Quinta-feira, 3 de Abril de 2008
Blog Timor Lorosae Nação
QUE POLÍCIA E LÍNGUA OFICIAL VAMOS TER?
ALFREDO XIMENES
A imprensa falada e escrita, assim como a TVTL, fez ontem referências a declarações do vice-primeiro-ministro José Luís Guterres sobre a cooperação portuguesa na área de segurança.
Disse o vice que Portugal sempre apoiou Timor na área da segurança e que assim continuará, treinando de momento a PNTL de modo a que integre as reformas que estão a ser feitas neste sector. O secretário de Estado português, Gomes Cravinho, disse praticamente o mesmo.
Mas, então, não haverá nenhuma confusão entre estas declarações e as notícias referentes a oficiais superiores da PNTL que vão para a Indonésia receber formação no mesmo âmbito?
O que vai acontecer? Elementos das PNTL formados por especialistas portugueses que ensinam de um modo e oficiais que regressados da Indonésia vão dar ordens de outro modo?
Vamos ter oficiais na PNTL ainda mais formados na corrupção?
A pergunta é pertinente porque nós, melhor que ninguém, sabemos quanto eles são corruptos!
Como vai ser?
Este governo saberá aquilo que está a fazer? Portugal não estará a dar formação para nada? Os polícias se tiverem de aplicar as ordens dos seus superiores hierárquicos, com conceitos indonésios, não estarão a agir contrariamente à formação que receberam dos portugueses?
Mas que confusão! Até parece que é aquilo que os governantes querem: fazer de conta que estão interessados numa coisa para depois praticarem outra, visto que os polícias subordinados aos seus oficiais têm de proceder como “indonésios” e corruptos.
Se a confusão impera neste aspecto, não menos confuso está o panorama relativo ao ensino do português:
Assistimos à insuficiência dos professores portugueses no país, que ensinam de um modo, ao ensino do português brasileiro, que é ligeiramente diferente – mas do mal, o menos. Há mentes confusas por causa disto.
Mais confuso ainda é a alfabetização cubana, que nos ensina castelhano – um espanhol espanholês, ou castelhanês.
Em que ficamos? Quererá o governo adoptar na realidade o português como língua oficial ou só está a fazer de conta que sim para sorver as verbas que Portugal está a doar-nos? Não será esta política somente uma maneira de “fazer pagar aos ex-colonizadores a factura”, como às vezes se ouve dizer por ai?
É verdade que estamos a querer começar a ser um país e que por isso temos muito a aprender, todos nós e os eleitos políticos principalmente, mas parece que todas estes ziguezagues só nos irão confundir e dificultar mais o quotidiano e as práticas de vivência como sociedade democrática e una.
É que já basta as nossas diferenças dialécticas e culturais para nos dividir e baralhar. Que polícia e língua oficial vamos ter, para além do tétum?
Para que serve e a quem serve toda esta confusão?
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