Díli, 09 Dez (Lusa) - O chefe do Estado-Maior-general das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste e o ex-ministro da Defesa timorense foram notificados como arguidos no processo da entrega de armas em 2006, afirmou hoje em Díli fonte da sua equipa de advogados.
O brigadeiro-general Taur Matan Ruak e Roque Rodrigues, actual assessor da Presidência da República, são inquiridos quarta-feira na Procuradoria-geral da República (PGR).
“Taur Matan Ruak e Roque Rodrigues são arguidos no mesmo processo da entrega de armas a civis em 2006”, afirmou à Agência Lusa um dos advogados envolvidos na defesa de vários militares notificados no mesmo caso.
A PGR ouviu já, no final de Setembro e início de Outubro, o coronel Lere Anan Timor, o major Mau Buti e o coronel Falur Rate Laek.
Na origem do processo está a distribuição de armas a civis pelas Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), em 24 de Maio de 2006.
O episódio aconteceu após quatro semanas de instabilidade desencadeada pelos chamados peticionários das F-FDTL, a partir de 28 de Abril.
A implosão da Polícia Nacional (PNTL), a deserção do major Alfredo Reinado, comandante da Polícia Militar, a existência do grupo de Vicente Conceição “Railós”, armado pelo então ministro do Interior, Rogério Lobato, e incidentes como o ataque à residência de Taur Matan Ruak foram analisados pela Comissão Especial Independente de Inquérito (CEII) das Nações Unidas.
A CEII, que apresentou o seu relatório final em Outubro de 2006, concluiu que, “ao armarem civis, o ministro da Defesa e o chefe da Força de Defesa actuaram sem base legal e criaram uma situação de perigo potencial significativo”.
“No dia 17 de Maio, o brigadeiro-general Taur Matan Ruak escreveu ao primeiro-ministro (Mari Alkatiri) solicitando uma auditoria ao depósito de armas das F-FDTL em resposta a alegações segundo as quais pessoas civis teriam sido vistas a andarem com armas das F-FDTL”, recorda o relatório da CEII.
“As provas perante a Comissão estabelecem que as F-FDTL começaram a armar civis no dia 24 de Maio de 2006. Isto foi feito sob ordens do brigadeiro-general Matan Ruak e com o conhecimento do ministro da Defesa”, diz o documento.
Taur Matan Ruak será ouvido quarta-feira de manhã na PGR e Roque Rodrigues ao início da tarde.
PRM
Lusa/fim
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