Díli, 05 Mai (Lusa) - O presidente do Partido Social Democrata (PSD) timorense, Mário Viegas Carrascalão, defendeu hoje a apresentação de uma moção de confiança pelo governo, na sequência do acordo político entre a Associação Social Democrática Timorense e a Fretilin.
"Se eu pertencesse ao partido maioritário dentro da AMP (Aliança Para Maioria Parlamentar), pediria uma moção de confiança. Não se pode governar em cima de vidros. Temos que saber com o que contamos e se nós ainda merecemos a confiança da maioria ou não", declarou Mário Viegas Carrascalão à Lusa, à margem da sessão plenária.
Para o líder do PSD, "é altamente necessário" que o Executivo apresente a moção de confiança.
Mário Viegas Carrascalão pronunciava-se sobre as consequências do acordo político entre a Associação Social Democrática Timorense (ASDT), parceiro de coligação, de aliança e de governo do PSD, com o maior partido da oposição, a Fretilin.
Num comunicado distribuído hoje, os líderes da ASDT e da Fretilin anunciaram que os dois partidos decidiram formar "uma sólida coligação" para formar "o próximo governo constitucional de Timor-Leste".
A coligação ASDT/PSD integra a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) que constitui a plataforma de quatro partidos que sustenta o actual Governo, juntamente com o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), liderado por Xanana Gusmão, e o Partido Democrático (PD), de Fernando "La Sama" de Araújo.
"Quem decidiu que a AMP formasse governo, por ser partido maioritário aqui no Parlamento, foi o Presidente da República", José Ramos-Horta, recordou Mário Viegas Carrascalão.
O chefe de Estado "está agora perante uma situação diferente, onde a AMP deixou de ser o partido maioritário. O argumento que (o Presidente) tinha deixou de existir. É natural que tenha outros, mas o principal deixou de existir", sublinhou o líder do PSD e ex-governador do território sob ocupação indonésia.
"Quanto ao PSD, manter-se-á dentro da AMP. Não há razões para abandonarmos a AMP", frisou Mário Viegas Carrascalão.
"O PSD continuará lá dentro mas com todas as consequências, também na condição de que o PSD é livre de criticar os erros que o governo comete e de apresentar soluções, fazendo tudo ao seu alcance para que o Governo da AMP continue em frente e nos dê alguma estabilidade política", acrescentou Mário Viegas Carrascalão.
No actual arranjo político, como explicou Mário Carrascalão à Lusa, a AMP conta com o apoio de 37 dos 65 deputados do Parlamento timorense, "incluindo alguns que se abstêm normalmente".
O acordo entre a ASDT (que tem cinco deputados) e a Fretilin (que tem 21) ameaça este equilíbrio de forças, em que os partidos mais pequenos com assento no Parlamento poderão jogar um papel determinante.
Em declarações à Lusa, o líder da ASDT, Francisco Xavier do Amaral, afirmou que o seu partido continua na AMP.
"Nós ainda somos da AMP", disse Xavier do Amaral, esclarecendo que o acordo assinado com a Fretilin é "para fazer uma coligação, mas a coligação não está feita ainda".
"A coligação far-se-á se as condições nacionais o exigirem e o permitirem", sublinhou Francisco Xavier do Amaral.
Contactado pela Lusa, o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, remeteu para quarta-feira quaisquer esclarecimentos sobre o acordo com a ASDT.
PRM.
Lusa/fim
Sem comentários:
Enviar um comentário