sábado, junho 24, 2006

«CPLP tem de intervir»

Expresso
24.06.2006
Ministra de Estado e da Adminstração Pública de Timor-Leste


A reunião ministerial extraordinária da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no domingo passado, durou cinco horas e Ana Pessoa falou três. Aparentemente convenceu os presentes da necessidade de intervir. A missão da CPLP que irá a Díli de 3 a 6 de Julho será presidida pelo MNE de São Tomé e Príncipe e integrará representantes de todos os países membros. Portugal já enviou ajuda a título bilateral, o Brasil vai enviar uma missão a 28 de Junho e Moçambique também.

Segundo o ministro português, Diogo Freitas do Amaral, os oito membros da CPLP deverão agir de concerto na ONU para «afastar a ideia que se trata de um estado falhado, defender a necessidade de uma força militar e policial da ONU no pais e participar activamente nesta força».

Como dirigente de um jovem país, que resolveu fazer do português umas das suas línguas oficiais, Ana Pessoa atribui à CPLP uma importância bem maior que muitos portugueses para quem falar esta língua é um «direito adquirido no berço», sem luta e sem risco. Diz que «num país como o nosso, que está a criar o seu Estado, a consolidar-se como nação, a língua representa um factor identitário, estruturante, e as nossas opções tem sido muito criticadas por quem não vê com bons olhos a nossa soberania. É para reafirmar a comunidade e a nossa ligação com ela que é importante a presença da CPLP em Timor».

Uma presença que não deve ser simbólica ou para expressar uma mera solidariedade retórica, mas sim efectiva e activa, «para influir desde o início no desenho da futura missão da ONU, através do peso próprio de cada um dos membros e da sua rede de relações, o Brasil com o Mercosul, Portugal com a União Europeia, os PALOP na União Africana». De forma a que possa garantir que as decisões que serão tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU para que esta missão da ONU sirvam «os interesses de Timor, da sua viabilidade e desenvolvimento e não os de uma potencia ou outra». Por outras palavras, para evitar a reedição de alguns erros cometidos durante a transição para a independência e cujas «culpas» são agora atribuídas a ONU ou aos próprios dirigentes timorenses.

1 comentário:

Anónimo disse...

Xanana Gusmão está preocupado, não quer a FRETILIN: quer o poder absoluto!

A FRETILIN não tem estado a facilitar as coisas a australianos e aos poucos* timorenses que se manifestam contra Mari Alkatiri.

Há, no entanto, aqui vários problemas.

Primeiro acharam que seria massacrando Mari Alkatiri que conseguiriam alterar as coisas. Agora perceberam que Mari Alkatiri não está agarrado ao Poder, mas sim agarrado à Constituição da República.

E perceberam também que a FRETILIN sabe continuar a respeitar a Constituição da República e que o fará sempre - contrariando a vontade de Xanana Gusmão e seus pares.

Surge o independente ministro José Ramos Horta, não surpreendentemente, a posicionar-se para reentrar na FRETILIN, para tomar o poder por dentro - quiçá para aceder a primeiro-ministro sem ser por iniciativa presidencial -, controlar o partido e mudar o rumo do mesmo mais para os interesses de Camberra e de Washington -, e até já "autorizou" o seu embaixador americano a regressar a Dili.

Xanana Gusmão cometeu outro erro estratégico no processo do assalto ao poder- e aqui não leva aspas pois é mesmo de assalto ao poder que se trata em Timor -, na sua provincial declaração deixou escapar da primeira à última linha que o que se pretende é a decapitação da FRETILIN e a sua anulação política e partidária.

Xanana Gusmão, que esteve e está, desde a primeira hora, numa política de enfraquecimento da FRETILIN - criando** partidos políticos e estímulando a sua acção -, tem agora o maior desafio da sua estratégia comum a José Ramos Horta e aos amigos americanos e australianos, que é o de provocar o declínio do maior partido timorense.

A execução do plano de aniquilação do partido político FRETILIN ainda está em marcha.

O passo seguinte é o que está a acontecer.

A FRETILIN percebeu desde o início a estratégia de Xanana Gusmão. Conduziu as coisas até a ponto em que estamos.

Xanana Gusmão, provinciano que é, mal preparado e mal aconselhado, perdeu as estribeiras e veio a público gritar brejeiramente, em tom e conteúdo bulhento, contra a FRETILIN e pessoas às quais o país deve muito, como é o caso do comandante Lu'olo.

O plano seguinte também já está em marcha.

Xanana Gusmão, ontem de forma burlesca, dirigiu-se aos seus homens - aqueles que ele tem controlado desde a primeira hora e protegido -, em pleno centro da cidade, protegidos pelos militares australianos***, para lhes agradecer a dedicação, usando as suas palavras, a "esta guerra".

Agora a hora é de passar à destruição da FRETILIN.
As tropas pseudo-políticas (a quem Xanana vai ter da pagar as promessas, pois caso contrário ...), de Xanana Gusmão, com Fernando de Araújo, Leandro Isaac, Manuel Tilman, Mário Carrascalão, Ângela Carrascalão, Lúcia Lobato, Joe Gonçalves, entre tantos outros pela primeira vez, nestes últimos anos podem andar a gritar vitória com os manifestantes pelas ruas de Díli.

Provocar a FRETILIN para uma reacção violenta ao circo montado em seu torno é o objectivo dos manifestantes, coordenados com a chefia máxima, de forma a provocar o governo de iniciativa presidencial. De outra forma, na forma actual, será a FRETILIN a decidir quem e como governa. A Constituição está viva e a FRETLIN, ao contrário do Presidente da República continua a ser o único pilar que sustém a Democracia, a Soberania ea Unidade Nacional.

Xanana Gusmão e José Ramos Horta sabem-no e estão a desesperar, estão emparedados.

A ofensiva seguinte está aí, os desertores passaram a Frente Nacional - com o sorriso de Xanana Gusmão - e já tomaram várias medidas, como a do encerrar o Parlamento Nacional e tomar conta dos movimentos na cidade de Dili.

* Poucos manifestantes, duas a três mil pessoas não têm "quórum" para a representação de um Povo Soberano e Democrata;

** sobre a consituição do PD e do PSD todos sabem dentro e fóra destes partidos como se processou o seu nascimento nos bastidores e o contributo que o "fotógrafo" deu ao surgir nos comícios como que por acaso;

***A entrada dos militares australianos era fundamental. De tal forma, que José Ramos Horta, com o "cc" de Xanana Gusmão, assinou o acordo, à revelia do governo ao qual pertence, dotando de poderes totais as tropas australianas - há sempre um preço a pagar nestas coisas.
Sem as tropas inoperantes, mas a comandar internamente, Xanana Gusmão e José Ramos Horta não tinham conseguido levar o processo até ao ponto em que está.

Reparem como os manifestantes foram introduzidos na cidade com o apoio das tropas e a sua segurança é assegurada pelos militares. reparem como Xanana Gusmão não respeita os seus pares e "deixa" promover provocações em caravana automóvel a casa do primeiro-ministro e em frente às instalações da FRETILIN.

Enquanto isso, nas estradas do país, as tropas australianas estão a bloquear os militantes da FRETILIN que organizados por si e em grupos pretendem dirigir-se a Dili.

Conclusão prévia:

Mesmo sem Mari a dirigir o Governo, vitimado por um golpe de Estado presidencial, a FRETILIN continuará a ser o partido que formou o governo em funções, com ou sem Mari Alkatiri.

Sabemos, todos nós ,que as coisas não ficam por aqui.

Xanana Gusmão, os amigos e a Austrália não estão satisfeitos - não esquecendo os USA, que já manifestaram todo o apoio à Austrália nas suas decisões para com Timor-Leste -, daí que se esperem mais ofensivas contra a pacificidade da FRETILIN, hoje, amanhã, mas não para sempre - desde que José Ramos Horta consiga entrar lá para dentro.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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