Jornal de Notícias, 06/04/07
Um grupo de habitantes de Manatuto, Timor-Leste, que ontem cortou o acesso à vila, apedrejou uma pessoa que ficou ferida na cabeça e obrigou à intervenção dos soldados das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) e da GNR.
O corte da estrada, que se registou-se às 10 horas (2 horas em Portugal Continental), foi um acto de retaliação pelo facto de apoiantes do candidato José Ramos-Horta, originários de Manatuto, terem sido atacados, anteontem à noite, em Metinaro, a cerca de 30 quilómetros de Díli, na altura em que viajavam em direcção à capital timorense.
Na quarta-feira, as agressões em Metinaro contra o grupo de Manatuto causaram 26 feridos, cinco em estado grave, e sete mini- autocarros foram queimados, disse à agência Lusa um elemento da Polícia Nacional de Timor-Leste.
Ontem, cerca das 10 horas locais, um grupo de habitantes de Manatuto cortaram a estrada de acesso à vila e impediram a circulação na única via que liga Díli a Baucau. Os indivíduos que cortaram a estrada fizeram, pelo menos, um ferido. Trata-se de um professor do Colégio de S. José, em Díli, que seguia numa motorizada em direcção à capital de Timor-Leste e que foi apedrejado na cabeça. A vítima disse, no Hospital de Manatuto, onde ainda se encontra, que tentou explicar que, como professor, não tem ligações políticas mas, mesmo assim, foi atingido com uma pedra na cabeça. A vítima disse que viajava na companhia de um outro professor, jesuíta, "que desapareceu", tal como desconhece o paradeiro da sua moto.
O incidente em Manatuto obrigou ao reforço dos militares da ISF, com 60 soldados da Nova Zelândia e da Austrália, apoiados por dois helicópteros, e, mais tarde, foram enviados para o local 20 soldados da GNR.
Paz e reconciliação
Os partidos políticos portugueses esperam que as eleições presidenciais em Timor-Leste possam trazer paz e reconciliação ao país, sublinhando que Portugal deve continuar a apoiar a jovem democracia timorense.
Em declarações à Agência Lusa, José Lello (PS), Albano Nunes (PCP), João Semedo (BE) e José Ribeiro e Castro (CDS/PP) manifestaram, por outro lado, a convicção de que Timor-Leste vai sobreviver aos problemas internos dos últimos tempos. O responsável pela Comissão dos Negócios Estrangeiros do PSD, José Luís Arnaut.
Para José Lello, a "crise de juventude da democracia timorense" deverá ser ultrapassada com a "maturidade de uma estabilização política", enquanto Albano Nunes sublinhou a importância das eleições decorrerem "sem qualquer tipo de ingerência externa". João Semedo acentuou o "amadurecimento" da democracia, enquanto Ribeiro e Castro colocou a tónica das suas preocupações no problema das "ingerências".
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