quinta-feira, junho 01, 2006

PM responde a críticas de Ramos-Horta

Patrulhas australianas com melhor aceitação em Díli

Paulo A. Azevedo*Em Díli

As últimas críticas de José Ramos Horta ao Governo de que faz parte foram mal digeridas por Mari Alkatiri que, em entrevista ao DN, aconselhou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros a, pura e simplesmente, não falar sobre assuntos que estão fora da sua responsabilidade.

"Tenho respeito pelo nosso ministro porque é Nobel da Paz mas em termos de gestão prefiro que ele não fale", disse o chefe de Governo timorense.

Para Alkatiri, Ramos-Horta tem tido um papel "muito importante nestes últimos dias":

contactar as partes envolvidas na crise em que a jovem nação está mergulhada, mas mais do que isso é que não, diz.

Alkatiri afirma não compreender como se pode passar de bestial a besta em apenas um mês "se estávamos todos contentes - incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros - quando se dizia que Timor-Leste era um quadro de sucesso" nos últimos quatro anos de governação.

"O meu partido é forte e tem raízes junto deste povo. Se entender que devo ser o bode expiatório para salvar a Nação, estou disposto a isso. Mas só se for este partido! Não é meia dúzia de manifestantes de rua nem sequer forças externas", garante.

Ultrapassado está o problema da segurança pessoal, feita pelos militares australianos. "Passei os piores dias sem esta segurança e sobrevivi", desabafou mas o perigo não foi suficiente para enviar a família para outro local, conta.

Algo triste, confessa não se sentir tão seguro "como quando podia ir a qualquer hora comer a um restaurante da praia".

Mas hoje, reconhece, "ninguém em Timor Leste se sente tão seguro" como antes. Prova disso são os contínuos ataques a bens e pessoas por bandos de jovens. Ontem, no bairro de Comoro, seis habitações foram alvo das chamas e parte de um mercado foi pasto de fogo posto, enquanto grupos rivais se degladiavam nas ruas.

A intervenção de um forte contingente militar, de australianos e malaios, transportado em mais de uma dezena de viaturas e com apoio de três helicópteros "blackhawk", conseguiu fazer desaparecer os agressores mas sem realizar qualquer detenção .

Nas ruas, o redobrar das patrulhas militares da Austrália, Nova Zelândia e Malásia dão a sensação de começarem a ser melhor aceites, ainda que o resultado prático seja pouco melhor do que antes.

A apreensão de 400 armas e uma melhor estratégia de marketing começam a dar dividendos, mas nas ruas é ainda notada a ausência da GNR que, pela função policial que lhe está destinada - mesmo com cariz de intervenção - é encarada como a melhor solução para se conseguir controlar os diferentes bandos que têm colocado a cidade de Díli a ferro e fogo.

*Enviado DN/TSF

8 comentários:

Anónimo disse...

parece-me que de facto, embora sempre no quadro da Constituição, o sr. PM dá razão a Xanana Gusmão... mesmo que não o queira...

Anónimo disse...

Timor-Leste: Ministros da Defesa e do Interior demitiram-se

Lisboa, 01 Jun (Lusa) - Os ministros timorenses da Defesa, Roque Rodrig ues, e do Interior, Rogério Lobato, apresentaram hoje a demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, disse à Lusa fonte do gabinete de Mari Alkatiri.
Os ministros apresentaram a demissão no decorrer de uma reunião extraor dinária do Conselho de Ministros, que começou cerca das 10:00 (02:00 em Lisboa) em Díli.
A reunião foi hoje de manhã interrompida durante alguns minutos mas con tinua a decorrer, não estando previsto qualquer comunicado no final do encontro, disse a mesma fonte.
No final de uma reunião do Conselho de Estado de Timor-Leste, que decor reu segunda e terça-feira, o Presidente da República, Xanana Gusmão, sugeriu a d emissão dos dois responsáveis.
Timor-Leste vive os seus piores momentos de tensão, instabilidade e vio lência desde que se tornou independente, há quatro anos, na sequencia da eclosão , há mais de um mês, de uma crise político-militar que tem sido marcada por divi sões no seio das Forças Armadas e da Polícia Nacional, e pelo mal estar entre o Presidente da República, Xanana Gusmão, e o chefe do governo, Mari Alkatiri.
Nos últimos dias, confrontos, principalmente em Díli e arredores, de mi litares contra militares, e entre estes e elementos do corpo da Polícia Nacional , envolvendo populares, provocaram já vários mortos e feridos e criaram uma situ ação de instabilidade e insegurança generalizadas no país, cujas autoridades tiv eram de apelar à ajuda militar da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal.
Portugal vai enviar sexta-feira uma companhia de 120 efectivos da GNR p ara o país, com a missão de ajudar à manutenção da ordem pública, depois do seu restabelecimento, e de dar formação às forças de segurança de Timor-leste.
EL/FP.
Lusa/fim

Anónimo disse...

RAMOS HORTA ACABA DE DIZER NA RÁDIO PORTUGUESA TSF QUE DEFENDE A CONTINUAÇÃO DE TAUR MATAN RUAK NA CHEFIA DAS F-FDTL, E QUE A GNR PORTUGUESA NÃO FICA SOB AS ORDENS DOS AUSTRALIANOS.

Anónimo disse...

Good News!!! Carlos Lopes

Anónimo disse...

Técnica do golpe de Estado
Jornalista rubencarvalho@mail.telepac.pt
Ruben de Carvalho, Diário de Notícias, 01/06/06


Há, relativamente à situação de Timor, uma surpreendente parcimónia verbal: qual a razão por que se não fala pura e simplesmente de tentativa de golpe de Estado?

O surpreendente desta significativa utilização é em poucas circunstâncias se reunir com tão transparente evidência aquilo que caracteriza uma acção política que mereceu vastíssima literatura, que inclui mesmo o manual técnico que poderia capítulo a capítulo ser compaginado com os acontecimentos de Díli.

Note-se como o agudizar do problema se inicia com um claro desestabilizar das forças militares e de segurança num calendário relacionado com um processo político democrático: o congresso da Fretilin, partido democraticamente maioritário no terreno. A expectativa do resultado da reunião não corresponderia às expectativas de determinadas forças, o que levou ao desencadear do processo de pressão. Falhada essa pressão, passou-se a uma fase seguinte de desestabilização objectiva da ordem pública mediante um processo clássico: desarticulação das forças de segurança e desencadear de violência por grupos armados aparentemente descontrolados.

Note-se que nem em Timor o método é original: os crimes de 1999 antes do referendo assumiram contornos muito semelhantes.

Desestabilizada a situação de segurança, iniciou-se a etapa mais directamente política: tentativa de alterar a composição dos órgãos do poder, democraticamente eleitos, mediante jogos de força que incluíram o recurso à pressão internacional até ao limite de intervenção de forças armadas estrangeiras.

Entretanto, só aparentemente a violência é descomandada: além dos miseráveis assassínios selectivos, note-se o extraordinário caso do orientado saque dos processos sobre os crimes de 1999.

As origens são minimamente obscuras, étnicas, regionalismos? Tudo isso existirá, mas há realidade mais politicamente interventora que jazidas de petróleo?
http://dn.sapo.pt/2006/06/01/opiniao/tecnica_golpe_estado.html

Anónimo disse...

Não quero acreditar, simplistamente, que os arquivos preciosos sobre os processos de 1999 não tenham cópia absolutamente resguardada! Perante a realidade da formula utilizada, por exemplo, tentando a Verdade e Reconciliação como muito bem aconteceu, não tenham prevenido possíveis ataques por parte daqueles a quem nada convinha a existência dos processos. Também se poderá dizer, já agora e especulando portanto, que poderia haver interessados em que tal acontecesse exactamente para se culparem "outros"? O que salta à vista é que ninguém diz saber quem está a fazer o quê! Uma vez mais e lamentavelmente vão reconciliar-se... até quando vão andar assim já que a própria história diz muito sobre a repetição dos "conflitos"? Mete impressão.

Anónimo disse...

Felizmente Portugal tem jornalistas de qualidade! Enviem-nos para Timor. Os que actualmente lá estão parecem ao serviço de quem promoveu o golpe de estado!

Anónimo disse...

Anónimo: Não parecem, estão mesmo ao serviço de quem promove o golpe de Estado. Já reparou que as "questões" que um Adelino Gomes pôs na entrevista ao PM são exactamente as mesmas que o gajo da BBC lhe pôs no domingo passado? Já reparou que o "patrioteirismo pró-Austrália" dum Pedro Moreira da TVI não fica atrás do dos seus congéneres australianos? E mesmo por cá, onde é que se viu alguma vez todos os "jornalistas" de todas as TV's a puxarem para os "perigos" que os GNR's vão estar sujeitos?

Ontem e hoje (mas não só) nas reportagens sobre a partida da GNR de repente eram só "perigos", "riscos" e mau presságios.

E dei-me a recordar quando nos impingiram há 11 anos a necessidade dos nossos bravos irem para...a Bósnia, salvar a "civilização ocidental" (que passava pela fragmentação da Jugoslávia), lembro-me dos irritantes e esganiçados "Bom-dia Bósnia" que nos acordavam na rádio todas as manhãs, lembro-me de como nos diziam então que vinham passar o Natal a casa, mas ainda por lá continuam, como também no Kosovo e agora no Afeganistão, a mando do império e dos senhores da NATO.

E só onde as legítimas autoridades nacionais pediram a continuação da sua presença - só em Timor-Leste é que foram e voltaram...e agora queriam que eles regressassem como ajudantes dos aussies e sob o seu comando? Há que dizê-lo que bem andou desta vez o MNE português. Principalmente porque se esteve marimbando dos conselhos da histérica da Ana Gomes que ainda ontem armada em especialista da treta dizia na SIC que o PM de Timor-Leste se "tinha posto a jeito", desvalorizando assim as responsabilidades internas e externas que levou a esta situação e fazendo do PM o bode expiatório! E quando alguém lembrou os disparates da Mrs Gusmão saltou logo a dizer que ela ajudara mais a causa timorense que 200 timorenses juntos! Isto é, fazem o mal e agora a caramunha mas nunca são responsáveis por nada, pelo contrário é quem tem bom-senso, tolerância e determinação em manter a soberania do seu país como o PM de Timor-Leste que acusam!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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