domingo, abril 27, 2008

Gastão Salsinha concordou em render-se mas ainda não entregou armas

Díli, 25 Abr (Lusa) - O ex-tenente timorense Gastão Salsinha concordou hoje em render-se em Ermera (Oeste de Timor-Leste), "mas até ao momento ainda não entregou as armas", disse à Agência Lusa fonte do comando conjunto da Operação Halibur.

Uma fonte oficial da ONU em Timor-Leste confirmou à Lusa existirem reuniões entre Gastão Salsinha e uma delegação da Procuradoria-Geral da República, do Parlamento, do Governo e das Forças Armadas, na aldeia de Liolo, junto a Gleno, Ermera.

Salsinha, líder do grupo rebelde que em 11 de Fevereiro atentou contra a vida do Presidente Ramos-Horta e do primeiro-ministro Xanana Gusmão, concordou, "em resultado destas conversações, em não deixar a casa onde se encontra, até que o resto dos seus homens se juntem a ele", disse aquela fonte.

"Depois disso, Gastão Salsinha concordou em entregar-se às autoridades", concluiu a fonte da ONU.

Uma outra fonte que tem acompanhado localmente as negociações, confirmou à Lusa a concordância de Salsinha na sua rendição, "mas até ao momento ainda não entregou as armas".

"A situação é muito parecida com o que aconteceu quando Gastão Salsinha concordou em entregar-se ao Procurador-Geral da República" há cerca de dois meses, comentou aquela fonte, que salientou o papel relevante da Igreja, de políticos locais e da Procuradoria-Geral da República nas negociações com o chefe rebelde.

Até quinta-feira, estavam em prisão preventiva dez elementos do grupo de Gastão Salsinha e do major Alfredo Reinado, arguidos no processo do 11 de Fevereiro.

Angelita Pires, ex-assessora legal e namorada de Alfredo Reinado, está indiciada no mesmo processo, aguardando julgamento em liberdade mas com interdição de se ausentar do país.

Continuavam a monte 13 suspeitos com mandado de captura emitido, incluindo Gastão Salsinha, que lidera o grupo de fugitivos depois da morte do major Reinado no ataque à casa do Presidente José Ramos-Horta.

A operação Halibur de captura do grupo de Salsinha tem estado concentrada no distrito de Ermera.

No seu regresso a Timor-Leste, no dia 17 de Abril, o Presidente da República, José Ramos-Horta, tinha ordenado ao ex-tenente Gastão Salsinha para se entregar e acabar com a sua "aventura".

"Deixe-se de aventuras. A vossa aventura e irresponsabilidade ao longo de meses já custou vidas", afirmou José Ramos-Horta na conferência de imprensa que deu no aeroporto internacional Nicolau Lobato, em Díli, dirigindo-se ao líder dos fugitivos ligados aos ataques de 11 de Fevereiro.

O Presidente fez, na ocasião, uma intervenção emocionada mas dura contra Gastão Salsinha e o major Alfredo Reinado, responsáveis pelos ataques contra José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão.

José Ramos-Horta ficou gravemente ferido, o major Reinado morreu no ataque e o ex-tenente Salsinha fugiu com um grupo que agora está reduzido a cerca de 15 homens.

"Entregue-se ao pároco em Gleno ou Maubisse. Confio totalmente nesta igreja timorense. Ela saberá como contactar as autoridades", pediu o chefe de Estado a Salsinha no regresso de mais de dois meses de convalescença em Darwin, Austrália.

"Apesar de eu ter sido atingido, eu não queria que Salsinha ou qualquer outro timorense perdesse a sua vida.

Demasiados timorenses perderam as suas vidas", acrescentou José Ramos-Horta num momento em que, embargado, interrompeu as suas palavras.

"Salsinha tem que se entregar. Ele disse que esperava pelo meu regresso para se entregar. Eu prefiro que ele procure a igreja. Depois ele tem de ir ao Procurador-geral da República, ou ao tribunal, não sei o processo, e enfrentar a justiça", insistiu o Presidente.

"Salsinha já não é o líder dos peticionários", afirmou o Presidente da República na sua curta intervenção perante os deputados e a comunidade diplomática.


PRM.
Lusa/fim.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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