quarta-feira, novembro 08, 2006

Mari Alkatiri partiu para Portugal para tratamentos médicos

Díli, 09 Nov (Lusa) - O antigo chefe do governo timorense Mari Alkatiri deixou hoje Díli em direcção a Portugal para tratamentos médicos, disse à Agência Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro, José Ramos-Horta.

A mesma fonte precisou que Mari Alkatiri recebeu cumprimentos de Ramos-Horta e do presidente do Parlamento Nacional Francisco Guterres "Lu-Olo" à partida para Portugal. Francisco Guterres "Lu-Olo", que é também presidente da FRETILIN, partido maioritário timorense, disse à Lusa que Mari Alkatiri "deverá estar de regresso a Díli no final do mês".

"Foi a Lisboa para efectuar exames médicos. Os médicos disseram-lhe que precisava de efectuar novos exames ao fim de seis meses, mas devido à crise (em Timor-Leste) ele não teve oportunidade de viajar", acrescentou Lu-Olo.

Mari Alkatiri esteve em Portugal em Janeiro para uma visita de trabalho, onde, além de ter procedido ao lançamento do seu primeiro livro, em que juntou 41 dos discursos que proferiu desde que assumiu as funções de primeiro-ministro do II Governo de Transição, em Setembro de 2001 até Setembro de 2005, se submeteu a exames médicos.

Depois da estada em Portugal, e antes de regressar no final do mês a Timor -Leste, Mari Alkatiri deverá ainda visitar Moçambique, disse Francisco Guterres "Lu-Olo" à Lusa.

Primeiro chefe de governo timorense, depois da restauração da independência, a 20 de Maio de 2002, Alkatiri demitiu-se do cargo a 26 de Junho, em plena crise político-militar.

A saída de Mari Alkatiri ocorre 24 horas depois de ter sido ouvido pela segunda vez no Ministério Público sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis.

Mari Alkatiri, que prestou declarações pela primeira vez no Ministério Público a 20 de Julho, foi constituído arguido no mesmo processo em que figura o seu então ministro do Interior Rogério Tiago Lobato, que já foi formalmente acusado.

Terça-feira, em declarações à Lusa, o antigo primeiro-ministro disse ter solicitado ao Ministério Público que acelerasse o seu processo.

"Já tinha pedido à Procuradoria-Geral da República para que acelerassem o meu processo, e hoje (terça-feira) fui novamente ouvido", disse Mari Alkatiri, escusando-se a dar mais pormenores.

"Estou, naturalmente, disponível para ser ouvido sempre que for convocado" , frisou.

Em causa está a alegada distribuição de armas a civis denunciada por Vicen te da Conceição "Railos", antigo comandante da guerrilha contra a ocupação indonésia, que figura no processo como testemunha.

Mari Alkatiri foi acusado por "Railos" de ter ordenado a Rogério Lobato que procedesse à distribuição de armas para a eliminação de adversários políticos, dentro e fora da FRETILIN, partido maioritário em Timor-Leste, de que é secretário-geral.

Alkatiri, que em consequência da crise se demitiu do cargo de primeiro-ministro, tem repetidamente negado as acusações, insistindo ao mesmo tempo na rápida resolução da investigação em curso.

O seu nome foi referenciado no recente relatório elaborado por uma comissão das Nações Unidas sobre os factos e as circunstâncias da violência registada e m Abril e Maio.

Nesse relatório, divulgado a 17 de Outubro, a comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, recomenda uma investigação adicional para determinar se o ex-primeiro-ministro deve ou não ser responsabilizado criminalmente pela distribuição de armas.

No relatório, a comissão da ONU adianta que não foram encontradas provas que sustentassem uma recomendação para que Alkatiri seja acusado de "envolvimento pessoal" na distribuição, posse ou utilização ilegal de armas.

Contudo, a comissão da ONU adianta ter recebido informações que "levam à suspeita" de que Alkatiri sabia da distribuição ilegal de armas da polícia pelo seu ex-ministro do Interior.

EL-Lusa/Fim

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1 comentário:

Anónimo disse...

Estimo as melhores e uma boa recuperação ... pois o combate que o espera em Timor Leste irá ser duro... convém não esquecer que é preciso ganhar a paz no terreno, mas também pôr em sentido os aussies.É esta a sua sina!...
Para não esquecer aqui vai ...

East Timor: The Coup The World Missed
John PILGER – 17 July 2006

In my 1994 film Death of a Nation there is a scene on board an aircraft flying between northern Australia and the island of Timor. A party is in progress; two men in suits are toasting each other in champagne. "This is an historically unique moment," effuses Gareth Evans, Australia’s foreign affairs minister, "that is truly uniquely historical." He and his Indonesian counterpart, Ali Alatas, were celebrating the signing of the Timor Gap Treaty, which would allow Australia to exploit the oil and gas reserves in the seabed off East Timor. The ultimate prize, as Evans put it, was "zillions" of dollars.

Australia’s collusion, wrote Professor Roger Clark, a world authority on the law of the sea, "is like acquiring stuff from a thief . . . the fact is that they have neither historical, nor legal, nor moral claim to East Timor and its resources". Beneath them lay a tiny nation then suffering one of the most brutal occupations of the 20th century. Enforced starvation and murder had extinguished a quarter of the population: 180,000 people. Proportionally, this was a carnage greater than that in Cambodia under Pol Pot. The United Nations Truth Commission, which has examined more than 1,000 official documents, reported in January that western governments shared responsibility for the genocide; for its part, Australia trained Indonesia’s Gestapo, known as Kopassus, and its politicians and leading journalists disported themselves before the dictator Su-harto, described by the CIA as a mass murderer.

These days Australia likes to present itself as a helpful, generous neighbour of East Timor, after public opinion forced the government of John Howard to lead a UN peacekeeping force six years ago. East Timor is now an independent state, thanks to the courage of its people and a tenacious resistance led by the liberation movement Fretilin, which in 2001 swept to political power in the first democratic elections. In regional elections last year, 80 per cent of votes went to Fretilin, led by Prime Minister Mari Alkatiri, a convinced "economic nationalist", who opposes privatisation and interference by the World Bank. A secular Muslim in a largely Roman Catholic country, he is, above all, an anti-imperialist who has stood up to the bullying demands of the Howard government for an undue share of the oil and gas spoils of the Timor Gap.

On 28 April last, a section of the East Timorese army mutinied, ostensibly over pay. An eyewitness, Australian radio reporter Maryann Keady, disclosed that American and Australian officials were involved. On 7 May, Alkatiri described the riots as an attempted coup and said that "foreigners and outsiders" were trying to divide the nation. A leaked Australian Defence Force document has since revealed that Australia’s "first objective" in East Timor is to "seek access" for the Australian military so that it can exercise "influence over East Timor’s decision-making". A Bushite "neo-con" could not have put it better.

The opportunity for "influence" arose on 31 May, when the Howard government accepted an "invitation" by the East Timorese president, Xanana Gusmão, and foreign minister, José Ramos Horta - who oppose Alkatiri’s nationalism - to send troops to Dili, the capital. This was accompanied by "our boys to the rescue" reporting in the Australian press, together with a smear campaign against Alkatiri as a "corrupt dictator". Paul Kelly, a former editor-in-chief of Rupert Murdoch’s Australian, wrote: "This is a highly political intervention . . . Australia is operating as a regional power or a political hegemon that shapes security and political outcomes." Translation: Australia, like its mentor in Washington, has a divine right to change another country’s government. Don Watson, a speechwriter for the former prime minister Paul Keating, the most notorious Suharto apologist, wrote, incredibly: "Life under a murderous occupation might be better than life in a failed state . . ."

Arriving with a force of 2,000, an Australian brigadier flew by helicopter straight to the headquarters of the rebel leader, Major Alfredo Reinado - not to arrest him for attempting to overthrow a democratically elected prime minister but to greet him warmly. Like other rebels, Reinado had been trained in Canberra. John Howard is said to be pleased with his title of George W Bush’s "deputy sheriff" in the South Pacific. He recently sent troops to a rebellion in the Solomon Islands, and imperial opportunities beckon in Papua New Guinea, Vanuatu and other small island nations. The sheriff will approve.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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