Lusa que a missão brasileira, constituída a pedido do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, é totalmente desvinculada da missão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Timor-Leste, na qual o Brasil também estará integrado.

Na missão da CPLP, o Brasil estará representado pelo embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca, que será o novo director da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Itamaraty.

A decisão brasileira de enviar a Timor-Leste uma missão diplomática foi tomada antes da reunião do Conselho de Ministros da CPLP, em Lisboa, onde foi acertado o envio de uma missão técnico- política a Díli entre 03 e 06 de Julho.

Pedro Motta destacou que a missão brasileira quer compreender as razões subjacentes à actual crise e pretende trabalhar com as autoridades timorenses para a estabilidade política e retomada do crescimento do país, defendendo a solução de controvérsias por meio pacífico.

A delegação brasileira, que também tem o objectivo de reforçar a cooperação com o governo timorense, deverá ser integrada por diplomatas e representantes das áreas da educação, justiça e defesa.

"Queremos manter a cooperação com Timor-Leste e, eventualmente, ajustá-la às circunstâncias actuais, como na área eleitoral, por exemplo, com a proximidade das eleições, marcadas para Abril de 2007", referiu o subsecretário geral para a África, Ásia, Oceania e Médio Oriente do Itamaraty.

Segundo o embaixador brasileiro, o Brasil quer estar mais presente em Timor-Leste e acompanhar de uma forma mais directa a situação actual do país.

A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que garantem ter sido alvo de discriminação ética por parte da hierarquia das forças armadas.

O protesto, em finais de Abril, terminou com uma intervenção do exército e houve mortes.

O governo diz que cinco timorenses foram mortos nos confrontos, mas os ex-militares afirmam que o número de mortos chegou a 60.

Os problemas de segurança amenizaram-se com a chegada de forças estrangeiras em Timor-Leste, nomeadamente de Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, mas a crise política continua aguda.

O presidente Xanana Gusmão ameaçou demitir-se na sexta-feira, caso o primeiro-ministro Mari Alkatiri não deixe o cargo.

CMC.

2 comentários:

Anónimo disse...

Acordaram!!
Antes tarde do que nunca.
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

Vejam também a notícia da ABC que tomei a iniciativa de traduzir, mas podem ler o original. (link abaixo).
Nao se preocupe margarida não quero a sua posição de tradutora oficial do timor-online. Estou somente a dar-lhe uma pequena ajuda.


Tradução:

Lobato implica Alkatiri nas alegações do “esquadrão da morte”

By Anne Barker in Dili and Reuters

O antigo ministro do interior de Timor-Leste, Rogerio Lobato, implicou diretamente o Primeiro Ministro Mari Alkatiri nas alegações de que eles tinha recrutado um grupo de milicias civis.

Lobato encara quatro acusações sobre alegações de ter fornecido armas à um esquadrão de morte civil para eliminar os oponentes do Dr Alkatiri.

O líder do grupo, Coronel Railos, alegou que Lobato estivera a agir sob ordens do Primeiro Ministro e que ele e o seus homens tinham-se encontrado com o Dr. Alkatiri a 7 de Maio, altura em que foi discutido essa questão.

A ABC confirmou já que o testemunho de Lobato em tribunal confirma a história de Coronel Railos.

Ele disse aos investigadores que o Dr Alkatiri tinha total conhecimento do plano, algo que o Primeiro Ministro tem consistentemente vindo a negar.

Esta noite, o Dr Alkatiri resiste a pedidos de sua resignação apesar de uma ameaça do Presidente Xanana Gusmão de que iria demitir-se caso o Primeiro Ministro se recuse a o fazer.

O Ministro de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, disse não ser claro o alcance dos poderes políticos do Presidente Gusmão na constituição de Timor-Leste.

"Nesta Constituição, nenhum tem o poder especial ou esmagador," retorquiu.

"Portanto é uma Constituição de Balanço do Poder, o que faz com que uma situação destas, toda a questão, seja difícil de resolver legal e constitucionalmente."

Ele diz que a Australia não tem algum controle sobre a possibilidade de o Dr Alkatiri se resignar ou não durante as investigações sobre as alegações contra a sua pessoa.

"Quais ligações existem entre o que ele alegadamente fez e o Primeiro Ministro e quão verdadeiras são algumas dessas alegações feitas contra o Primeiro Ministro, são questões que os Timorenses irão ter que investigar,” disse.

http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670626.htm

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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