sábado, junho 10, 2006

No Timor-Verdade

Timorenses unidos pela normalidade

Falar verdade, unir as vontades, salvar o que resta da esperança nacionalEstá na hora de Portugal falar alto. Tão alto que se faça ouvir junto do povo timorense. Sem medos, sem rodeios.

Mas está também na hora da infantil Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tomar uma posição conjunta. Aquilo a que se assiste é a um vil ataque a um país de língua portuguesa - o qual nunca foi respeitado pelos australianos ao longo destes anos.

A CPLP tem de falar, mas enquanto fala e não fala, Portugal tem de tomar drásticas posições internacionais. Terá de jogar no plano internacional. Terá de "apertar" com José Ramos Horta - este senhor bem apertadinho até dará uma ajuda à normalização da situação da segurança -, pois foi ele que assinou com os australianos um acordo de poderes totais no comando das tropas internacionais.

José Ramos Horta respeita Portugal e sabe o quanto depende dos países de língua portuguesa o seu sucesso em termos de conhecimento da sua acção. José Ramos Horta sabe bem quem lhe deu de comer e quem o ensinou na diplomacia contra a Indonésia... José Ramos Horta vai voltar a apelar à paz. Será por ordem dele que os rebeldes irão desarmar - Xanana dará uma ajudinha e Marí também. Iremos assistir a mais uma série de reunioes de reconciliação à boa maneira timorense. Todos ficarão contentes e as facturas pagar-se-ão daqui a uns anos...

José Ramos Horta sabe que não pode permitir a humilhação da presença portuguesa em Timor-Leste e irá emendar a mão.

Xanana Gusmão parece estar esquecido que há bem pouco tempo em Portugal lhe "saltou a tampa" e chamou de "ladrões" aos australianos devido às negociações do Mar de Timor.

Xanana Gusmão, pese embora alguns excessos, é homem de coração e de justiça - saberá interpretar tudo o que se passa e apelar à defesa do Estado de Direito.

Xanana Gusmão tem esse poder e essa vontade férrea da liberdade e de pátria timorense.Marí Alkatiri saberá corrigir alguns erros de governação, saberá inclusivé estabelecer a ordem entre o acontecido e o seguinte passo. É um nacionalista de olhar frontal para o desenvolvimento associado a sinergias entre países e continentes. Cá dentro saberá gerir com Lu'olo a intensa dramatização da sociedade timorense - apenas em Díli, pois é aqui se discute a Soberania do país ameaçada pelos australianos.Timor-Leste não falhou e José Ramos Horta já terá começado a perceber que foi usado - em excesso e com vigor australiano e seus amigos.

Neste momento, José Ramos Horta, o patriota, estará a assegurar na ONU a Soberania do país e a legitimidade do Governo ao qual pertence por opção - até agora ainda não se demitiu é por que acredita nas capacidades do seu chefe do executivo.

A hora é de cerrar fileiras, de entregar as armas e de se partir para a justiça das coisas. É tempo dos rebeldes se definirem como rebeldes em definitivo ou como instrumentos de fins sobre os quais já ninguem tem duvidas.A hora é de calma e de acalmar, de fazer recolher a suas casas os milhares de deslocados e de refugiados. A hora é a de repor a ordem institucional - tentada por força de entrada de militares australianos a parar, a colapsar - e dar tranquilidade às pessoas.

O povo de Timor não pode sofrer mais, não pode continuar a viver no medo de campos sem condições de higiéne, sem salubridade.

A hora é de gritar pelos mais jovens e dizer-lhes: "estamos convosco, estamos convosco na construção do vosso futuro, na afirmação da nossa Nação, da nossa Pátria, em memória dos que deram a vida pela liberdade".

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2 comentários:

Anónimo disse...

É inaceitável a omissao da CPLP, em particular a do Brasil. Sequer os jornais brasileiros comentam a situaçao de Timor. Se faz necessário acordá-los com e-mails! O silëncio sobre a realidade timorense pode ser um coadjuvante dos golpistas.
Acredito que a independencia de Timor nao esteja em jogo. O que os autralianos desejam, com certeza, é um marionete no governo. Já apareceu um candidato.
AC
BR

Anónimo disse...

Margarida said...
A história passou-se exactamente ao contrário do que diz este leitor:

1 – Quando surgiram as primeiras queixas, os soldados apresentaram-nas ao PR – ultrapassando a sua hierarquia – o PR enredou-se em conversas e reuniões com eles, e quando entendeu, remeteu a resolução para a hierarquia militar.

2 – A hierarquia militar tentou dialogar, convocou os queixosos para reuniões, estes exigeiram uma comissão, arranjou-se uma comissão que tentou dialogar com eles individualmente, um a um, mas recusaram, não compareceram a uma única reunião e acabaram por sair dos quartéis, desertando.

3 – Dois meses depois de terem desertado e perante a impossibilidade da comissão apurar fosse o que fosse (por falta de comparência dos queixosos) a hierarquia militar decidiu com base nos regulamentos e com a pena mínima: aceitar a situação consumada, isto é o auto-despedimento dos próprios, sem qualquer outra punição.

4 – Perante a decisão legítima da hierarquia militar, o PR apressou-se a criticar publicamente essa decisão da hierarquia militar, e atribuiu as responsabilidades da decisão ao governo em geral e ao PM em particular. O PM, responsavelmente, endossou a decisão da hierarquia militar, entendeu – e bem – que apesar dos queixosos terem saído, se devia mesmo assim investigar as queixas e nomeou outra comissão de notáveis (com representantes dos quatro órgãos de soberania, Igreja e sociedade civil), decisão esta que os “peticionários” aceitaram em teoria, mas que boicotaram na prática, pois que, deram de imediato início a manifestações públicas onde a reclamação não era a satisfação das suas queixas contra alegadas “discriminações”, mas sim a demissão do PM.

O resto da história, já conhecemos. Depois da divisão nas forças armadas, com a subsequente desestabilização, foi a divisão na força policial, e tiroteios contra forças armadas e policiais, e depois, violência nas ruas, queima de casas, entrada das tropas australianas e acantonamento das forças armadas fiéis ao governo (e de lá impedidas de sair), nova vaga de mais violência, agora também de edifícios públicos e sedes da Fretilin (com os australianos a assistirem e a permitirem), etc.

Sexta-feira, Julho 07, 2006 7:30:13 PM


Anonymous said...
Ao ponto 1 da dona margarida pode ler-se o que obviamente pensa do assunto bem como pintar a movimentação cronológica dos envolventes, mas terá de admitir que o seu Comando Supremo é exactamente o PR. A quem achava melhor apresentar tais questões? Então no quadro do que o aparelho de Estado estava a desenvolver era engraçado apresentar "queixa" contra os que estavam a tomar a posição de descriminação das quais se queixavam! Faz-me lembrar o mesmo comportamento quando, agora, ficaram todos contentes por não ter sido, em prazo legal, apresentada queixa em tribunal contra o processo usado no Congresso da Fretilin em relação ao método de votação...

O ponto 2 parece mais uma sequência de "enrolamento" para que tudo se mantivesse na alçada dum já de si processo de silenciamento. E por falar em Comissões (ou comichões), já deliberou a Comissão sobre os crimes cometidos pela Fretilin em outros tempos?

O ponto 3 é deveras a posição tomada. Eis aqui a decisão legal. E isso resolveu também a crise? Como se vê, deu no que deu.

No ponto 4 sobre a injustiça da decisão parece mais que evidente. Não é porque um órgão decida A, B ou C que lhe assista ser essa a decisão mais correcta. Como se viu não a foi. Não se poderia apontar politicamente culpas à oposição mas sim ao Governo, muito menos ao PR... e mais uma vez se assistiu à criação de outra Comissão, agora de Notáveis... os peticionários passaram ao método das manifs... que chatice! Que fez então o Governo? Usou o aparelho militar sem conhecimento do PR em espaço da responsabilidade da PNTL... deu no que deu.

O resto como bem diz, todos sabem o que aconteceu...

E o que se viu durante esse processo foi que de facto a Fretilin tudo fará para desestabilizar o país. Nunca ouvi dizer que o Governo estaria a tentar ou de facto a desenvolver contactos com todos aqueles que se colocaram em posição oposta à sua tomada de posição.

Pelo contrário aquilo que se sabe e tão criticado aqui, ali e além é que o sr. PR dialoga com todos inclusivé com os peticionários, com os rebeldes, com os desertores, com os actores, com os manifestantes pró e contra e o acusam disso mesmo como se de um criminoso fosse. Ele sempre foi assim. Dialogar, dialogar mesmo que fosse com o inimigo.

Não há nada a aprender?

Sexta-feira, Julho 07, 2006 7:55:04 PM


Anonymous said...
E mais nada!! foi mesmo isso que aconteceu. As resposabilidades devem ser sempre de quem governa! louvor quando governa bem e critica quando governa mal. PONTO FINAL!

Sexta-feira, Julho 07, 2006 9:06:26 PM

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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