sábado, outubro 13, 2007

ENTREGÁMOS TIMOR-LESTE À AUSTRÁLIA?

In Blog Portugal Directo

Quinta-feira, 11 de Outubro de 2007
TIMOR-LESTE MERECE MELHOR!


Para quem tem ou teve, de algum modo, ligação com Timor e com os timorenses torna-se doloroso saber o que lá se passa e aquilo que não tem sido feito com os apoios publicitados pela comunidade internacional e principalmente por Portugal, que é o maior doador.

Muitos milhões de dólares têm sido canalizados para a ajuda a Timor-Leste - assim o anunciam - mas é mais que legítimo perguntar se esses milhões estão na realidade a reverter para os timorenses, para a população timorense, ou se são desviados para contas bancárias dos que não precisam e que são as tais sanguessugas a que muitos apontam os dedos - caso das ONGs, dos gestores internacionais, dos técnicos internacionais, dos peritos internacionais, dos cravas internacionais, etc.

Quem anda a "aboletar-se" com os tais milhões de que tanto se fala mas que o timorenses quase não vêem?

As escolas, têm condições e funcionam convenientemente? A formação profissional está a proceder à formação dos timorenses de forma significativa? Estão a ser criadas estruturas de saneamento básico nas cidades e aglomerados mais populosos? A saúde está a ser olhada com responsabilidade e os hospitais, centros de saúde estão a funcionar com instalações e organização progressivamente melhorada? A habitação continua a não ser condigna para a maioria dos timorenses? Têm-se construído casas ou "barracas"? O investimento tem sido fomentado? A corrupção combatida?

Um sem número de questões poderão ser postas que a resposta é sempre não.
Para cúmulo existem mais de cem mil deslocados a viver em campos de barracas de lona onde falta quase tudo. Até o que comer e água potável!

Será importante referir que estes deslocados são fruto daquilo que denominam de "crise de 2006", mas que se traduz na realidade pura e dura por um golpe de estado fomentado por desassossego da Austrália que encontrou em Xanana Gusmão, Ramos Horta e mais uns quantos, a real predisposição para tomar o Poder a qualquer preço, objectivos que conseguiram.

Verdade seja dita que parece notar-se não ter o governo da Fretilin, com Mari Alkatiri por primeiro-ministro, governado do melhor modo. Igualmente é verdade que Timor-Leste é um país que acabou de nascer e onde todos estão a aprender. Verdade também que Timor-Leste nasceu das cinzas deixadas pelos militares tiranos indonésios - a quem Xanana e Horta abraçam irmã e comovidamente.

Tudo isso é verdade mas não invalida que o governo Alkatiri devesse ter feito mais, muito mais, pelo desenvolvimento acelerado do país. Ajudas não lhe faltaram e dinheiro também não devia faltar. Mesmo que as ajudas não chegassem intactas a Timor-Leste - como certamente não chegaram, pelos motivos apontados e mais aqueles que Malaca Casteleiro apontou.

Verdade, foi também que o governo da Fretilin foi um acesso e imperturbável defensor dos interesses que assistem a Timor no referente ao Mar de Timor, seu petróleo e gás. Que se louve facto tão patriótico.

O mesmo não poderemos dizer sobre a continuidade que Horta e Xanana - actuais ocupantes do Poder - irão dar à defesa desses interesses.

O governo Fretilin era um poderoso e persistente "engulho" para a política neocolonialista do governo australiano do ultra-conservador Howard, por isso o golpe de estado, por isso Horta e Xanana estarem nos cargos que a Howard interessa.

Enquanto isso, o governo português de Sócrates tem andado a pairar e a esquivar-se às responsabilidades morais que tem para com Timor. Em momento algum se referiu à Austrália como a principal força desestabilizadora do país. Freitas do Amaral, então ministro dos Estrangeiros, foi o único que teve um comportamento digno e chamou os bois pelos nomes em relação à Austrália - isto logo no inicio da crise de 2006. Mas Freitas do Amaral foi embora e a corte de Sócrates borrifou-se para o assunto, entregando o caso a um jovem da Cooperação que só há uns anos sabe onde é Timor-Leste, mesmo assim de passagem para a Austrália.

João Gomes Cravinho, secretário de estado da tal Cooperação e mais qualquer coisa, visitou Timor para anunciar que Portugal doaria 60 milhões de dólares americanos em três anos... E que mais?

Disse Gomes Cravinho que era amigo da esposa australiana de Xanana Gusmão. Pois, provavelmente isso bastou. É que mesmo que não se queira pensar torto sabemos que na política as coisas quase nunca acontecem por acaso...

Ao "passear" pelos blogs relacionados com Timor-Leste conseguimos perceber que a "crise" continua e que não será Horta nem Xanana a resolver tão depressa quanto prometeram os enormes problemas que contribuíram para acrescentar aos já existentes.

Os refugiados-desalojados ultrapassam os 130 mil, nem todas as crianças frequentam as escolas, as escolas não têm condições, na maior parte dos casos...

Os jovens de Timor, que são a maioria da população, vagueiam sem perspectivas. Sem educação nem formação profissional. A alimentação é péssima ou muito escassa...

Enfim, a miséria graça por Timor-Leste e desmente os bem intencionados padres que ajudaram ao golpe de estado, os bem intencionados líderes históricos que parecem ser mais amigos dos torcionários indonésios do que dos seus irmãos timorenses.

Nesses mesmos blogues percebemos que há quem em Timor-Leste se aperceba do afastamento do governo português socratiano e sem rebuço afirme que Portugal entregou Timor à Austrália.
Claro que a afirmação é contundente e transmite desgosto para os imensos portugueses que adoram Timor.

No blogue "TIMOR ONLINE" podemos ler a seguinte abertura de post:

"Infelizmente, este governo negociou com o Governo australiano a "entrega" de Timor-Leste.
O SNEC, João Cravinho, deixou de financiar a cooperação nas áreas críticas, em que Portugal contribuia não só para o desenvolvimento de Timor-Leste, mas que também ajudava Timor-Leste a garantir a sua soberania e independência, em relação aos seus vizinhos menos escrupulosos.


Desde os Serviços da Alfândega, ao Gertil (Gabinete de Arquitectura responsável pelos planos de ordenamento), à Missão Agrícola, ao contingente da PSP (quiçá em breve a GNR), à falta de apoio aos juízes portugueses (de partida), às empresas portuguesas, Portugal abandonou Timor-Leste."

O autor deste post não está longe da verdade, aliás, ele documenta em texto as suas afirmações.

Também nos comentários se percebe que há portugueses que se sentem envergonhados com a postura do governo socrático e com alguns portugueses que vão para lá para "sacar" e se borrifam para os valores histórico-culturais que unem portugueses e timorenses. Esses são os escroques de Portugal que deviam ficar pela Austrália assim que pensem em regressar.

Quanto ao governo português de socráticas e vestutas personalidades, esperemos que arrepie caminho em relação aos apoios efectivos que os portugueses querem dar aos timorenses, não esquecendo que para além do cantinho que eles têm nos nossos sentimentos, devemos-lhes imenso moralmente por via de uns quantos militares portugueses cobardolas e pseudo revolucionários que deixaram uns quantos jovens de Timor tornarem-se em "líderes" da desgraça do país - coisa que continuam a querer ser apesar de já estarem na casa dos sessentas.

Timor-Leste merece melhor, muito melhor!

Tenhamos esperança que Cravinho ainda não tenha entregue Timor-Leste à Austrália e que a oposição parlamentar saiba perguntar exactamente isso ao primeiro-engenheiro. Engenheiro?

Isso para muitos nunca foi devidamente esclarecido.

É isso e não haver corrupção em Portugal. Olha quem o diz!

Mário Motta

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá Senhor Mario, você está sempre defender o Marie Alkatiri como um melhor Primeiro Ministro más estás fechar os olhos para realidade. Para mim, Alkatiri é uma pessoa perversa, provocativa e ameaçadora. A sua má governação que causou a crise, embora que os outros tambem estavam dentro do jogo. Para mim nem Xanana e nem Ramos Horta que são boas pessoas em Timor. Os dois tambem uns dos jogadores tão suizos no campo politico em Timor Leste. Ambos não vão resolver o problema de Timor... Timor precisa nova geração com coração autentico timorense, embora que mistiços como eles. Os dois muito mais defendem os interesses Australianos e extrangeiros do que o Povo Timor Leste. O Alkatiri e seus amigos defendem os seus interesse ideologoco para supar a riqueza do Povo Timor Leste. Se o Alkatiri continuasse governar a situação um dia vai ser como Myamar (Burma) agora.
Sobre a posição de Portugal eu não tenho ideia, parece você estás muito informado. Por isso, não julgo a sua opinião.

Anónimo disse...

concordo com o mote do post, mas não posso evitar deixar aqui algumas correçoes.
não há, nem nunca houve, em momento algum, desde o estalar da "crise", 130mil deslocados. há neste momento cerca de 75mil pessoas em dili a serem alimentadas pela OIM e outras ONG's (o que significa que metade da populaçao da capital vive de misericórdia), mas a viver mesmo nos campos encontram-se neste momento uns poucos (se tal pode ser dito) milhares de pessoas.
em baucau há também uma série de milhares de pessoas deslocadas, a quem infelizmente pouca atenção tem sido dada. o mesmo se passa em viqueque.
só um pequeno à parte em relação aos juizes portugueses, que estão efectivamente de partida, pois os seus salários, com a desvalorização continua do dólar, é neste momento inferior ao salário em portugal. e antes de se atirarem quaisquer acusações de sanguessugas que só cá estão para ganhar dinheiro, proponho que se reflicta no que significa deixar a família para trás, viver uma rotina de afrontamento por toda a comunidade saxónica (ONU incluída), uma rotina de medidas de segurança média a máxima devido aos riscos de tentativa de homicídio dada a politização de muitos casos de justiça, etc, e depois então julgue-se. para mim, e para muitos, timor sai a perder, bastante. e por culpa, não dos juízes que já não encontram uma última vantagem em estar a trabalhar em timor (a compensação económica), mas de quem deveria aplicar melhor os seus recursos, e saber ser eficaz num objectivo a que se comprometeu...

Anónimo disse...

Em resposta ao Sr. CobraMalai

É verdade que actualmente a desvalorização do dólar é grande, mas deixe que lhe diga que, concerteza os magistrados que estão a trabalhar em Timor-Leste, não o estão a fazer por causa dos dólares, mas pelo contrário, estão a defender uma causa, que é a independência e soberania de Timor-Leste, se assim não fosse, quando as Nações Unidas mandou evacuar de Timor-leste esses magistrados jamais poriam em risco as suas vidas por causa dos dólares. E é sobejamente conhecido que na altura, estavam preparados na Austrália magistrados e defensores publicos para embarcarem para o malfadado país - Timor-Leste. Portanto..., não se devem fazer juízos de valor em relação ao móbil que leva estes juízes a permanecerem em Timor-Leste.

Se eles vierem embora, não será certamente por causa dos dólares, mas antes por uma ingerência continuada e ataques às suas pessoas que nenhum ser humano consegue suportar.

Já para não falar também no apoio, ou falta dele, por parte do governo português, maxime, a nível da embaixada, sim, porque, quer queiramos quer não, se houvesse algum apoio concerteza que estes magistrados sentir-se-iam apoiados!!

Deixo aqui uma nota: se os magistrados não estivessem a fazer o bom trabalho que têm feito, concerteza não havia tanta ingerência por parte do poder político. Continuo com a convicção de que ninguém os vai conseguir deter para acabarem o que começaram, ou seja: descobrir a verdade em relação ao que aconteceu em Abril/Maio de 2006.
Não é que as pessoas não o saibam, pelo menos os mais letrados, mas é importante, um poder independente, os tribunais, julgarem os crimes que foram perpretados nesses meses.

Anónimo disse...

Exmº Senhor CobraMalai.

Parece-me que afirmar pura e simplesmente que os Juízes estão em Timor por motivações económicas, parece-me pouco ético e reprovável.

Acho que fala do que não sabe.

Não me quero alongar muito neste ponto, mas tenho que lhe referir que os juízes não estão a ganhar o dinheiro que menciona.

Nos "quadros" da ONU existe muita gente com cargos e posições que nada fazem e recebem balúrdios, esses sim, deveriam ser trocados por outros... mas parece-me ser essa a cultura da ONU!!

Como sabe a extrutura de um estado assenta em alguns pilares, como a segurança, o governo/parlamento e a justiça. Se estiver recordado, em Maio de 2006 o "golpe" só não se concretizou devido à dedicação, com muitos sacrificios, muito para além do que lhes podia ser pedido, que juízes e oficiais de justiça portugueses, aguentaram a crise e as muitas pressões para manter esse pilar, a Justiça de pé!! Pois os outros, já tinham ruído!!!

Afinal, não fosse isso e o Estado Timorense teria ruído e... a legitimação total para a OCUPAÇÃO australiana!!! Foram esses que lutaram e aguentaram pressão para que Timor e as suas instituições e lideres pudessem reagir ao ataque que sofreram!!

Infelizmente, os lideres e a extrutura do estado não consegui superar a crise. Pelos poucos escrupulos de alguns dos seus lideres e por uma extrutura das instituições do estado muito tenrinha, pressionável e frágil devido ao pouco tempo de vida das mesmas!!



Sim, atente na palavra "ocupação", porque perante a Lei Internacional é essa a realidade em que Timor se encontra!!! Não quero fazer futurologia, mas acredite, dentro de algum tempo ainda vai ouvir algum lider timorense na ONU a pronunciá-la!!!

A "ajuda" australiana chega a Timor e... no aeroporto, antes de sairem dos aviões... trazem consigo um acordo exorbitante e dizem... os assinam conforme queremos ou vamos embora!!!!! Acho que foi Ramos Horta que tratou do assunto...

Depois dos acontecimentos do final de Maio/2006, na altura da evacuação da ONU e outros para a austrália... estava um avião pronto para sair da australia com pessoal para tomar conta da Justiça?? Será que são adivinhos????

Assim que chegaram a Timor, para além do acordo que lhes dava para tudo e mais alguma coisa, quiseram também que o parlamento aprova-se leis de emergência para colocarem em vigor um código penal e processual penal escolhido por eles???!!


Como é que explica que a ajuda militar australiana, com cerca de 1000 efectivos e mais não sei quantas dezenas/centenas de policias e não tenha trazido qualquer segurança ao país e maxime a Dili???

Com a chegada da GNR, com cerca de apenas 100 operacionais!!! conseguem trazer segurança a Dili??

Diga lá, Sr CobraMalai, a culpa é dos Juízes e pessoal da Justiça??????? Francamente...

Saudações Cordiais, afinal temos liberdade de expressão, mas eventuais desonestidades intelectuais, não obrigado!!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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