sábado, abril 28, 2007

Ramos Horta denuncia ameaças e intimidações aos eleitores

Díli, 27 Abr (Lusa) - O candidato presidencial José Ramos Horta denunciou hoje em conferência de imprensa "ameaças" e "intimidações" alegadamente praticadas por elementos da Fretilin que pretendem comprar os cartões de eleitor de cidadãos opositores à candidatura do partido.

Sublinhando que tem vindo a receber denúncias concretas de populares, José Ramos Horta apelou a que "todos os que tenham sido contactados ou tenham conhecimento de acções praticadas por grupos" contactem as autoridades, a presidência da República ou o próprio candidato para que os autores sejam identificados.

Ramos Horta disse estar "convencido" que tanto Francisco Guterres "Lu Olo", o candidato da Fretilin e presidente do Parlamento Nacional, como Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro e secretário-geral da Fretilin, "não sabem do assunto".

"Não acredito que sancionem" [o que está a acontecer], afirmou Ramos Horta.

O candidato acrescentou que a actuação destes grupos de artes marciais "radicais da Fretilin", que ameaçam, intimidam e pagam entre cinco a vinte dólares norte-americanos pelo cartão de eleitor para que as pessoas não votem, "é um sinal" de que aprenderam que "não podem confiar no timorense que recebe dinheiro e depois não vota no candidato que eles querem".

"Estes grupos andam com milhares de dólares e assim compram o cartão de eleitor, convencendo as pessoas de que estas não podem votar" disse, ao sublinhar que todo o processo "é triste porque estão a comprar o direito de voto dos que nada têm".

"Exploram a miséria e a pobreza das pessoas", afirmou alertando também que foram alvo de abordagens pelos alegados membros da Fretilin de que "podem votar com outros documentos".
O chefe do Governo, que suspendeu funções para participar na campanha eleitoral da segunda volta das presidenciais timorenses que está a disputar com Francisco Guterres "Lu Olo", reagiu também a uma conferência de imprensa de alguns dos seus ministros descontentes com declarações de Ramos Horta em críticas à sua actuação, sublinhando que apesar de ser primeiro-ministro "o poder está no farol", numa alusão a que as decisões politicas continuam a ser tomadas sempre com o acordo de Mari Alkatiri.

Na conferência de imprensa, Ramos Horta falou também da declaração de rendimentos apresentada pelo seu opositor e lembrou que em 2001, quando a ONU fez uma proposta idêntica aos políticos timorenses, ele foi o único a "apresentar tal declaração por escrito a Sérgio Vieira de Mello".

No entanto, Ramos Horta explicou detalhadamente como conseguiu comprar a sua casa em Díli e uma casa em Sydney onde vive a mãe e alguns familiares, o que fez ao dinheiro do Prémio Nobel da Paz, à medalha "em ouro" que lhe foi atribuída pelo Nobel e quais os rendimentos, "poucos", que ainda consegue obter dos livros que escreveu e das conferências que fez.
JCS-Lusa/fim

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