sexta-feira, janeiro 19, 2007

PT não comenta críticas de Ramos-Horta sobre Timor Telecom

Díli, 18 Jan (Lusa) - A Portugal Telecom afirmou hoje que "não comenta" as declarações do primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, que criticou terça-feira o monopólio da Timor Telecom, controlada pela PT, e as tarifas praticadas.

"Comentário não há", afirmou à Lusa o administrador-delegado da Timor Telecom, José Brandão de Sousa, contactado em Lisboa.

"A Timor Telecom actua na base de uma concessão por concurso internacional. Mantemos o compromisso de cumprir esse contrato", acrescentou.

Ramos-Horta manifestou terça-feira a sua oposição ao actual monopólio da Timor Telecom, controlada pela Portugal Telecom (PT).

"Não aceito que uma empresa portuguesa monopolize a Timor Telecom", afirmou o primeiro-ministro à margem de uma sessão promovida por uma organização não-governamental num bairro de Díli.

"A Internet e as telecomunicações devem ser também acessíveis aos pobres", explicou Ramos-Horta, citado pela agência EFE.

O primeiro-ministro considerou que "a presença da Timor Telecom em Timor-Leste é para ajudar e facilitar a todos neste país, tanto se são ricos como se são pobres".

"O acordo entre o Governo e os empresários portugueses da Timor Telecom há cinco anos realizou-se em circunstâncias diferentes", salientou Ramos-Horta. "Por isso, quero sublinhar hoje que não apoio os monopólios e que solicitei ao Banco Mundial que estude o assunto, além do sistema fiscal", adiantou.

O primeiro-ministro confirmou à Lusa que pretende discutir o contrato de concessão com a Portugal Telecom.

José Brandão de Sousa, sem reagir às declarações de Ramos-Horta, referiu que "a Timor Telecom é o maior investidor em Timor-Leste desde a independência".

A administração da empresa aprovou recentemente um plano de investimento de 14 milhões de dólares (cerca de 11 milhões de euros) para os próximos três anos, "a acrescentar aos 30 milhões já investidos", recordou o administrador da TT.

Além da Portugal Telecom, os principais accionistas da Timor Telecom são o Estado timorense, uma fundação ligada à diocese de Baucau, a Fundação Oriente e um grupo de empresários timorenses.

Actualmente, a rede fixa da Timor Telecom abrange todas as capitais distritais. A rede móvel atinge "68 por cento da população" do país, segundo dados da empresa fornecidos à Lusa.

Não é a primeira vez que o chefe do Governo timorense critica as condições de serviço da Timor Telecom e não foi também a primeira vez que foi confrontado com queixas dos consumidores.

"Há muita insatisfação sobre as tarifas de telefone e Internet", explicou à Lusa um assessor do Governo timorense que conhece o sector. "Quem mais se queixa são os estudantes, que acham o acesso à Internet muito caro", adiantou.

Segundo a mesma fonte, "não é possível pagar cerca de dois dólares por hora de ligação doméstica, ou mesmo num escritório, num país onde o vencimento mínimo é de 87 dólares".

Nas lojas da Timor Telecom, a Internet custa 1,50 dólares por cada quinze minutos ou 1,25 dólares se o cliente usar o seu próprio computador portátil.

"Na Austrália, uma ligação mensal ilimitada de Internet custa 30 dólares", menos de vinte euros, adiantou. A mesma fonte acrescentou outro exemplo: "Um SMS custa quatro cêntimos (de dólar) na Indonésia. Em Timor, custa vinte, O minuto de voz custa quase o dobro aqui".

O contrato de concessão de telecomunicações e as tarifas praticadas pela Timor Telecom foram um dos assuntos analisados por equipas do Banco Mundial no final de 2006.

As conclusões deste estudo deverão ser remetidas pelo chefe de Governo timorense ao Parlamento.

O deputado João Gonçalves, do Partido Social-democrata (PSD), em declarações à EFE, considerou os serviços da Timor Telecom "muito caros". "É o momento oportuno para que o primeiro-ministro avalie e reveja a empresa e ofereça a outras empresas e países da ASEAN, como a Tailândia, Singapura ou Filipinas, a oportunidade de gerir as telecomunicações em Timor-Leste", defendeu o deputado.

Um responsável técnico da Timor Telecom, falando à Lusa sob anonimato, considerou que a renegociação da concessão pode não responder às queixas dos consumidores.

"Timor-Leste é um mercado muito pequeno e pouco rentável", analisou esta fonte. "Foi essa a principal razão pela qual os operadores australianos se desinteressaram do concurso em 2002/2003", acrescentou.

O mesmo responsável apontou outras explicações para o custo das comunicações.

"As tarifas seriam mais baixas se o Governo diminuísse o imposto sobre as telecomunicações", disse, acrescentando que "o consumidor timorense paga directamente um imposto de 12 por cento sobre esta actividade". "A actividade de construção civil paga apenas 5 por cento. A publicidade, zero por cento de imposto", concluiu.

A Timor Telecom tem actualmente 2.500 clientes de rede fixa e 49 mil da rede móvel.

A empresa lançou uma campanha de Natal para angariar novos clientes, oferecendo telemóvel, cartão SIM e crédito em chamadas.

"Parte substancial do custo deste pacote foi suportado pela própria empresa, porque os telemóveis têm uma taxa de importação de 26 por cento", sublinhou a mesma fonte à Lusa.

PRM-Lusa/Fim

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11 comentários:

Anónimo disse...

O Horta esta a tentar ajudar os seus amigos saltitantes!
TELEPATIA

Anónimo disse...

Cada vez tenho mais a certeza que este senhor se comporta como um "testa de ferro" de alguém...

Anónimo disse...

Ramos Horta tem razão os preços praticados estão caros.
Mas a culpa não é dos portugueses nem de Portugal.
Existe um contrato administrativo de concessão em que o Estado Timorense é parte...
Não percebo é porque é que se diz "uma empresa portuguesa" e não a Portugal Telecom. É que são coisas muito diferentes. Se não querem ver sugir mais uma divisão: os anti-portugueses...um prémio nobel da paz devia ter mais cuidado com as palavras!

Anónimo disse...

Sr Ramos Horta
A Internet e as Telecomunicacoes sao acessiveis a quem tem dinheiro para os pagar. No Mundo de hoje nada e de borla. Na Australia como deve saber, quem nao paga sua conta de telefone, agua ou electricidade os respectivos servicos sao cortados ao utente.
Com certeza que a Portugal Telecom nao e o Pai Natal de Timor e nao se esqueca que uma fundacao ligada a Diocese de Baucau tambem esta saboreando os lucros que aquela companhia produz.
E a proposito quando o contrato foi dado a Portugal Telecom, nao fazia V.Exa. parte do Governo que o deu? Ou andava voce em servico em Marte quando isto aconteceu?
Antonio Arames

Anónimo disse...

Sr Ramos Horta
A Internet e as Telecomunicacoes sao acessiveis a quem tem dinheiro para os pagar. No Mundo de hoje nada e de borla. Na Australia como deve saber, quem nao paga sua conta de telefone, agua ou electricidade os respectivos servicos sao cortados ao utente.
Com certeza que a Portugal Telecom nao e o Pai Natal de Timor e nao se esqueca que uma fundacao ligada a Diocese de Baucau tambem esta saboreando os lucros que aquela companhia produz.
E a proposito quando o contrato foi dado a Portugal Telecom, nao fazia V.Exa. parte do Governo que o deu? Ou andava voce em servico em Marte quando isto aconteceu?
Antonio Arames

Anónimo disse...

todos devem estar recordados dos autênticos 'roubos' praticados no tarifário pela Telstra entre 1999 e 2002....... eram os 'únicos' e estavam concuminados com a UNTAET (através de contratos ad-hoc...) e os interesses anglófonos....

depois, aquando do concurso para a concessão do serviço de telecomunicações, e porque era regra do jogo ter de investir nas infraestruturas que depois ficam para Timor e praticar serviço público (isto é, não se ficarem apenas por Dili, Baucau e pouco mais...), fizeram a gracinha de não concorrerem....

e agora, que estão as comunicações a funcionarem já numa taxa relevante considerando o estado da arte na partida, parece que estão a fazer a 'cama' à TT (a prepararem o terreno...) para entrarem os aussies......

não sou adivinho e muito menos bruxo, mas.... a ver vamos.....

Anónimo disse...

mas o que isto agora...
Porque criticar a Timor telecom agora?
Chega de POPULISMO BARATO Hortinha.
Tenta mais é resolver o problema do Reinado. tenta fazer algo certo pela primeira vez desde que te tornaste PM.

Artur

Anónimo disse...

Mas o que é isso?
Criticar a Timor Telecom agora para que?
Chega de POPULISMO BARATO Hortinha.

Artur

Anónimo disse...

"O acordo entre o Governo e os empresários portugueses da Timor Telecom há cinco anos realizou-se em circunstâncias diferentes"

Pois é... as "circunstâncias diferentes" são que há cinco anos não havia telefonia em Timor, nem fixa nem móvel. Agora há rede fixa em todos os distritos e cobertura de quase 70% na rede móvel. A TT andou a enterrar 30 milhões nestas infraestruturas para agora vir outra empresa colher os frutos??

Comparar o mercado timorense com o australiano ou mesmo o indonésio é falacioso, porque esses mercados geram receitas enormes devido ao volume de comunicações ou ao número elevado de clientes. O mercado timorense das telecomunicações nunca poderá gerar tais receitas devido à sua diminuta dimensão.

Mas se o preço das comunicações em Timor-Leste é caro, que tal baixar os impostos que o Governo cobra? Não foi Ramos Horta que disse em tempos que os impostos tinham que baixar?

É por os telefonemas serem caros que agora querem dar telemóveis e chamadas grátis aos ex-titulares de cargos políticos (para além de motoristas, secretários, viagens grátis, etc.)?

A demagogia e o populismo visando deitar abaixo aqueles que fazem alguma coisa são o último recurso de quem não tem obra feita para mostrar ao fim de 6 meses de governo. Espero que as eleições sejam mesmo em Maio!...

Anónimo disse...

...
VIVA TIMOR TELECOM,......A trabalhar para si..!!

Anónimo disse...

Cara ou não, a Timor Telecom vai funcionando num pais onde as entidades publicas não funcionam e as privadas são inexpressivas. Isto, numa era época em que as comunicações são imprescindiveis. ... Que o diga o major Alfredo, perdido nas montanhas de Timor, que utiliza os serviços da Timor Telecom para contactar com a imprensa Australiana. É preferivel pagar caro mas ter um serviço de qualidade a não ter serviço nenhum. A demagogia politica tem limites e só o deslustra - Ramos Horta.
É claro que como medida mais económica sempre se poderá voltar aos VHF(s) e aos CB(s)

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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