quinta-feira, março 06, 2008

Grande incerteza sobre rendição iminente de Gastão Salsinha

DN, 06/03/08
LUÍS NAVES

As autoridades timorenses esperaram anteontem, "a qualquer momento", a rendição do ex-tenente Gastão Salsinha, um dos líderes do grupo que atacou o Presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, a 11 de Fevereiro.

Segundo relato do correspondente da Lusa, em Dili, ao longo de segunda-feira chegou a circular a notícia de que a operação de rendição ou captura tinha sido concluída com êxito, mas a informação foi desmentida por uma fonte militar.

O mesmo correspondente, Pedro Rosa Mendes, descreve a cena vivida junto ao Palácio do Governo, em Dili, no final do dia: após as autoridades terem abandonado o local onde tinham esperado a chegada do rebelde, houve um novo rumor de que Gastão Salsinha se tinha entregue numa igreja, em Gleno. De novo, não houve confirmação. "O 'a qualquer momento' sobre a rendição passou, entretanto, a ser perspectivado 'nas próximas 48 horas'", escrevia a Lusa.

"Trabalhamos para reunir as condições para que ele desça [das montanhas]. Constato que ele se mostra cooperativo", dizia ontem o general Taur Matan Ruak, chefe do estado-maior timorense, citado pela AFP, e referindo-se ao antigo tenente, ainda a monte.

O próprio Salsinha confirmou a sua intenção, através de um SMS enviado ao correspondente da agência francesa. Mas a certeza transformou-se de novo numa espera inútil. De qualquer forma, a rendição poderá ocorrer em breve. Salsinha está numa zona de Ermera, de difícil acesso, cercado pelas forças de estabilização internacional.

Gastão Salsinha era o líder dos chamados peticionários, os militares afastados em 2006 do exército, após um motim. O grupo correspondia a um terço dos efectivos e continha elementos que tinham combatido na resistência aos indonésios, daí o seu forte sentimento de injustiça.

O problema dos peticionários nunca chegou a ser resolvido, provocando a desestabilização do país. A dificuldade em reintegrar estes elementos foi um factor decisivo na crise política timorense, ao longo de quase dois anos. Ao chefe do movimento dos peticionários juntou-se aquele que se transformaria no líder rebelde do país, o major Alfredo Reinado, que foi abatido no início dos incidentes de 11 de Fevereiro.

No caso de Salsinha se render em breve, as suas acções poderão ser analisadas por uma comissão internacional de inquérito, cuja formação foi aprovada pelo parlamento timorense, numa resolução aprovada na segunda-feira.

A votação revela um alinhamento partidário surpreendente. A resolução foi aprovada com votos do principal partido da oposição (Fretilin) e do principal partido da coligação do Governo, o CNRT de Xanana Gusmão. Mas votaram contra esta resolução formações que participam na aliança para a maioria governamental, nomeadamente o PD.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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