domingo, agosto 12, 2007

"Um queria ser cultivador de abóboras" torna-se PM de Timor-Leste

Tradução da Margarida:

ABC News

Postado Quarta-feira, Agosto 8, 2007 2:04pm AEST
Actualizado Quarta-feira, Agosto 8, 2007 2:16pm AEST

História: Continua a violência depois de Gusmão ter sido nomeado PM
História Relacionada: A violência irrompe em Timor-Leste, anunciou o governo. Xanana Gusmão, o guerrilheiro que pastoreou Timor-Leste para a independência e foi o seu presidente relutante tomou posse como o novo Primeiro-Ministro da pequena nação.

O homem de barba grisalha enérgico de 61 anos tem insistido sempre que não tem paixão nenhuma pela política e que preferiria estar a cultivar abóboras, mas desde a independência de Timor-Leste em 2002 que nunca saiu das luzes da ribalta .

O Sr Gusmão saiu depois de cinco anos da presidência em Maio, tendo montado no início deste ano um novo partido político com o objectivo de arrancar o poder de Mari Alkatiri, o seu inimigo político de há muito tempo, nas eleições de Junho.

O seu CNRT ganhou 18 lugares no Parlamento de 65 lugares da nação empobrecida, ficando atrás do partido do Dr Alkatiri, a Fretilin - do qual já foi membro – por três lugares.

Mas por cavalgar o descontentamento geral contra a Fretilin no início da violência mortal que atingiu Dili em Abril e Maio do ano passado, ele arregimentou uma coligação de partidos que controlam 37 lugares no Parlamento.

O Presidente José Ramos Horta, que substituiu o Sr Gusmão noutras eleições em Maio, usou a sua autoridade constitucional para determinar que a coligação podia formar governo, visto que a lei não era clara sobre quem devia liderar num tal cenário .

A decisão de ontem provocou motins nas duas maiores cidades de Timor-Leste e um forte protesto da Fretilin, que vai lutar ontra a decisão por meios legais.

Encarnações

Ser primeiro-ministro é apenas a última de uma série de encarnações políticas do Sr Gusmão.

Foi instrumental na luta pela independência de Timor-Leste, começando com uma campanha pacífica contra os colonialistas Portugueses.

A invasão pela Indonésia em 1975 viu-o a ir para as montanhas para combater os ocupantes, deixando para trás a mulher e os filhos para se tornar um líder da guerrilha num gesto que cimentaria a sua popularidades nos anos seguintes.

Os rebeldes, apesar dos seus recursos limitados, conseguiram violentar as forças militares da Indonésia com ataques de pequena escala através de Timor-Leste.

Mas em 1992, o Sr Gusmão foi capturado, acusado de subversão e preso. Continuou a dirigir o movimento de resistência por detrás das grades em Jacarta, onde também pintava e escreveu poesia, o que lhe fez ganhar a alcunha de “poeta guerreiro”.

Durante a sua encarceração, o Sr Gusmão começou a corresponder-se com a Australiana que se viria a tornar a sua segunda mulher, a trabalhadora de ajuda Kirsty Sword, com quem tem agora três filhos.

A queda do ditador Indonésio Suharto conduziu a uma nova era de democracia para a Indonésia e levou à saída em liberdade do Sr Gusmão em 1999, horas depois de os seus compatriotas terem votado pela independência num referendo administrado pelas Nações Unidas.

Foi recebido como um herói no seu regresso triunfante à capital, Dili.

Relutância

O Sr Gusmão tem sempre publicamente insistido que não quis ser presidente mas que as pressões de colegas o levaram a concorrer ao cargo em 2002.

"Disse sempre que queria se um cultivador d abóboras. É ainda o meu sonho," disse ele no ano passado, antes do desassossego mortal que atingiu as ruas de Dili.

"Nunca, jamais quis ser Presidente."

Contudo, ele continua a deter forte influência política.

O Sr Gusmão ameaçou resignar no ano passado durante o desassossego que provocou pelo menos37 mortes quando facções de militares e da polícia desencadearam batalhas que degeneraram em guerras de gangs. Foi a pior violência desde a independência formal de Timor-Leste em 2002.

A sua postura empurrou a saída do Dr Alkatiri mas ele próprio não saiu sem manchas dos eventos tendo sido acusado de inflamar alguma da violência com um longo discurso que fez no meio do tumulto .

E apesar da sua duradoura popularidade, há algumas questões acerca da sua capacidade para lidar com este cargo exigente.

"Poucos fora do CNRT pensam que será um bom Primeiro-Ministro por causa da sua impaciência com detalhes, entre outras coisas," disse a International Crisis Group num relatório no princípio deste ano.

A organização disse que o partido do Sr Gusmão tinha uma estrutura pobre, não tinha programa político e pouco mais para andar do que o carisma do seu líder.

1 comentário:

Anónimo disse...

"[Xanana] Foi instrumental na luta pela independência de Timor-Leste, começando com uma campanha pacífica contra os colonialistas Portugueses."

A mitologia continua. Possivelmente para disfarçar os seus erros mais recentes, Xanana está a ser apresentado pela imprensa australiana com uma nova e brilhante imagem, gasta que está a antiga, de guerrilheiro.

No tempo do "colonialismo", Xanana era um banal e anónimo tipógrafo. Não estava envolvido em quaisquer actividades políticas, nem saberia o que era isso.

Também não houve qualquer "luta" "contra os colonialistas Portugueses". Note-se que se os timorenses quisessem fazer mal aos malaes, tinham a faca e o queijo na mão e não precisavam de estar
à espera de um qualquer Xanana, pois a esmagadora maioria dos efectivos do Exército era timorense, incluindo praças e oficiais subalternos.

De facto, mesmo quando a Fretilin se apropriou do paiol do Exército, usou as armas contra a UDT, não contra os malaes em geral ou qualquer titular de cargo superior em particular.

Mesmo quando Lemos Pires fugiu para Ataúro, a bandeira portuguesa continuou a ser respeitada, flutuando no mastro fronteiro ao Palácio das Repartições (actual Palácio do Governo) até à declaração unilateral de independência, em 28 de Novembro de 1975.

As reservas do Banco Nacional Ultramarino permaneceram intocadas. Todas as casas, viaturas, etc., do Estado também. Isto só mudou no triste dia 7 de Dezembro de 1975.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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