Ana Sá Lopes
ana.s.lopes@dn..pt
Havia um mistério na crise timorense: porque é que os revoltosos prosseguiam armados? Porque é que o"comandante" Reinado descansava em sossego com a protecção australiana? Ontem, o brigadeiro Slater, número um da força australiana, veio esclarecer tudo: as tropas não desarmam os rebeldes porque Xanana não lhes pediu. Simples. Quando Xanana lhes pedir, estão prontos. Ou, nas palavras do brigadeiro, "quando chegar o tempo certo".
Aparentemente, segundo Slater, o Presidente timorense está a tentar a reconciliação entre as partes. Com 2000 homens sob o seu comando, Slater diz que não arrisca: "Se cada um actuar independentemente e fizer algo que não seja aceitável para todas as partes corremos o risco de provocar maior turbulência."
Enquanto isto, "os nossos rapazes" da GNR estão no epicentro de um turbilhão de consequências imprevisíveis. Comandados por António Costa (a sério, a sério), apresentaram-se em Díli sem qualquer garantia e foram tratados pelos australianos com a mesma simpatia com que os analistas de Camberra avaliam o papel de Portugal em Timor. Igual a zero. Foram, depois, acantonados pelos australianos em Comoro, bairro periférico que une Díli ao aeroporto. António Costa, comandante das tropas, já teve a primeira derrota no terreno.
Portugal prepara-se, agora, para uma derrota diplomática: pode ser que, com a alegria do Mundial e o aumento das exportações, a coisa passe despercebida. Na terça-feira, nas Nações Unidas, a Austrália apresentará o seu projecto de controlo do futuro de Timor que, aparentemente, tem a bênção do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, José Ramos-Horta. De Xanana nada se sabe, nos últimos tempos: mas todos os seus passos (nomeadamente os da sua mulher, Kirtsy) não iludem que concorda com a aliança. Alkatiri é o monstro que, até agora, nem Xanana, nem Ramos-Horta (todos os dias esclarece estar pronto para ser primeiro-ministro), nem o Governo australiano conseguiram ainda erradicar. Mas, na ONU, o papel decisivo será dos EUA: duvida-se que a diplomacia americana fique ao lado de Alkatiri. Se for aprovado o plano australiano para o controlo de Timor, a imagem dos GNR a patrulhar Comoro é uma metáfora. Não é grande coisa, mas é uma metáfora.
.
Não a diplomacia derrotada mas sim Timor!
ResponderEliminarAs decisões sobre o destino dos povos são tomadas por homens "nobéis" e da "paz".
Bom de qualquer modo não desanimem, não se esqueçam que a China e a Rússia também são membros permanentes do Conselho de Segurança, e esses aí não me parece que estejam para "ajudar" os australianos.
ResponderEliminarEnquanto no palco se vive o buliço do "barulho" australiano, "na ONU, o papel decisivo será dos EUA"
ResponderEliminar"O poder do silêncio!"
Não se dispersem em questões menores, não alimentem o monstro.
Mas Xanana, Alkatiri, Lu-Olo, sabem. Também o souberam antes.
Por decisão de UK&USA é delegado nos aussies o papel de -gendarmes- de Timor Leste...
ResponderEliminarO -Timor gap- precisa de um tutor que garanta a paz, leia-se, o retorno do capital, do -oil-&-LNG-.
Portugal alimenta o País da esperança (na poesia de Xanana), como guerreiro, poeta e missionário do presente alimentando a visão histórica do passado...
Haja Deus!...e claro, como não podia deixar de ser, muita esperança.
Ficamos assim...o normal
Malai X
Faço minhas as palavras do Manuel Leiria de Almeida que roubei do seu blog:
ResponderEliminar"Tenho-me lembrado tanto de vocês, anarquistas!...
É... Nestes dias, por causa da situação em Timor Leste e das "enormidades" que tenho visto e, principalmente, ouvido --- parece que há uma competição para ver quem diz e faz mais asneiras. Deve ser do Campeonato do Mundo... --- tenho-me lembrado muito da vossa famosa frase: "Desistimos! A realidade ultrapassou-nos!..."
Mas, pelo menos por enquando, ainda não desisto...
É a melhor homenagem que posso prestar aos meus amigos timorenses!"
posted by Manuel Leiria de Almeida
http://tatamailau.blogspot.com/
PS: É que a Ana escreve bem mas com este seu modo de pensar ainda os timorenses não se teriam libertado do colonialismo português. E quer queiram quer não hoje detém a soberania e o futuro graças à sua teimosia e luta.