Análise de Adelino Gomes
09.05.2007 - 09h19 Adelino Gomes PÚBLICO
A fraca votação obtida por Lu-Olo e Ramos-Horta na 1.ª volta das presidenciais timorenses constitui uma penalização a duas figuras que os eleitores conhecem há longos anos. Mas representa, também, sinal de uma acentuada perda de influência eleitoral do partido de que Lu-Olo é presidente, a Fretilin.
Embora Lu-Olo lembre, nestas páginas, que uma coisa é ouvir os líderes, em Díli, outra ver o povo que vota, na montanha, o apoio de cinco dos seis candidatos que ficaram pelo caminho abre, à partida, perspectivas francas de vitória a Horta.
Será difícil não ler, numa eventual derrota de Lu-Olo - que está a ser prevista pela generalidade dos observadores, mas a que só o voto dos timorenses dará ou não substância -, a antevisão do que serão os resultados eleitorais nas legislativas de 30 de Junho.
O apoio activo de Xanana a Horta e de Alkatiri a Lu-Olo tornam a eleição de hoje numa verdadeira primeira volta da disputa entre a Fretilin e o CNRT. Ao votarem num ou noutro, será a Xanana e a Alkatiri que os eleitores estarão a dar, de algum modo, um sim antecipado. Até porque, no quadro constitucional, é o Governo quem determina, mais do que o Presidente, os caminhos que o Estado segue nas áreas política, económica, social e cultural.
A Presidência, apesar de tudo, ocupa um lugar simbólico de enorme importância no país. Até pela marca que nele deixa a figura ímpar de Xanana. Num país dilacerado por divisões ancestrais a que a crise de há um ano deu perigosas conotações político-partidárias, o grande desafio para o vencedor consistirá, assim, em transformar em duradouro o clima de paz vivido nas últimas semanas.
Qualquer dos cenários em jogo - e eles são numerosos e cruzados: Horta e CNRT (ou uma coligação deste); Horta e Fretilin; Lu-Olo e Fretilin; Lu-Olo e CNRT - exigir-lhe-á ainda especial capacidade para gerar consensos, numa sociedade que apenas começou a aprendizagem da democracia.
Horta e Lu-Olo comprometem-se, nestas páginas, a trabalhar com qualquer Parlamento e Governo eleitos. São boas notícias. Mostram que ambos têm consciência de que a paz nas ruas só será ganha se a elite política garantir, primeiro, a paz nas instituições.
quinta-feira, maio 10, 2007
O desafio da paz em Timor-Leste
Por Malai Azul 2 à(s) 01:41
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Diz Adelino Gomes:
"O apoio activo de Xanana a Horta e de Alkatiri a Lu-Olo tornam a eleição de hoje numa verdadeira primeira volta da disputa entre a Fretilin e o CNRT"
Não concordo, porque Ramos Horta não é apenas o candidato do "CNRT". É apoiado pelo PD, UDT, PSD, PST, etc. Não podemos confundir todos estes partidos, alguns dos quais com grandes divergências entre si, com o "CNRT".
A afirmação de Adelino Gomes só estaria correcta se RH fosse apoiado unicamente por Xanana e Lu Olo unicamente pela Fretilin, o que também não acontece.
Por outro lado, se Xanana tivesse assim um apoio tão grande, Ramos Horta teria ganho logo na 1ª volta, com uma maioria esmagadora. Foi isto que se passou com Xanana em 2002 e não foi repetido agora, com o seu candidato a recolher apenas mais 2,6% do que Lasama.
Aliás, foi o pânico causado por este fracasso da 1ª volta que levou Xanana e os restantes partidos anti-Fretilin a unirem-se, sabendo que essa era a única possibilidade de derrotarem Lu Olo.
O tira-teimas Fretilin-Xanana só será possível nas legislativas. Aí sim, sem segunda volta, serão todos contra todos.
Concordo com h Correia.
Gostaria de lembrar ao Sr. Adelino Gomes, que muito o admiro, que a questao de Timor-Leste nao e' uma questao de zanga-zangas ou de "comadres e compadres", mas sim uma questao de SOBERANIA daquele pais.
E' isso que temos que entender.
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