Lisboa, 23 Set (Lusa) - A maioria dos países lusófonos, à excepção de
Cabo Verde, piorou a sua classificação no índice global de corrupção,
divulgado hoje pela Transparency International, que analisa os níveis
do fenómeno em 180 países.
A lista, divulgada anualmente, estima o grau de corrupção do sector
público percepcionada pelos empresários e analistas dos respectivos
países, e está organizada do menos corrupto (1º lugar) para o mais
corrupto (180º), a que corresponde uma escala de 10 pontos (livre de
corrupção) a zero pontos (muito corrupto).
Timor-Leste conta-se entre os países onde, segundo a Transparency
International, a situação se deteriorou "significativamente" entre
2007 e 2008, tendo registado a pior queda com uma descida de 22
lugares.
O país, que há um ano ocupava a 123ª posição com 2,6 pontos, caiu este
ano para o 145º lugar com 2,2 pontos, ao mesmo nível do Cazaquistão e
com uma prestação ligeiramente acima de países como o Bangladesh,
Quénia ou Rússia.
Portugal ocupa este ano a 32ª posição com 6,1 pontos, tendo perdido
quatro posições e 0,4 pontos em relação ao índice de 2007.
Dos restantes lusófonos, Cabo Verde subiu dois lugares no índice,
passando da 49ª para a 47ª posição, com 5,1 pontos, posição que
partilha com a Costa Rica, Hungria, Jordânia e Malásia.
A Cabo Verde segue-se o Brasil entre os estados lusófonos melhor
classificados, no entanto a 80ª posição conseguida em 2008 revela uma
queda de oito posições em relação ao ano anterior, mantendo contudo o
mesmo número de pontos que em 2007 (3,5).
Burkina Faso, Marrocos, Arábia Saudita e Tailândia partilham a posição
com o Brasil.
A descida menos significativa foi a de São Tomé e Príncipe, que passou
do 118º para o 123º lugar, mantendo o mesmo número de pontos (2,7) e
partilhando a posição com países como o Nepal, Togo, Nigéria ou
Vietname.
Moçambique caiu 15 posições na lista e perdeu 0,2 pontos, ocupando
agora o 126º lugar, enquanto Angola e Guiné-Bissau perderam 11
lugares, uma queda que se registou igualmente na pontuação dos dois
países, que passou de 2,2 para 1,9 pontos.
Angola e Guiné-Bissau ocupam agora a posição 158 juntamente com com
Azerbaijão, Burundi, Gâmbia, Congo, Serra Leoa e Venezuela.
Macau, Região Administrativa Especial da China, é citado pelo segundo
ano consecutivo como tendo registado um "agravamento dos níveis
percebidos de corrupção", tendo passado do 34º para o 43º lugar e de
5,7 para 5,4 pontos.
Analisando a totalidade dos 180 países, a Dinamarca, Nova Zelândia e
Suécia dividem o primeiro lugar como uma pontuação de 9,3 pontos,
seguidos de Singapura como 9,2 pontos.
Na ponta oposta da tabela, está a Somália com 1,0 pontos, precedida do
Iraque e Myanmar com 1,3 pontos e do Haiti com 1,4 pontos.
Durante a apresentação do índice de 2008, em Berlim, Huguette Labelle,
que preside à Transparency International, destacou os aumentos
contínuos dos níveis de corrupção nos países pobres e os constantes
escândalos corporativos nos países ricos.
"Os aumentos contínuos nos níveis de corrupção e pobreza, que
assombram muitas das sociedades do mundo, caminham para um desastre
humanitário e não podem ser tolerados. Porém, até mesmo nos países
mais privilegiados, onde as sanções são aplicadas de forma
perturbadoramente desiguais, o combate à corrupção precisa ser
enrijecido", defendeu.
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