sábado, outubro 20, 2007

Timor-Leste: Telecom quer investir 20 milhões até 2010

Lusa - 18 de Outubro de 2007, 08:44

Díli, 18 Out (Lusa) - Os accionistas da Timor Telecom (TT) avaliam hoje um plano de investimento de 20 milhões de dólares (cerca de 14 milhões de euros) até 2010, afirmou à agência Lusa o administrador delegado da empresa, José Brandão de Sousa.

O conselho de administração da TT reuniu-se hoje de manhã em Díli (madrugada em Lisboa) e durante a tarde o plano de desenvolvimento estratégico para 2008/2010 é votado na assembleia-geral de accionistas.

As principais linhas para o próximo triénio foram abordadas por José Brandão de Sousa na cerimónia do quinto aniversário da TT, quarta-feira à noite, em Díli.

A empresa pretende expandir e modernizar os serviços de cobertura, com a introdução de ADSL, "com serviços básicos para uns clientes e serviços avançados para outros, incluindo o acesso à Internet em regime de mobilidade pelo país", explicou José Brandão de Sousa à Lusa.
Sobre as tarifas praticadas pela TT, motivo recorrente de críticas dos consumidores e alvo frequente da classe política, José Brandão de Sousa afirma que as queixas são fruto de "informação deficiente".

Ao discursar no jantar de aniversário da TT, o Presidente da República, José Ramos Horta, divertiu e embaraçou os presentes com a referência ao administrador da TT como "caro amigo" e "amigo caro".

José Ramos Horta agradeceu também o "ataque de generosidade" da empresa que, ao oferecer o dobro de impulsos nos cartões comprados no seu aniversário, originou uma corrida aos pré-pagos que sobrecarregou a rede ao longo do dia.

"Estive em Ataúro e tentei fazer alguns telefonemas mas não consegui, apesar de a rede dizer que estava disponível", contou o Presidente da República.

"Humor pessoal" à parte, José Brandão de Sousa refere, em primeiro lugar, que os preços praticados pela TT são os que constavam obrigatoriamente, até ao final do contrato de concessão, da proposta que venceu o concurso internacional em 2002 "e que era, portanto, a melhor".

Os preços da TT, acrescentou José Brandão de Sousa, são também influenciados pelas obrigações rigorosas de cobertura de todas as capitais de distrito e de manutenção de tarifas uniformes no território.

"O governo adoptou um sistema de equilíbrio e solidariedade", explicou o administrador-delegado da TT à Lusa, dando o exemplo de Suai, a sudoeste do país.

"Levar as comunicações a Suai custou-nos 1,2 milhões de dólares. Não se prevê que nos próximos cinco anos Suai gere rendimento para pagar este investimento. Alguém vai ter que pagar", disse.

"A alternativa era o Estado subsidiar as comunicações onde elas não fossem rentáveis, mas o Estado timorense adoptou a política de não investir em telecomunicações", explicou o responsável pela TT.

A opção pelo modelo de contrato BOT (das iniciais em inglês para "construir, operar e transferir") "deixou ao gestor da rede de telecomunicações a obrigação de arranjar recursos para levar as comunicações a todo o país", o que se traduz na prática por "um subsídio de zonas não rentáveis a zonas mais rentáveis".

"Numa situação de vários operadores em concorrência, as zonas não rentáveis não teriam nenhum serviço, porque os concorrentes iriam concentrar-se em zonas de melhor retorno", sublinhou José Brandão de Sousa.

O administrador refere ainda que a TT enfrenta "custos de mão-de-obra especializada que são três ou quatro vezes superiores aos da Indonésia".

Devido à soma destes factores, "não se pode comparar os preços da TT, por exemplo, com os praticados na Indonésia". "É uma comparação abusiva", comentou.

A população urbana é de muitos milhões, refere José Brandão de Sousa, "Jacarta sozinha tem 17 milhões de habitantes".

"A população timorense que vive em meio urbano é apenas de 300 mil pessoas".

José Brandão de Sousa criticou ainda a carga fiscal sobre as telecomunicações, um serviço que paga um imposto de 12 por cento. "É o mais elevado, igual ao que se paga se for a um restaurante ou alugar um avião", enquanto a construção civil paga 5 por cento, refere o administrador-delegado da TT.

A empresa "espera a concretização da reforma fiscal iniciada por José Ramos Horta quando era primeiro-ministro" e sobre isso há "sinais positivos" do Governo.

A TT, liderada pela Portugal Telecom, é a maior empresa do país e os 30 milhões de dólares que investiu em Timor-Leste correspondem a 33 por cento do total de investimento estrangeiro privado desde a independência em 2002.

PRM-Lusa/Fim

1 comentário:

  1. "A empresa "espera a concretização da reforma fiscal iniciada por José Ramos Horta quando era primeiro-ministro""

    Então vai esperando... sentada.

    Finalmente, a administração da TT vem esclarecer as verdades sobre a demagogia que tem caracterizado o discurso de RH no que diz respeito à TT.

    O que é facto indesmentível é que a proposta da TT foi a melhor, com os melhores preços. E só quem não conhece a orografia de Timor é que pode pensar que é moleza criar redes de telecomunicações móveis em todo o país, sem ter qualquer apoio do Estado ou retorno dos parcos clientes.

    E se RH calasse a demagogia e começasse a pôr em prática as suas promessas eleitorais mirabolantes? Talvez criando uma nova "task force", desta vez para baixar os impostos?

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