Díli, 14 Mai (Lusa) - Responsáveis das Nações Unidas em Timor-Leste afirmaram hoje em Díli que "há comida suficiente para os próximos tempos" e consideraram improvável que se venha a registar uma crise alimentar.
"Não esperamos uma crise (alimentar), pela monitorização semanal que vimos fazendo dos géneros disponíveis no mercado e dos preços praticados", declarou hoje Finn Reske-Nielsen, representante-especial interino do secretário-geral da ONU no país.
Finn Reske Nielsen, representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Timor-Leste, chefia interinamente a Missão Integrada da ONU no país (UNMIT), por ausência de Atul Khare em Nova Iorque.
"Aprendemos lições das crises nos dois últimos anos e o esquema que está montado é melhor" do que o que existia em 2007 e 2006, acrescentou Finn Reske Nielsen, em conferência de imprensa.
"Temos ouvido muitas histórias sobre fome e violência", explicou o responsável da UNMIT antes de descrever uma situação de normalidade em Timor-Leste em termos de segurança alimentar.
"A situação está a ser seguida pelo Governo, com importações de arroz", acrescentou Finn Reske Nielsen, salientando que "não há motivo para alarme".
"A situação de outros países não é a que se vive aqui", sublinhou o chefe interino da UNMIT.
O preço do arroz no mercado mundial é de 1,20 a 1,30 dólares norte-americanos por quilo, comparado com 40 cêntimos de dólar há seis meses, segundo números apresentados pela ONU.
O preço actual do arroz em Timor-Leste é de 50 a 60 cêntimos por quilo, segundo a ONU, e "sem comida do Governo no mercado, o preço rondaria o dobro", afirmaram hoje os responsáveis da ONU.
O Governo timorense concluiu um acordo com o Vietname para a importação de 16 mil toneladas de arroz, "que estão neste momento a ser embarcadas" para Timor-Leste, afirmou na mesma conferência de imprensa o director do Programa Alimentar Mundial no país, Joan Fleuren.
"Continuam negociações com outros países para a importação de arroz, incluindo com a Indonésia e talvez com a Tailândia, que é o maior exportador de arroz do mundo e ainda não fechou as suas fronteiras à exportação", declarou Joan Fleuren.
"Os preços aumentaram muito nos últimos meses e uma das razões é que não há tanta comida como devia haver no mercado, porque a nova colheita ainda não apareceu e o Governo ainda não cobriu isso com arroz subsidiado", acrescentou Joan Fleuren.
Finn Reske Nielsen considerou "encorajador" a criação pelo Governo timorense de uma comissão de segurança alimentar.
Os responsáveis da UNMIT, do PAM e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) sublinharam que o abastecimento da população em cereais só será resolvido com o aumento da produção.
Chana Opaskornkul, director da FAO em Timor-Leste, frisou que "a causa essencial das crises alimentares é que o país nunca foi auto-suficiente em comida".
"Constatamos que Timor-Leste precisa de importar anualmente, sempre, 25 a 30 por cento dos alimentos consumidos pela população", declarou o responsável da FAO.
Timor-Leste produz actualmente 40 mil toneladas de arroz por ano e importa entre 50 a 60 mil toneladas.
"Precisamos que o Governo mantenha as reservas de arroz a um nível adequado em qualquer altura, mas temos que perceber que, a médio prazo, tem que se aumentar a produtividade", acrescentou Chana Opaskornkul.
A FAO lançou um programa de assistência a 30 mil famílias timorenses com adubos e sementes melhoradas para que, em Junho e Julho, se prepare a segunda colheita anual, de forma a obter nos últimos meses do ano um aumento de 30 toneladas cúbicas de arroz.
A FAO respondeu também ao apelo do Governo para a instalação de silos, combatendo o estrago de cereais, que é actualmente de cerca de 30 por cento de perda em cada colheita.
PRM.
Lusa/fim
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