sábado, outubro 13, 2007

Ajuda a Timor-Leste... apesar do bloqueio (Os desafios da economia cubana)

Desde 3 de abril de 2004 que chegaram a Timor-Leste os primeiros membros da Brigada Médica Cubana até 30 de julho de 2007 foram feitas 1.578.939 consultas externas, 499.396 consultas de terreno, 9.696 cirurgias, 8.961 vidas salvadas... Hoje já estão a funcionar 212 salas de aulas, em igual número de sucos, cumprindo com a Campanha Nacional de Alfabetização que implementa-se segundo o programa cubano “Eu sim posso”, assessorado por professores cubanos... Mais de 700 jovens timorenses estudam Medicina em Cuba e em Timor-Leste com professores médicos cubanos...

Se depois de 48 anos, os cubanos só pudessem exibir como resultados positivos da Revolução, o que já conseguiram em saúde e educação do povo, bastaria para que o mundo todo sentisse admiração por essa nação.

Passaram 48 anos a resistir invasões, agressões de todo tipo, ações terroristas que já custaram a vida a milhares de filhos e danos físicos irremediáveis a muitos outros, de luta por sobreviver um bloqueio genocida cujas perdas econômicas ultrapassam 89 mil milhões de dólares e tem obrigado a investir grandes esforços e recursos na defesa do país; bloqueio que já foi condenado pela Assembléia Geral das Nações Unidas durante os últimos quinze anos; bloqueio que se mantem desconhecendo o apelo da maioria da comunidade internacional.

Quando desapareceu o bloco socialista da Europa do Leste e a União Soviética desintegrou, Cuba perdeu, em pouco menos de dois anos, mais de 75% dos mercados de exportação e mais de 70% das importações. Os treze milhões de toneladas de petróleo que recevia para satisfazer as suas necessidades, tornaram-se reduzidas a três milhões. Em 1992, o PIB já tinha caido em 35% com relação ao ano 1989 e o país estava envolvido numa profunda crise econômica. Muita gente vaticinou um colapso inevitável e os adversários de Cuba aproveitaram para acrescentar, muito mais, a guerra econômica.

Superar a crise, que foi o periodo mais difícil da sua história, em condições de bloqueio cruelmente acrescentado, obrigou os cubanos a fazerem grandes sacrifícios. Os cubanos sofreram carestias de todo tipo, graves afetações em serviços básicos, depresão em setores completos da economia nacional. Tiveram necessidade de recompor a sua sociedade, adaptar sua economia às novas condições, e de pospor a realização de sonhos desejados e merecidos.

Levou aos cubanos mais de uma década superar a crise mas conseguiram.

Em 2006, a economia cubana cresceu 12,5%, o maior crescimento atingido nos anos da Revolução e o mais alto da América Latina. Este alto crescimento do PIB é continuação da tendência que começou em 2004 com 5,4%, e continuou em 2005 com 11,8%. Isto foi possível num ano em que a guerra econômica contra o povo cubano tinha atingido a sua mais alta intensidade na perseguição das operações econômicas cubanas, das remessas e das visitas ao nosso país; no qual o petróleo manteve preços altíssimos e os dos alimentos subiram notávelmente.

Apesar das grandes dificuldades dos últimos 48 anos, e de ser um país subdesenvolvido, não apenas são a saúde pública e a educação os resultados positivos da Revolução. Os cubanos também podem exibir com orgulho realizações extraordinárias em esporte, em cultura, em segurança social da qual se beneficiam hoje mais de um milhão de aposentados e pensionistas, no desenvolvimento das ciências com 30 mil cientistas que já construiram modernos centros de pesquisas e de produção de medicamentos, no desenvolvimento de recursos humanos a contar hoje com mais de 800 mil diplomados universitários e todos os trabalhadores do país com nível médio básico (nove classes) como mínimo.

Cuba é hoje o país de maior eqüidade na distribuição do ingresso na América Latina, aquele que possui os serviços de educação elementar e secundária de maior qualidade assim como os de saúde, o primeiro em indicadores favoráveis de mortalidade infantil em menores de um ano (5,3 por cada mil nascidos vivos, só superada na América pelo Canadá), com uma expectativa de vida ao nascer de 76 anos, aquele de menor taxa de desemprego con 2%, quem oferece atenção médica primária permanente e remisão a serviços gratuitos de alta tecnologia, quem oferece atenção segura e grátis à mulher grávida e a toda criança menor de um ano, quem garante formação educacional de mais de nove classes a todos os jovens e aceso a estudos de nível superior em qualquer lugar do país a todos os que queiram fazer, e que conta hoje com mais de 600 mil estudantes universitários.

Cuba é o país que tem o mais alto número de médicos no mundo per cápita (um médico a cada 167 pessoas).

Segundo a UNESCO, Cuba tem a menor taxa de analfabetismo e a maior taxa de instrução da América Latina.

Segundo a prestigiosa organização não governamental World Wild Fund (WWF), Cuba é, nesta altura, o único país do mundo que combina um alto desenvolvimento humano e um desenvolvimento medioambiental sustentável.

E em conseqüência com a sua vocação internacionalista, a Revolução cubana compartilha seus recursos e suas experiências com as nações irmãs do Terceiro Mundo.

Cuba tem milhares de médicos e outros trabalhadores do setor da saúde fornecendo cooperação em mais de 60 países, onde têm ido para ajudar a remediar os danos causados por desastres naturais e a pedido de muitos governos de diferentes sistemas políticos, sem outra aspiração que não seja ajudar esses povos. Nesses muitos lugares, os nossos colaboradores têm cumprido a suas missões e têm voltado com o agradecimento e reconhecimento de governos e povos, como aconteceu na Indonésia, no Pakistão e noutras latitudes.

Na verdade, se inclui-se a cooperação em educação, esportes, agricultura, e outras áreas, os cubanos cooperam hoje com mais de 30 mil colaboradores em mais de 100 países. Nas escolas e universidades cubanas já se formaram mais de 45 mil jovens de 129 países do Terceiro Mundo e atualmente estão a estudar mais de 27 mil bolsistas, 80% deles nas Faculdades de Medicina.

O programa cubano de alfabetização, “Eu sim posso”, aplica-se com sucesso em dezesseis países e em outros seis trabalham para implementá-lo.

Conjuntamente com a Venezuela e em poucos anos, mais de meio milhão de latinoamericanos e caribenhos pobres, beneficiados pela chamada “Operação Milagre”, recuperaram a visão a través de cirurgias oftalmológicas gratuitas.

Em Timor-Leste, centos de médicos cubanos assistem ao povo maubere, espalhados pela geografia toda do país, e desta maneira ajudam a salvar vidas e prevenir doenças dos seus irmãos timorenses. Ao mesmo tempo, em Cuba, estudam medicina centos de jovens timorenses para que, daqui a uns anos, possam resolver definitivamente as limitações de médicos no Sistema de Saúde com seus próprios meios e recursos. A cooperação, que também se implementa em educação e, com certeza, se estenderá a outras áreas no futuro.

Alguns não entendem o que é que cubano busca com a cooperação neste país, por outro lado, outros imaginam que Cuba é um país muito rico. É importante todos saberem que os cubanos em Timor-Leste recevem e receverão o reconhecimento e o amor do povo agradecido, que é a única coisa à que aspiram; e que Cuba não da o que lhe sobra, os cubanos compartilham o que ganharam com muito sacrifício... apesar do bloqueio genocida dos Estados Unidos de América durante quase meio século.

(Arsenio A. Lesmes)

Relatório de Cuba sobre o bloqueio em 2007: http://www.cubavsbloqueo.cu/Informe2007/index.html

Mais informações podem ser obtidas escrevendo para: PRIMER SECRETARIO embacubatimor2@mail.timortelecom.tp


Nota de Rodapé:

Em primeiro lugar gostaria de reconhecer e agradecer o apoio de Cuba a Timor-Leste, nomeadamente na área da medicina. Desde os cursos que facultam aos jovens timorenses em Cuba, aos médicos que enviam para Timor-Leste, esta ajuda tem sido preciosa e praticamente única.

Os médicos cubanos marcam a diferença por todo o território, estão presentes em praticamente todos os centros de saúde ou hospitais, e na maioria dos casos são a única assistência médica às populações fora de Díli.

Nenhum outro país deu a Timor-Leste uma ajuda tão eficaz na área da medicina.

Lembro um episódio passado no hospital Guido Valadares em Díli, onde um grupo de amigos tentava evacuar para a Austrália, a seus custos, um amigo timorense em coma, com tramatismo craniano e sem qualquer hipótese de sobreviver nesse hospital. Esse timorense também tinha passaporte português e é casado com uma portuguesa.

Quando conseguiram contactar o hospital de Darwin, que aceitou o doente, os médicos pediram para falar com o médico que o assistia em Díli, que era australiano.

Quando lhe perguntaram se se tratava de um português, o médico australiano respondeu que "estou a olhar para ele e parece-me tudo menos português, é timorense."

Depois disto, o hospital de Darwin recusou-se a receber o doente.

Quando tentaram evacuá-lo para Sidney, Perth, e muitas outras cidades na Austrália, sempre que os médicos de lá falavam com o médico do Hospital de Díli, a resposta era a mesma. Não existia uma única cama de cuidados intensivos na Austrália!

Apenas com a ajuda do MNE português junto das autoridades em Camberra, e da embaixada de Portugal em Díli, foi evacuado para a Austrália, dois dias depois.

Dúvido que algum médico cubano tivesse este tipo de atitude.

Mas não posso deixar de lamentar o facto de Cuba ser uma ditadura, com presos políticos, sem liberdade de expressão ou de movimentos para os seus nacionais. O que não só lamentamos, mas condenamos vivamente.

E também lamentamos, que as democracias ocidentais, que fazem tanta publicidade acerca dos montantes do seu apoio aos países sub-desenvolvidos, que na realidade fazem chegar tão pouco ao terreno e na maior parte das vezes com tão pouca eficácia, comparando com a ajuda de Cuba.

Basta dar o exemplo da "ajuda" australiana. Por cada milhão que "dão" a Timor-Leste roubam 30 ou 40 milhões em petróleo, por não cumprirem as leis internacionais marítimas.

Ou Portugal, que todos os anos anuncia uma ajuda de vários milhões de euros e que depois apenas "entrega" um quarto ou menos, porque o IPAD atrasa ou não executa deliberadamente os projectos. E mais um assunto para o qual o Governo socialista também não tem oposição.

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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