quarta-feira, fevereiro 20, 2008

CPLP vai enviar missão de solidariedade e para ajudar na "rápida resolução" da crise

Lisboa, 19 Fev (Lusa) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai enviar em breve uma missão a Timor-Leste para ajudar na "rápida resolução" da crise que o país atravessa, anunciou hoje o presidente do Comité de Concertação Permanente da organização.

"Saiu um consenso sobre a necessidade do envio de uma missão da CPLP com a maior urgência possível", disse o embaixador Apolinário Mendes de Carvalho aos jornalistas em Lisboa, no final de uma reunião extraordinária do Comité de Concertação Permanente da CPLP.

De acordo com o diplomata da Guiné-Bissau, a missão da CPLP irá a Timor-Leste com dois objectivos: prestar solidariedade e ajudar na resolução da crise.

"A missão vai encetar diálogo entre o governo e as autoridades timorenses para a rápida resolução da crise", sublinhou.

Questionado sobre quando a missão irá a Timor-Leste, Apolinário Mendes de Carvalho disse que falta "alinhavar" alguns pormenores, mas adiantou que pode ser "na próxima semana".

Para o presidente do Comité de Concertação Permanente da CPLP, a estabilidade em Timor-Leste requer "o diálogo franco e construtivo entre os principais actores políticos" timorenses.

Apolinário Mendes de Carvalho disse ainda que a "CPLP já tinha uma agenda própria para Timor-Leste, que passava pela abertura de uma delegação permanente", e indicou que a crise que o país atravessa "pode ter acelerado" essa abertura.

Por seu lado, o embaixador de Timor-Leste em Lisboa, Manuel Abrantes, manifestou o seu "agrado" por a CPLP enviar uma missão ao país, afirmando que vai estabelecer contactos de "ordem bilateral e multilateral" e "apoiar o Estado timorense nas formas mais variadas que Timor-Leste precisa".

Manuel Abrantes garantiu também que a capital timorense "está calma", mas sublinhou que "há a necessidade de repor a ordem pública".

A 11 de Fevereiro, o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, foi gravemente ferido a tiro na sua residência em Díli, enquanto o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, escapou ileso a uma emboscada nos arredores da capital.

Ramos-Horta encontra-se hospitalizado em Darwin, norte da Austrália, onde hoje foi submetido a uma nova intervenção cirúrgica, a quinta desde há uma semana.

No ataque à residência do presidente timorense, o major fugitivo Alfredo Reinado e um elemento do seu grupo foram mortos a tiro.

Na sequência do duplo ataque, as autoridades timorenses decretaram o estado de sítio no país, com recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00.

Timor-Leste integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa juntamente com Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

MCL/PNG.
Lusa/fim

1 comentário:

  1. Folgo em ver que a CPLP está activa e deseja contribuir para a paz em Timor-Leste.

    A delegação permanente em Dili é um passo importante para que haja uma ajuda profunda e duradoura, pois donativos esporádicos ou actos isolados de solidariedade esfumam-se num instante. "Permanente" é mesmo a palavra-chave na ajuda à construção do Estado timorense, que poderá demorar várias gerações.

    Resta saber quais as formas concretas de ajuda que estarão nas mentes dos diplomatas da CPLP.

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