quinta-feira, novembro 16, 2006

PM alerta "interferências" normalização relações forças segurança

Díli, 15 Nov (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, alertou hoje para "possíveis interferências" no processo em curso de normalizaçã o de relações entre as forças de defesa e de segurança de Timor-Leste.

Em declarações à Lusa no final de uma parada em Díli em que participara m 600 efectivos das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e da Políc ia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Ramos-Horta disse que a iniciativa "já é uma garantia muito importante para que as duas instituições não voltem a digladiar-s e".

"Independente de possíveis interferências, de pessoas estranhas às inst ituições", alertou, sem entrar em detalhes.

Ramos-Horta referiu que a parada realizada hoje em frente ao Palácio do Governo, presidida pelo chefe de Estado, Xanana Gusmão, e na presença dos titul ares dos restantes órgãos de soberania, constituiu "um dos muitos passos" que tê m sido dados "ao longo de semanas de diálogo muito paciente" e com "muita abertu ra e muita franqueza".

"Mas são precisos mais passos para sarar completamente as feridas, esta bilizar o país e preparar para as eleições [presidenciais e legislativas de 2007 ], para que de futuro os acontecimentos trágicos de Abril, Maio, Junho e Julho n ão voltem mais a acontecer", frisou.

Ramos-Horta salientou que participou em "inúmeras reuniões" com militar es e polícias e destacou que os comandos das duas forças "deram passos enormes e m frente na sua aceitação mútua".

Notório no início da cerimónia foi o forte abraço trocado entre o coman dante das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e o comissário Paulo Marti ns, comandante da PNTL.

Ramos-Horta recordou idêntico abraço trocado pelos dois homens, há cerc a de duas semanas, em casa do Presidente Xanana Gusmão, em Balibar, arredores de Díli, durante um encontro de confraternização patrocinado pelo chefe de Estado e pelo primeiro-ministro.

"Participei nos encontros privados que tivemos com eles, o Presidente e eu, e já na altura, o comandante Paulo Martins, com lágrimas nos olhos e a soluçar, a pedir desculpa ao brigadeiro-general Taur Matan Ruak pelo ataque à sua casa, em Maio passado", recordou.

"Paulo Martins negou rotundamente que tivesse dado ordens para esse ataque, cuja responsabilidade disse pertencer a um oficial da polícia, sem qualquer aval do comando da PNTL. Na altura, Taur Matan Ruak abraçou-o e aceitou a explicação", adiantou.

O primeiro-ministro timorense referia-se ao ataque levado a cabo a 25 d e Maio, contra a residência de Taur Matan Ruak por elementos liderado pelo antigo 2º comandante da PNTL no distrito de Díli, Abílio Mesquita "Mausoko".

Aquele quadro da PNTL encontra-se actualmente detido, a aguardar a conclusão da instrução do processo-crime que foi aberto por esse ataque.

Referindo-se novamente aos encontros que têm reunido militares e polícias, José Ramos-Horta disse que vão "continuar nos próximos dias e semanas".

Quanto ao regresso da PNTL e das F-FDTL às suas actividades normais, Ramos-Horta disse que no caso da polícia "importa ter muita cautela".

"Vamos continuar primeiro com todo o esforço de verificação dos polícia s. Não vamos acelerar demais o processo, porque é preciso muita cautela. Nada de falsos entusiasmos e fazermos corta-mato para a normalização da PNTL", acrescentou.

O processo de verificação referido pelo primeiro-ministro diz respeito ao controlo que está a ser feito a cada agente, confirmando que não existem acusações quanto à participação nos actos de violência registados desde Abril passado.

"Do lado das forças de defesa, temos estado em reunião com eles, com membros do governo, com as forças internacionais e as Nações Unidas", afirmou.

"Devo dizer, muito claramente, que eu enquanto primeiro-ministro e ministro da Defesa [pasta que acumula no II Governo Constitucional], não vejo razão para que não seja feita a normalização das actividades das F-FDTL", frisou.

Na sequência da crise, as F-FDTL remeteram-se no final de Maio às suas unidades.

"Obviamente que não serão actividades ligadas ao que é o trabalho normal de polícia. Mas sim a livre circulação dos elementos das F-FDTL em todo o território, para que possam fazer os seus trabalhos de treino e exercícios de formação", explicou.

O processo está ainda a decorrer, mas Ramos-Horta está convicto que dentro de uma semana, já haverá um documento a esse respeito.

"Ainda estamos neste processo de consultas, com o próprio comando das F -FDTL, e talvez na semana que vem já teremos um documento para falar com os australianos e as Nações Unidas para a normalização da vida" das forças armadas, garantiu.

No final da cerimónia, a Lusa tentou obter comentários do Presidente Xanana Gusmão, mas o chefe de Estado recusou repetidamente falar à imprensa.

A parada realizada hoje visou demonstrar a normalização das relações entre as duas instituições, mas persistem ainda receios sobre eventuais aproveitam entos para deteriorar a crise.

Nesse sentido, a Lusa teve acesso a SMS enviados pela cooperação australiana aos cidadãos australianos, aconselhando-os a que regressassem a casa a par tir das 16:30 locais (07:30 em Lisboa), devido à realização da parada, por receio de eventuais incidentes.

Também o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) distr ibuiu um SMS informando os seus funcionários que evitassem as zonas da cidade po r onde iria passar a "marcha de paz das F-FDTL e da PNTL".

A parada foi acompanhada por cerca de 1.500 pessoas e não se registaram quaisquer incidentes.

EL-Lusa/Fim

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5 comentários:

Anónimo disse...

"Obviamente que não serão actividades ligadas ao que é o trabalho normal de polícia. Mas sim a livre circulação dos elementos das F-FDTL em todo o território, para que possam fazer os seus trabalhos de treino e exercícios de formação" explicou o Horta.

Isto é, o Horta que abriu a porta a 3000 militares Australianos para fazer trabalho de polícia em Timor-Leste – trabalho que fizeram tão mal que levou a 2000 casas serem queimadas, a triplicar o número de deslocados e à fuga de 56 presos da prisão – e como prémio autorizou-os a construírem instalações sólidas na zona do Aeroporto, deixa para as F-FDTL o papel de “circularem” pelo país depois de os manter presos nos quartéis quase 6 meses?

Pensa o Horta que as F-FDTL vão aceitar passivamente o papel de meros participantes em paradas para Timorense ver?

Anónimo disse...

"Paulo Martins negou rotundamente que tivesse dado ordens para esse ataque, cuja responsabilidade disse pertencer a um oficial da polícia, sem qualquer aval do comando da PNTL. Na altura, Taur Matan Ruak abraçou-o e aceitou a explicação”, adiantou o Horta. E adiantou bem. Aliás ele, Horta, sabe que a ordem para o ataque à casa do Brigadeiro-General foi dada pelo PR Xanana Gusmão. Toda a gente em Timor sabe que tanto o Paulo Martins como os majores desertores das F-FDTL recebiam ordens directas do Xanana. Como aliás também o Horta recebia.

Só uma dúvida: o bispo de Dili também discursou ontem ou afinal não apareceu? É que foi mencionada a sua participação mas nem nas fotos nem nas notícias subsequentes aparece qualquer menção.

Anónimo disse...

Ai Margarida(s), Margarida!... Percebendo tão pouco da situação em Timor-Leste porque teima tanto em dar opiniões e fazer acusações que já não convencem ninguém?!

Deixem essa táctica de lado e sigam o exemplo daqueles que estão relamente a lutar para devolver a normalidade a Timor e a esclarecer as confusões que vocês foram armando.

É tempo de fazer mea-culpa e entrar no caminho da verdade e da união. Afinal tanto acusam os australianos e vocês próprios têm feito um aproveitamento da instabilidade em proveito próprio e teimam em fomentar a desunião.

Admitam que esse tempo já passou e que é hora de olhar em frente. O povo já sofreu demasiado e a vossa estratégia resultou num rotundo falhanço de que já ninguém duvida.

Prestem agora um bom serviço a Timor-Leste e dêem a mão à palmatória. Nós sabemos perdoar, se se mostrarem genuinamente arrependidos e dispostos a trabalhar em prol do bem comum.

Timor-Leste precisa de mais pessoas que tenham por missão servi-lo e não servir-se dele.

P.S. E, já agora, espero que tenham a dignidade de não censurar este post... como têm feito a tantos outros que procuram esclarecer e não desinformar!

Anónimo disse...

Afinal o Anónimo nada refutou do que eu escrevi e nem sequer me soube esclarecer sobre a presença ou ausência do bispo. Percebe-se pelo estilo delico-doce que é mais do lado do Horta. Mas tal como o Xanana, completamente atascadinho neste golpe, eles e os restantes comparsas só não querem afinal é que os Australianos se vão... E depois falam em perdão, verdade, união. Mas nunca os ouvir falar em assumirem as responsabilidades, erros, traições, cobardias. É que, mesmo para os católicos antes do perdão tem de haver contrição e antes desta tem de haver reconhecimento dos erros. Mas para o Horta e o Xanana os erros ou são dos outros ou são de todos... deles é que nunca! Bruxo!

Anónimo disse...

E MUITO TRISTE VER O PAULO MARTINS ESTAR TAMBEM PRESENTE NESTE ACTO CERIMONIAL DA PARADA FALINTIL/FDTL E PNTL.

E UMA POLITICA SUJA DOS HIPOCRITAS CAUSADORES DA CRISE EM QUE POS A POPULACAO SEM CASAS E AGORA TEM MEDO E VERGONHA DE SE MOSTAREM A FACE AO TRIBUNAL DA JUSTICA VEM MENTIR AO POVO COM A FANTOCHADA DA RECONCILIACAO.

ONDE ESTAVA A RESPONSABILIDADE DO COMISSARIO PNTL LEI E ORDEM PAULO MARTINS,EM ABANDONAR O DEVER QUE LHE FOI ENTREGUE PARA CRIAR DESORDENS NA SOCIEDADE CONTRA O GOVERNO DE MARI.

FAZER ENTAO UMA REFLEXAO A RENOMEACAO DO PAULO MARTINS .

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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