sexta-feira, abril 06, 2007

Pedras contra quem anda na estrada

Público, 06.04.2007

Meia centena de apoiantes de Ramos Horta foram atacados na estrada. 26 ficaram feridos e precisaram de escolta Estáquio Amaral, professor, 30 anos, estava ontem a ser suturado na cabeça, no hospital de Manatuto. Cinco pontos, explicou enfermeira de serviço. O professor vinha, de moto, com um colega, de Los Palos para Díli, onde dá aulas, no Colégio de São José. À entrada de Manatuto, a uns 60 quilómetros de Díli, a estrada estava cortada. Um grupo de jovens obrigou-o a parar. "Quem és tu?", perguntaram. "Sou professor. Não tenho nada a ver com política. Dentro da minha sala de aula, todos os alunos são meus filhos." Um dos jovens gritou: "Atira-lhe uma pedra!"

Estáquio lembra-se apenas de ter sentido uma dor intensa na cabeça e de ter acordado no hospital. Um polícia de Manatuto trouxe-o até aqui. Do seu colega e da moto, não sabe nada.

O incidente ocorreu cerca das quatro horas da tarde, sensivelmente a mesma hora a que chegavam a Manatuto 60 soldados australianos e neozelandeses das ISF (Forças Internacionais de Estabilização), dois helicópteros Blackhawk e mais 20 elementos da Guarda Nacional Republicana. A UNPOL local soube ao princípio da tarde que havia incidentes na estrada, e chamou os reforços.
Tudo começou na noite anterior, de quarta-feira, quando uma caravana de apoiantes da candidatura de José Ramos Horta foi atacada na estrada no campo de deslocados de Metinaro, entre Manatuto e a capital.

Meia centena de pessoas, simpatizantes do Partido Milénio Democrático e Undertim, que apoiam Ramos Horta, foram agredidas e ficaram retidas no local, depois de os autocarros (mikroletes) onde seguiam terem sido completamente destruídos.

As forças da UNPOL foram chamadas e escoltaram as vítimas até Manatuto, onde habitam. Vinte e seis pessoas ficaram feridas, cinco das quais com alguma gravidade, e receberam tratamento no hospital da localidade. No dia seguinte, um grupo de jovens de Manatuto decidiu vingar-se. Barricaram a estrada e apedrejaram quem passava.

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