quarta-feira, maio 31, 2006

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"Parece-me que a UNICA maneira mais airosa que Timor-Leste teria para sair desta situação era formar um Governo de Unidade Nacional, cimentado com um 'pacto de sangue' entre os irmãos desavindos Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, cada um no seu posto.

E chamar alguém qualificado da oposição e da igreja. Envolver todos.Os novos Ministros da Defesa e do Interior deveriam trabalhar em 'close co-operation' com o PR, conforme anunciado, no quadro constitucional, do Conselho de Defesa e Segurança, durante o periodo das medidas de emergencia e 'beyond' - mas sempre respeitando o quadro constitucional.

As forças internacionais - incluindo a GNR - deveriam pôr cobro à anarquia e criar condições para que a PNTL faça o seu trabalho em Díli.Taur Matan Ruak deveria demonstrar que controla a tropa ou afastar-se.Os crimes contra as instituições deveriam ser investigados logo que haja condições para tal. Mas sem que isso signifique deitar gasolina para a fogueira.

As forças internacionais deveriam ser coordenadas efectivamente pela ONU - que devia substituir o palhaço do Hasegawa por alguém com 'gravitas' suficiente (que saudades do Sérgio...). Por que não o Ian Martin ? Os australianos deviam ser limitados a um entre vários contingentes internacionais de representatividade mais ou menos equilibrada (onde estão os brasileiros ? os japoneses ? os paquistaneses ?).

A presença da ONU deveria ser reforçada de modo a criar condições para haver eleições livres em 2007 (hopefully) e continuar para além disso o tempo necessário para que as instituições timorenses se consolidem suficientemente.

O que ficou provado - à saciedade - não foi o caso agora. E desta vez não vale a pena procurar desculpas em interferencias externas. Os dados são estes e são claros: as instituições timorenses demonstraram que são demasiado frageis para suportar qualquer 'pequeno' embate (seja ele externo ou interno). Há que as consolidar. E não repetir os erros do passado recente.

A alternativa é a comunidade internacional virar as costas e deixar que os timorenses se matem entre si. E Timor-Leste, o único caso de sucesso da ONU, de 'nation building' seguiria o rumo do Haíti, do Ruanda ou da Somália.E, aí, o amigo Australiano - mesmo a 'contragosto' seria forçado a intervir para por ordem no seu backyard - e Timor-Leste ficaria uma especia de Salomon II, um protectorado, um bantustão. Felizmente, para os australianos o território dispõe de recursos petroliferos que 'justificariam' (pagariam) a intervenção... que assim até nem fariam um mau negócio...

Claro que melhor, melhor para a Austrália seria que os timorenses se governassem a eles próprios - sem precisarem da tropa australiana para tomar conta das ruas e das fronteiras - e que fizessem docilmente o que Camberra pensa que eles devem fazer. Não é isso que o PM Howard e o seu 'parrot' Downer têm repetidamente dito?

4 comentários:

Anónimo disse...

No fundo o que este leitor está a defender é um golpe de estado...e no meio de tanta distribuição de cargos e tarefas esqueceu-se que existe um Parlamento Nacional. Já o dá como dissolvido? E esquece-se que a Fretilin nas eleições teve mais de 57% da votação popular? Isso não conta, não interessa?

Anónimo disse...

Mas, afinal, não está em curso uma tentativa de golpe de Estado ? Alkatiri dixit
O PR assumir os poderes do Governo não é um golpe de Estado ?

Anónimo disse...

Margarida: se tudo está 'normal', porque aconteceu tudo isto ? Será que é a realidade que se engana ?

Anónimo disse...

Anónimo: mas quem falou em "normal" foi você! Eu até acho que é tudo muitíssimo anormal.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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