quinta-feira, agosto 09, 2007

Eu não sou boneco de ninguém"

Jornal de Notícias, 08/08/07

Antes de ser anunciada a composição do novo Executivo de Timor-Leste, o presidente da República, José Ramos-Horta, admitiu, em entrevista à agência Lusa, ter vetado, informalmente, um ou mais nomes que lhe haviam sido propostos por Xanana Gusmão. "Já exerci o veto e não hesito em fazê-lo", disse, esclarecendo que todos os nomes a indigitar seriam por ele apreciados, em conjunto com o procurador-geral da República, para despistar eventuais antecedentes criminais dos putativos governantes. "Um pequeno funcionário nosso, quando pede emprego, tem de apresentar um certificado de registo criminal. Por que não um membro do Governo, com muito maiores responsabilidades?", questionou, argumentando que tal procedimento é usado em países como os Estados Unidos ou a Austrália "É uma novidade que eu introduzo e da qual ninguém pode reclamar".

"Eu não sou boneco de ninguém", sublinhou, afirmando-se totalmente independente em relação aos quatro partidos que formam a Aliança para a Maioria Parlamentar (AMP) "Já tive de marcar a linha, por várias vezes, incluindo com o próprio Xanana Gusmão".

Ramos-Horta deixou expresso, na entrevista, que o fracasso das negociações para encontrar um Governo unitário, verdadeiramente abrangente, fica "a crédito" da AMP, admitindo que "a Fretilin foi mais pragmática". "A Fretilin tem-se portado correctamente comigo", disse, referindo a boa relação que mantém com o secretário-geral do partido mais votado, Mari Alkatiri "Ele foi a minha casa, estamos diariamente em contacto telefónico e ele está sempre disponível para me ouvir". Também o primeiro-ministro cessante, Estanislau da Silva, foi elogiado por Ramos-Horta, que lhe apontou "grande sentido de Estado e grande dignidade" no exercício das funções.

Referindo que "os partidos não mexeram um milímetro" ao longo das quatro semanas de negociações, o presidente timorense disse ter indigitado o primeiro-ministro em tempo razoável "Não demorei tanto assim. O tempo que se demorou serviu para efectuar consultas e, afinal, esse processo poupou tempo. Se não tivesse efectuado as consultas, seria acusado de tomar uma decisão apressada".

"Não havia tanta pressa, porque, apesar da crise, as nossas instituições funcionaram", defendeu o chefe de Estado, que não comentou directamente as acusações de "golpe de Estado constitucional" de que foi alvo por parte de dirigentes da Fretilin, ficando a aguardar pela decisão do Tribunal de Recurso sobre a validade da indigitação de Xanana Gusmão.

Mas as acusações saíram também do outro lado, e, referindo-se a "declarações menos delicadas" de elementos da AMP, o presidente salientou "Se eu não tivesse sido eleito, agora teriam Francisco Guterres 'Lu Olo' na Presidência".

"Transporto uma cruz de pau pesada desde a eleição", desabafou, repetindo uma frase que já havia usado na campanha eleitoral para as "presidenciais".

1 comentário:

Anónimo disse...

AGORA E O TEMPO DE ENCHER O PAPO.
OBRIGADO FRETILIN POR TEREM LUTADO 25 ANOS.
AVANCA QUE E O TEMPO DE ARRECADAR BEM OS LUCROS DO OLEO NOS NOSSOS BOLSOS RESTO E MAIS RESTOS PARA O ZE POVINHO.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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