quinta-feira, junho 29, 2006

Manifestantes começam a sair de Metinaro

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4 comentários:

Anónimo disse...

devem estar malucos....sao mais 15 mil pessoas a marchar para dili sem contar com os de dili....devem e estar aki para verem e pararem de falar merdas, seus palhacos...

essa vossa media tb ja comecou a contar mal...

VIVA FRETILIN

Anónimo disse...

Díli quase deserta à espera da Fretilin



João Pedro Fonseca Em Díli

Cerca de três mil manifestantes do distrito de Ermera deixaram ontem a capital. No final de um dia tenso, com várias casas queimadas, ameaças a dirigentes da Fretilin, e confrontos entre elementos lorosae deslocados e os manifestantes anti- -Alkatiri. Díli está agora despovoada, com pequenos grupos a causarem distúrbios. O campo está aberto para os lorosae, que aguardam há três dias às portas da capital, em Metinaro, para entrar na cidade.

Só ao cair da noite surgiu a informação de que a delegação da Fretilin, que se dirigiu a Metinaro para informar os militantes de que era mais sensato entrarem hoje na cidade, conseguiu os seus intuitos. Logo pela manhã, a massa de povo vindo da zona leste vai entrar na cidade e, pela primeira vez desde Abril, deverão ouvir-se na capital gritos a favor do primeiro-ministro demissionário.

A noite de terça-feira para ontem foi muito agitada, com várias casas a serem incendiadas e mais de uma dezena de jovens detidos. Dirigentes da Fretilin foram ameaçados e tiveram que abandonar as suas casas.

Apesar de todas as medidas preventivas, ontem, o comandante das forças australianas, general Slater, reuniu-se com os dirigentes da Fretilin para estudar um plano de entrada na cidade. Ficou acordado que os mais de dez mil manifestantes terão de entrar acompanhados dos militares e serão sujeitos a apertadas medidas de segurança. Todos serão revistados e o movimento dos camiões controlado.

Confrontos

O dia ficou marcado por grande agitação. As lojas fecharam quase todas. Colunas de fumo foram perseguidas por grupos de jornalistas ao longo de todo o dia por toda a cidade. Casa a casa, alguns grupos quiseram deixar a sua marca.

Resta saber se hoje haverá retaliações quando as gentes de Leste verificarem o que tem acontecido às residências dos seus familiares em Díli. Até porque a maior parte dos bairros onde residem os lorosae está deserta. Os proprietários ou fugiram para as suas terras - e estarão de regresso hoje - ou estão nos campos de deslocados espalhado pela cidade.

Junto ao porto de Díli, onde existe um campo de deslocados, começaram as provocações. É impossível saber quem começou, mas a dada altura decorria uma batalha campal entre o grupo anti-Alkatiri, vindo de Ermera, e acampado junto ao porto, e os deslocados, maioritariamente de lorosae. "Nós somos refugiados, não percebo porque vieram provocar- -nos, disseram para voltarmos para Lorosae", lamentava Marcelino Afonso, um dos deslocados. Mais à frente, passado o cordão criado pelas forças australianas, dizia Tata Mailau, de Ermera: "As nossas gentes vão à cidade comprar água, cigarros, passam ali e começam a provocar-nos, a atirar pedras."

O confronto obrigou os militares australianos a fechar a rua apontando metralhadoras aos dois grupos. A situação acalmou, então, em poucos minutos. Ao fim do dia, o grupo de Ermera deixou Díli. O DN acompanhou os mais de cem camiões até às montanhas, havendo líderes dos grupos a dizer que pretendiam ficar às portas da cidade, em Tibar, para o que desse e viesse. Mas acabaram por voltar para as suas casas.

No país dos rumores, o rastilho foi ateado por uma mensagem que passou muito rapidamente. Viram as imagens da véspera de Alkatiri a falar em Hera, e retiveram apenas a parte em que ele diz que não foi a Fretilin a provocar os distúrbios em Díli, mas um pequeno grupo de loromonus. Foi o bastante. A vingança era o prato a servir.

Outros, entenderam que a televisão timorense não podia transmitir imagens de Alkatiri, já que ele deixou de ser primeiro-ministro. Então, ontem de manhã, apedrejaram o edifício da TVTL. Hoje já não há noticiários. "Não temos condições de segurança para trabalhar", dizem os funcionários da televisão estatal.

Críticas

A actuação dos militares australianos é que não está a agradar a ninguém. Ontem, um português que presenciou o momento em que uns jovens incendiaram uma casa no centro da cidade estava revoltado: "Eram 25 miúdos. Começaram a causar o pânico nas lojas, a apedrejar e a ameaçar toda a gente, chamámos as forças australianas, vieram tarde e depois queriam prender-me a mim porque protestei pelo trabalho que fizeram."

Anónimo disse...

Timor Leste: o golpe que mundo não percebeu
por John Pilger


Descreve-se aqui a fase mais recente da luta de Timor Leste pela independência.
Na década de 1990 John Pilger foi clandestinamente cobrir aquele país.
Agora, um dos mais novos e mais pobres estados do mundo enfrenta o poder esmagador do seu grande vizinho, a Austrália.
O prémio, mais uma vez, é petróleo e gás.
No meu filme de 1994, A morte de uma nação (Death of a Nation) há uma cena a bordo de um avião a voar entre o norte da Austrália e a ilha de Timor. Decorre uma festa; dois homens engravatados estão a brindar-se com champanhe. "Isto é um momento histórico único", exulta Gareth Evans, ministro das Relações Exteriores da Austrália, "um momento histórico verdadeiramente único". Ele e o seu homólogo indonésio, Ali Alatas, estavam a celebrar a assinatura do Tratado do Estreito de Timor (Timor Gap Treaty), o qual permitiria à Austrália explorar as reservas de gás e petróleo no fundo do mar de Timor Leste. O prémio supremo, como disse Evans, eram "zilhões" de dólares.

O conluio da Austrália, escreveu o Professor Roger Clark, uma autoridade mundial em direito do mar, "é como adquirir material a um ladrão ... o facto é que eles não têm direito histórico, nem legal, nem moral sobre Timor Leste e os seus recursos". Debaixo deles jazia uma pequena nação então a sofrer uma das mais brutais ocupações do século XX. A fome imposta e o assassínio extinguiram um quarto da população: 180 mil pessoas. Proporcionalmente, isto foi uma carnificina maior do que aquela no Cambodja sob Pol Pot. A Comissão da Verdade das Nações Unidas, que examinou mais de 1000 documentos oficiais, relatou em Janeiro que governos ocidentais partilharam responsabilidades pelo genocídio; pela sua parte, a Austrália treinou a Gestapo da Indonésia, conhecida como Kopassus, e seus políticos e jornalistas principais divertiram-se junto com o ditador Suharto, descrito pela CIA como um assassino em massa.

Actualmente a Austrália gosta de apresentar-se como um vizinho prestativo e generoso de Timor Leste, depois de a opinião pública ter forçado o governo de John Howard a enviar uma força de manutenção da paz da ONU seis anos atrás. Timor Leste é agora um estado independente, graças à coragem do seu povo e à tenaz resistência dirigida pelo movimento de libertação Fretilin, que em 2001 ganhou o poder político nas primeiras eleições democráticas. Nas eleições regionais do ano passado, 80 por cento dos votos foram para a Fretilin, dirigida pelo primeiro-ministro Mari Alkatiri, um "nacionalista económico" convicto, que se opõe à privatização e à interferência do Banco Mundial. Um muçulmano secular no país sobretudo Católico Romano, ele é, acima de tudo, um anti-imperialista que enfrenta as exigências ameaçadoras do governo Howard por uma partilha injusta das benesses do petróleo e do gás do Estreito de Timor.

Em 28 de Abril último uma secção do exército timorense amotinou-se, ostensivamente acerca de pagamentos. Uma testemunha ocular, a repórter de rádio australiana Maryann Keady, revelou que oficiais americanos e australianos estavam envolvidos. Em 7 de Maio Alkatiri descreveu os tumultos como uma tentativa de golpe e disse que "estrangeiros e gente de fora" estavam a tentar dividir o país. Um documento escapado da Australian Defence Force revelou que o "primeiro objectivo" da Austrália em Timor Leste é "ganhar acesso" para os militares australianos de modo a que possam exercer "influência sobre os decisores de Timor Leste". Um "neo-con" bushista não teria dito melhor.

A oportunidade para "influenciar" surgiu em 31 de Maio, quando o governo Howard aceitou um "convite" do presidente de Timor Leste, Xanana Gusmão, e do ministro das Relações Exteriores, José Ramos Horta – que se opõem ao nacionalismo de Alkatiri – para enviar tropas para Dili, a capital. Isto foi acompanhado por reportagens tipo "nossos rapazes vão salvar" na imprensa australiana, juntamente com uma campanha de difamação contra Alkatiri como um "ditador corrupto". Paul Kelly, antigo editor-chefe do Australian de Rupert Murdoch, escreveu: "Isto é uma intervenção altamente política ... a Austrália está a operar como uma potência regional ou um hegemonista político que modela a segurança e o porvir político". Tradução: a Austrália, tal como o seu mentor em Washington, tem um direito divino a mudar o governo de um outro país. Don Watson, redactor dos discursos dos antigo primeiro-ministro Paul Keating, o mais notório apologista de Suharto, incrivelmente escreveu: "A vida sob uma ocupação assassina pode ser melhor do que a vida num estado fracassado..."

Ao chegar com uma força de 2000 homens, um brigadeiro australiano voou de helicóptero directamente para o quartel general do líder rebelde, major Alfredo Reinado — não para prendê-lo pela tentativa de derrubar um primeiro-ministro democraticamente eleito, mas para cumprimentá-lo calorosamente. Tal como outros rebeldes, Reinado foi treinado em Canberra.

Dizem que John Howard ficou agradado com o título de "vice-xerife" do Pacífico Sul, atribuído por George W. Bush. Recentemente ele enviou tropas para reprimir uma rebelião nas Ilhas Salomão, e oportunidades imperiais acenam em Papua Nova Guiné, Vanuatu e outras pequenas nações insulares. O xerife aprovará.


22/Junho/2006
O original encontra-se em New Statesman e em
http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=402

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Anónimo disse...

Porém que o vento leve estas palavras até aos irmãos que estão lá fora, que os Gadapaski [Jovens Guardas em Defesa da Integração] estão no nosso território, castigam os jovens até ficarem bem moídos. Assim, em Moçambique, Rogério tentou adquirir pengalaman [experiência] para se matarem uns aos outros e Ramos-Horta ficou preso. Naquele tempo, o Presidente Chissano, ainda como Ministro dos Negócios Estrangeiros, é que foi libertá-lo. Se acharem que estou a mentir, perguntem-lhes porque eles é que estavam em paz para estudarem, para serem doutores, durante 24 anos em Moçambique.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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