quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Eurodeputados portugueses querem apoio às autoridades timorenses sem ingerências

Bruxelas, 19 Fev (Lusa) - Eurodeputados portugueses das diferentes forças políticas sublinharam hoje em Estrasburgo a necessidade de a comunidade internacional e a União Europeia continuarem a apoiar a consolidação do Estado de Timor-Leste mas sem ingerências nem aproveitamento da actual fragilidade.

Em vésperas de o Parlamento Europeu adoptar (quinta-feira) em Estrasburgo uma resolução sobre a situação em Timor-Leste, os deputados portugueses defendem que todos se devem empenhar no reforço das instituições democráticas do território, no respeito pelos órgãos eleitos e da soberania do país, um "Estado com fragilidades".

O deputado José Ribeiro e Castro (CDS-PP), autor do projecto de resolução do Partido Popular Europeu, apontou a necessidade de "consolidar o Estado de Direito e as estruturas indispensáveis à manutenção da lei e da ordem", considerando que tal só é possível com "um consenso nacional alargado entre as principais forças políticas nos aspectos essenciais do funcionamento do Estado".

Salientando que "Timor é um Estado muito frágil", o deputado democrata-cristão disse esperar "que ninguém procure tirar proveito" da actual situação e, referindo-se ao apoio dos países vizinhos, comentou que é importante mas "trata-se de ajudar, e não de interferir e perturbar".

Por seu turno, o coordenador da delegação do PSD, Carlos Coelho, considera "fundamental que a ONU continue a apoiar Timor-Leste", afirmando que em nada ajuda o país uma "precipitação de críticas à missão das Nações Unidas", e também "essencial um grande consenso em Timor-Leste relativamente aos aspectos de segurança", prevenindo quaisquer excessos.

"É de justiça salientar que Timor, que é um Estado com fragilidades, uma democracia jovem, soube reagir com serenidade aos acontecimentos, e isso é um ponto a favor das instituições políticas e democráticas timorenses", disse.

A líder da delegação socialista, Edite Estrela, também realçou a importância de prosseguir o apoio às autoridades de Timor-Leste e ao povo timorense, destacando a propósito dos recentes acontecimentos "o importante papel que foi desempenhado pela GNR".

"Acreditamos que os timorenses vão alcançar a paz e a estabilidade, e nós certamente que estamos a apoiar e estamos dispostos a ajudar naquilo que for necessário para que a normalidade volte", declarou.

Já Ilda Figueiredo, do PCP, destacou a necessidade de "reforçar o apoio à população timorense em áreas fundamentais, como serviços públicos, água, saúde, educação, agricultura", de modo a ajudar "o desenvolvimento deste jovem país no respeito pela sua soberania e órgãos eleitos".

"Insistimos na necessidade de se respeitar a soberania do povo de Timor-Leste e consideramos que não de deve aumentar a ingerência em Timor-Leste, e sim fazer tudo para apoiar", afirmou.

A 11 de Fevereiro, o presidente timorense, José Ramos-Horta, foi gravemente ferido durante um ataque à sua residência, em que morreu o major fugitivo Alfredo Reinado, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, escapou ileso a uma emboscada quando se dirigia para Díli.

Na sequência dos ataques, a Austrália, a pedido de Díli, reforçou o seu contingente militar e policial em Timor-Leste e as autoridades timorenses decretaram o estado de sítio, com recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00.

ACC.
Lusa/fim

NOTA DE RODAPÉ:

Até que enfim, um exemplo de coragem política!

PARABÉNS!

1 comentário:

  1. Aqui junto também os meus parabéns.

    A União europeia é neste momento uma potência mundial, em termos económicos, políticos e demográficos.

    Como organização que persegue objectivos pacíficos em termos externos, como a cooperação e o desenvolvimento de países mais pequenos, A UE deve colocar esse seu grande poder também ao serviço do povo timorense.

    Como tal, cabe a Portugal sensibilizar os seus parceiros europeus para a importância vital de não só ajudar directamente Timor-Leste, mas sobretudo defender este país indefeso dos predadores estrangeiros, no palco do teatro internacional.

    Perante a ineficácia e a incompetência da ONU, porque não criar uma missão de cooperação da UE com o Estado timorense, em acompanhamento permanente?

    Estou a falar de cooperação efectiva e não de um mero escritório com um ou dois burocratas lá dentro.

    Os vários países que integram a UE têm conhecimento e experiência nos mais variados campos e cada país pode contribuir de diversas maneiras, dentro de um espírito cooperativo.

    Felizmente, parece-me que Timor-Leste suscita unanimidade nos partidos políticos portugueses e que os seus eurodeputados estão perfeitamente a par da realidade timorense, podendo ser uns interlocutores privilegiados de Timor na UE.

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