sábado, junho 24, 2006

East Timor: the coup the world missed

http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=402


22 Jun 2006

In his latest column for the New Statesman, John Pilger describes the latest phase of East Timor's struggle for independence, which, in the 1990s, he went undercover to report. One of the world's newest and poorest states now faces the overweening power of its vast neighour, Australia. Once again, the prize is oil and gas.

In my 1994 film Death of a Nation there is a scene on board an aircraft flying between northern Australia and the island of Timor. A party is in progress; two men in suits are toasting each other in champagne. "This is an historically unique moment," effuses Gareth Evans, Australia's foreign affairs minister, "that is truly uniquely historical." He and his Indonesian counterpart, Ali Alatas, were celebrating the signing of the Timor Gap Treaty, which would allow Australia to exploit the oil and gas reserves in the seabed off East Timor. The ultimate prize, as Evans put it, was "zillions" of dollars.

Australia's collusion, wrote Professor Roger Clark, a world authority on the law of the sea, "is like acquiring stuff from a thief . . . the fact is that they have neither historical, nor legal, nor moral claim to East Timor and its resources". Beneath them lay a tiny nation then suffering one of the most brutal occupations of the 20th century. Enforced starvation and murder had extinguished a quarter of the population: 180,000 people. Proportionally, this was a carnage greater than that in Cambodia under Pol Pot. The United Nations Truth Commission, which has examined more than 1,000 official documents, reported in January that western governments shared responsibility for the genocide; for its part, Australia trained Indonesia's Gestapo, known as Kopassus, and its politicians and leading journalists disported themselves before the dictator Su-harto, described by the CIA as a mass murderer.

These days Australia likes to present itself as a helpful, generous neighbour of East Timor, after public opinion forced the government of John Howard to lead a UN peacekeeping force six years ago. East Timor is now an independent state, thanks to the courage of its people and a tenacious resistance led by the liberation movement Fretilin, which in 2001 swept to political power in the first democratic elections. In regional elections last year, 80 per cent of votes went to Fretilin, led by Prime Minister Mari Alkatiri, a convinced "economic nationalist", who opposes privatisation and interference by the World Bank. A secular Muslim in a largely Roman Catholic country, he is, above all, an anti-imperialist who has stood up to the bullying demands of the Howard government for an undue share of the oil and gas spoils of the Timor Gap.

On 28 April last, a section of the East Timorese army mutinied, ostensibly over pay. An eyewitness, Australian radio reporter Maryann Keady, disclosed that American and Australian officials were involved. On 7 May, Alkatiri described the riots as an attempted coup and said that "foreigners and outsiders" were trying to divide the nation. A leaked Australian Defence Force document has since revealed that Australia's "first objective" in East Timor is to "seek access" for the Australian military so that it can exercise "influence over East Timor's decision-making". A Bushite "neo-con" could not have put it better.

The opportunity for "influence" arose on 31 May, when the Howard government accepted an "invitation" by the East Timorese president, Xanana Gusmão, and foreign minister, José Ramos Horta - who oppose Alkatiri's nationalism - to send troops to Dili, the capital. This was accompanied by "our boys to the rescue" reporting in the Australian press, together with a smear campaign against Alkatiri as a "corrupt dictator". Paul Kelly, a former editor-in-chief of Rupert Murdoch's Australian, wrote: "This is a highly political intervention . . . Australia is operating as a regional power or a political hegemon that shapes security and political outcomes." Translation: Australia, like its mentor in Washington, has a divine right to change another country's government. Don Watson, a speechwriter for the former prime minister Paul Keating, the most notorious Suharto apologist, wrote, incredibly: "Life under a murderous occupation might be better than life in a failed state . . ."

Arriving with a force of 2,000, an Australian brigadier flew by helicopter straight to the headquarters of the rebel leader, Major Alfredo Reinado - not to arrest him for attempting to overthrow a democratically elected prime minister but to greet him warmly. Like other rebels, Reinado had been trained in Canberra.

John Howard is said to be pleased with his title of George W Bush's "deputy sheriff" in the South Pacific. He recently sent troops to a rebellion in the Solomon Islands, and imperial opportunities beckon in Papua New Guinea, Vanuatu and other small island nations. The sheriff will approve.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Timor-Leste: O golpe que o mundo perdeu
22 Jun 2006

Na sua última coluna para o New Statesman, John Pilger descreve a última fase da luta de Timor-Leste pela independência, que, nos anos 1990s, ele foi clandestinamente relatar. Um dos mais novos e pobres Estados enfrenta o esmagador poder do seu vasto vizinho, Austrália. Mais uma vez, o prémio é petróleo e gás.

No meu filme de 1994 “Morte de uma Nação” há uma cena a bordo de um avião a voar entre o norte da Austrália e a ilha de Timor. Desenrola-se uma festa; dois homens de fatos fazem saúdes um ao outro com champagne. "Este é um momento único historicamente," congratula-se Gareth Evans, o ministro dos assuntos estrangeiros da Austrália, "isto é verdadeiramente único historicamente." Ele e o seu homónimo Indonésio, Ali Alatas, estavam a celebrar a assinatura do Tratado do Timor, que autorizará a Austrália a explorar as reservas do petróleo e do gás no fundo do mar de Timor-Leste. O prémio último, como Evans disse, são "zillions" de dollars.

A conspiração da Austrália, escreveu o Professor Roger Clark, uma autoridade mundial da lei marítima, "é como comprar coisas a um ladrão . . . o facto é que eles não têm direito nem histórico, nem legal, nem moral sobre Timor-Leste e os seus recursos ". Por cima deles está uma pequena nação então a sofrer uma das mais brutais ocupações do século 20. Miséria forçada e assassínios tinham extinguido um quarto da população: 180,000 pessoas. Proporcionalmente, esta foi uma carnificina maior que no Cambodia sob Pol Pot. A Comissão da Verdade das Nações Unidas, que examinou mais de 1,000 documentos oficiais, relatou em Janeiro que governos ocidentais partilham responsabilidades para o genocídio; pela sua parte, a Austrália treinou a Gestapo Indonésia, conhecida como Kopassus, e os seus políticos e jornalistas liderantes divertiram-se eles próprios frente ao ditador Su-harto, descrito pela CIA como um criminoso de massas.

Nesses dias a Austrália gostava de se apresentar como um vizinho de Timor-Leste cooperante e generoso depois da opinião pública ter forçado o governo de John Howard a liderar uma força de capacetes azuis da ONU há seis anos. Timor-Leste é agora um Estado independente, graças à coragem do seu povo e a uma tenaz resistência liderada pelo movimento de libertação, Fretilin, que em 2001 varreu o poder político nas primeiras eleições democráticas. Nas eleições regionais no ano passado, 80 por cento dos votos foram para a Fretilin, liderada pelo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri, um convicto "nacionalista económico ", que se opõe à privatização e à interferência do Banco Mundial. Um muçulmano secular num país largamente Católico Romano, ele é, acima de tudo, um anti-imperialista que tem feito frente às disparatadas exigências do governo de Howard para uma ilegal partilha das reservas de petróleo e gás do Timor Gap.

Em 28 de Abril último, uma parte das forças armadas de Timor-Leste amotinaram-se, ostensivamente sobre ordenados. Uma testemunha, a repórter de rádio Australiana Maryann Keady, revelou que estiveram envolvidos oficiais Americanos e Australianos. Em 7 de Maio, Alkatiri descreveu os distúrbios como uma tentativa de golpe e disse que "estrangeiros e residentes no exterior " estavam a tentar dividir a nação. Um documento saído da Força de Defesa da Austrália revelou que o “primeiro objectivo da Austrália em Timor-Leste é “permitir o acesso” aos militares Australianos para que possam exercer "influência sobre a tomada de decisões em Timor-Leste ". Um "neo-con" Bushita não o diria melhor.

A oportunidade para "influenciar" levantou-se em 31 de Maio, quando o governo de Howard aceitou um "convite" do Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, e do ministro dos estrangeiros, José Ramos Horta – que se opõe ao nacionalismo de Alkatiri – para mandar tropas para Dili, a capital. Isto foi acompanhado por reportagens na imprensa Australiana (do tipo) "os nossos rapazes (vão) para socorrer", juntamente com uma campanha de difamação contra Alkatiri como um "ditador corrupto ". Paul Kelly, um antigo editor-em-chefe dos media Australianas de Rupert Murdoch, escreveu: "Esta é uma intervenção altamente política. . . A Austrália opera como um poder regional ou como uma potência hegemónica que molda resultados securitários e políticos." Tradução: A Austrália, tal como o seu mentor em Washington, tem o direito divino de mudar o governo dum outro país. Don Watson, um escritor de discursos para o antigo primeiro-ministro Paul Keating, o mais famoso apologista de Suharto, escreveu, inacreditavelmente: "A vida sob uma ocupação assassina pode ser melhor do que a vida num estado falhado. . ."

Chegando com uma força de 2,000, um brigadeiro Australiano voou de helicopter direito ao quartel do seu líder rebelde, Major Alfredo Reinado – não para o prender por tentativa de derrube de um primeiro-ministro democraticamente eleito mas para o cumprimentar calorosamente. Tal como outros rebeldes, Reinado foi treinado em Canberra.
Diz-se que John Howard está satisfeito com o título de ser o “vice-sheriff” de George W Bush no Pacífico Sul. Recentemente enviou tropas para uma rebelião nas Ilhas Salomão e acenam oportunidades imperiais em Papua Nova Guiné, Vanuatu e outras pequenas nações ilhas. O sheriff aprovará.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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