quinta-feira, maio 10, 2007

E Reinado general, Leandro Isaac presidente do Parlamento, etc, etc, etc..

Diário de Notícias – Quarta-feira, 9 de Maio de 2007
Ensaio para as legislativas de Junho
Armando Rafael

Xanana poderá ser o próximo primeiro-ministro.

Ramos-Horta deverá ser o próximo presidente de Timor-Leste, derrotando Francisco Guterres (Lu-Olo) na segunda volta das eleições presidenciais que hoje se realizam no país.

Na ausência de sondagens, esta é, pelo menos, a expectativa criada pelos apoios que os dois candidatos recolheram entre as duas voltas deste escrutínio. Na primeira volta, que se efectuou a 9 de Abril, Lu-Olo, o candidato da Fretilin - partido que tem governado o país desde a independência em 2002 - obteve 27,9% dos votos, contra 21,8% de Ramos-Horta.

Só que o primeiro-ministro em exercício conseguiu reunir à sua volta o apoio de cinco dos seis candidatos preteridos. Com destaque para Fernando Lassama, o líder do Partido Democrático (PD), que registou uns surpreendentes 19,18%.

Com excepção de Manuel Tilman, que conseguiu 4,2% e que apoiou Lu-Olo, tanto Xavier do Amaral (14,4%), como Lúcia Lobato (8,9%), Avelino Coelho (2%) e João Carrascalão (1,7%) optaram por Ramos-Horta, o candidato preferido por Xanana Gusmão para lhe suceder no Palácio das Cinzas.

O que, em termos práticos, significa que estas presidenciais deverão transformar-se num balão de ensaio para as legislativas de 30 de Junho, e que ficarão marcadas pela estreia do partido criado por Xanana: o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).

Sem que, neste momento, se consiga perceber muito bem o que é que poderá suceder depois das legislativas, tendo em conta que um dos poucos elos de ligação que parece existir entre Ramos-Horta, Xanana Gusmão, Fernando Lassama, Lúcia Lobato ou Xavier do Amaral passa apenas por afastar a Fretilin e o seu líder, Mari Alkatiri, do poder.

A partir daqui está tudo em aberto. Quanto mais não seja porque nenhum dos partidos deverá repetir a maioria absoluta alcançada pela Fretilin para a Constituinte de 2001. Abrindo-se, assim, espaço a um eventual executivo de coligação, que poderá vir a ser liderado por Xanana Gusmão. Sobretudo se o CNRT tiver mais votos do que o PD e se estes dois partidos em conjunto ultrapassarem a Fretilin, remetendo o partido de Alkatiri e Lu-Olo para a oposição.

Foi a pensar já nas legislativas que Lu-Olo e a Fretilin decidiram alterar a sua estratégia de campanha para a segunda volta das presidenciais. Em vez de voltar a percorrer o país, deslocando-se aos 13 distritos timorenses, Lu-Olo optou, desta vez, por se concentrar em Díli, onde na primeira volta perdeu para Ramos-Horta, deixando que as estruturas do partido se concentrassem no resto. Nomeadamente nos esforços de mobilizações dos autoridades tradicionais que lhe são mais próximas, tentando inverter a tendência para o esvaziamento da Fretilin em certas regiões de Timor-Leste.

Como sucedeu, por exemplo, nos distritos que se situam na parte ocidental do país, onde a queda da Fretilin foi demasiado evidente na primeira volta. Ao ponto de Lu-Olo só ter vencido nos três distritos que se situam no ponto oposto de Timor-Leste: Baucau, Viqueque e Lautém.

A hipótese de a Fretilin continuar no poder parece, assim, comprometida. Em especial porque numa primeira fase contará com a oposição daquele que deverá ser hoje eleito presidente. O que, a confirmar-se, não deixaria de ser algo irónico, uma vez que Ramos-Horta passou o último ano à frente de um Governo da Fretilin, tendo integrado ainda os executivos de Mari Alkatiri.

4 comentários:

Anónimo disse...

Segundo os resultados provisorios apurados Lu-Olo so venceu em Viqueque. Na primeira volta Lu Olo venceu em Lautem, mas desta ves Lu Olo foi ultrapassda largamente por Ramos Horta. Faltam apurados os distritos de Baucau e Covalima.

Isto significa que Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes

Anónimo disse...

Então a Fretilin foi o partido cujo candidato foi o mais votado frente aos candidatos apoiados pelos respectivos partidos, em separado, então depois de um ano de presença Australiana e de perseguição e difamação o Horta tem muito menos do que teve o Xanana e isto é uma derrota? A ver vamos se ficando a Fretilin outra vez em primeiro lugar em 30 de Junho se atreve então a dizer que afinal a vitória é derrota!

Anónimo disse...

Margarida, mais uma vez: as eleições presidenciais são disputadas por individualidades; não por partidos.
O papel dos partidos é apoiar candidatos.
Entre dois candidatos só pode vencer um. Foi isso que aconteceu. Fretilin e Kota viram o seu candidato perder a eleição. Os restantes partidos viram o seu candidato vencer.
Em última análise (em linguagem de análise política) pode-se dizer que uns partidos tiveram uma derrota moral e outros uma vitória moral.

Anónimo disse...

“Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes” foi a isto que eu respondi, Mane. E dê-lhe as voltas que quiser dar de facto tendo sido o candidato da Fretilin o candidato mais votado frente aos candidatos apoiados pelos respectivos partidos é um disparate dizer-se que “Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes”. Não só não estão como a Fretilin continua a ser o partido nº 1 e o Horta nem atingindo os 70% ficou longe dos quase 82% que há cinco anos teve o Xanana, apesar da confusão que armaram para assacar responsabilidades e minar o prestígio da Fretilin e até da interferência directa dos soldados Australianos em comícios da Fretilin intimidando os seus apoiantes.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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