Díli, 13 Out (Lusa) - O Presidente da República, José Ramos-Horta, afirmou este fim-de-semana à Agência Lusa que "só um ateu ou um idota governaria contra a Igreja" em Timor-Leste.
"Não é possível nem deveria ser", respondeu José Ramos-Horta quando questionado pela Lusa sobre a hipótese de alguém governar em Timor-Leste afrontando a Igreja Católica.
"Só um ateu ou um idiota é que faria isso", sublinhou José Ramos-Horta numa entrevista realizada este fim-de-semana durante uma peregrinação em Soibada, Manatuto (centro).
José Ramos-Horta declarou também que o conflito entre o Governo de Mari Alkatiri e a Igreja, em 2004, foi "totalmente desnecessário".
"Eu defendi sempre, desde o início, parceria, parceria, parceria com a igreja", explicou o chefe de Estado timorense à Lusa.
"Não vou nada nessas cantigas da Europa, do Estado secular. Temos uma realidade bem diferente. A Igreja faz parte da História, da tradição, da identidade e da realidade corrente de hoje em Timor-Leste", acrescentou José Ramos-Horta.
"O país, para andar para a frente, tem que ser apoiado pela Igreja e o Estado deve apoiar a Igreja nas suas próprias missões nesta terra", defendeu também o Presidente da República.
"Para além da missão espiritual, a Igreja tem outras responsabilidades: na saúde, educação cultura, promoção da paz, no desenvolvimento técnico-científico, até no desenvolvimento rural", afirmou.
"Nós somos como alunos comparados com a experiência da Igreja. Temos que desenvolver uma parceria sólida com a Igreja", frisou José Ramos-Horta.
Questionado sobre o conflito entre o Governo de Mari Alkatiri e da Fretilin com a hierarquia católica, no final de 2004, José Ramos-Horta defendeu o ex-primeiro-ministro e responsabilizou "alguns ministros".
O Presidente da República recordou que "a ideia de abrir uma embaixada no Vaticano veio de Mari Alkatiri, nem sequer de mim".
"Amo o Santo Padre, os bispos, mas a prioridade para mim era abrir a embaixada em Berlim e noutras capitais", recordou o chefe de Estado, que integrava o I Governo Constitucional.
Mari Alkatiri, "pelo contrário, viu a importância da embaixada no Vaticano e foi ele, também, o primeiro a falar da importância da concordata, há cerca de três anos".
"Mari Alkatiri na realidade era extremamente sensível à Igreja católica", defendeu José Ramos-Horta sobre o ex-primeiro-ministro, membro da min emoria muçulmana timorense.
"Alguns ministros é que queriam ser mais papistas que o Papa e armavam-se em ser mais seculares que o próprio Alkatiri", adiantou o chefe de Estado, e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, sem referir nomes.
"Talvez pensando agradar a Mari Alkatiri, esses ministros tinham posições incompreensíveis em relação à Igreja", recordou ainda o Presidente da República.
"Garanto que todo o conflito com a Igreja 2004 não foi responsabilidade de Alkatiri", disse José Ramos-Horta.
"Mari Alkatiri deu ordens em Outubro de 2004 para um determinado membro do Governo encetar negociações com a Igreja sobre o currículo escolar e o ensino de religião e moral, sobre quem ia ensinar e quem fornecia os professores", disse o chefe de Estado.
"Mas esse membro do Governo não fez nada", declarou o Presidente da República à Lusa.
"Como não houve diálogo, começaram a surgir rumores, totalmente mal-entendidos, dizendo que o ensino de religião não iria ser contemplado e coisas assim".
"Quando o conflito rebentou, eu, que estava em Jacarta, dispus-me a começar o diálogo com a Igreja", contou o Presidente da República.
"Fui eu que trabalhei com o bispo Basílio do Nascimento, até altas horas da noite, para chegar a um acordo. Depois fui à residência de Mari Alkatiri e, com ele ao meu lado, telefonámos a dom Basílio para finalizar o acordo quue pôs termo a um mês de manifestações", contou José Ramos-Horta.
"Foi mesmo embaraçoso para todos, incluindo a Igreja e o Estado, e foi totalmente desnecessário", concluiu José Ramos-Horta.
PRM
Lusa/fim
Concerteza de que o Sr Presidente ja se deu conta de que para ganhar as eleicoes presidentiais em TL nao basta andar com a camisola de Cristo ao peito!
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