sexta-feira, março 14, 2008

"Salsinha influenciado por terceiros", diz PGR

Díli, 13 Mar (Lusa) - O Procurador-Geral da República (PGR) de Timor-Leste, Longuinhos Monteiro, afirmou hoje que o ex-tenente Gastão Salsinha não se entregou porque "foi talvez influenciado por terceiros".

O ex-tenente, líder dos peticionários e do antigo grupo do major Alfredo Reinado, em fuga desde os ataques de 11 de Fevereiro, não respeitou ainda o acordo a que tinha chegado com as autoridades.

Longuinhos Monteiro confirmou também que um dos elementos do grupo de Gastão Salsinha atravessou a fronteira com a Indonésia mas regressou a território de Timor-Leste "pela pressão do outro lado".

"Não sei por que Salsinha não se entregou ainda. Talvez por ter sido influenciado por terceiros", afirmou Longuinhos Monteiro em Díli, à margem da cerimónia de posse de um novo procurador internacional.

"Algumas pessoas estão a influenciá-lo para não se entregar. Depois da reunião (com Longuinhos Monteiro), alguém lhe telefona a dizer para não se entregar e não dar as armas, ou para pedir mais isto ou aquilo", contou o PGR.

"Eu não vou discutir as condições, excepto como trazê-lo para Díli em segurança e dignidade e canalizá-lo para a justiça", frisou Longuinhos Monteiro.

"Concordámos que ele ia entregar-se no dia 07 de Março. Depois, numa carta, ele pediu mais dois dias e garantiu que, acontecesse o que acontecesse, se entregaria no dia 10", explicou Longuinhos Monteiro.

"Na véspera, domingo, porém, recebi outra carta dele dizendo que só se entregava quando o Presidente (da República) José Ramos-Horta voltasse de Darwin", Austrália, acrescentou o procurador-geral.

Gastão Salsinha e um grupo de 31 homens, com 18 armas, deviam descer a Díli desarmados.

"O que disse a Salsinha é que lhe garanto protecção no trajecto e depois de ele chegar. Que as armas têm que ser entregues antes e postas num cofre, porque ele é um suspeito. E que em Díli, lhe damos apenas uma arma para ele participar na cerimónia simbólica, talvez no comando conjunto (da operação de captura). E ele concordou com isso", afirmou Longuinhos Monteiro aos jornalistas.

"Tudo ficou acordado entre nós. Não foi por causa de não poder trazer a arma até ao Palácio do Governo que Salsinha não se entregou", declarou também Longuinhos Monteiro.

"Se ele só se entregasse quando o Presidente Ramos-Horta voltar, as condições seriam as mesmas".

Longuinhos Monteiro explicou que "as exigências de Salsinha são misturadas com outros assuntos".

"Por exemplo que temos que reconhecer que ele é um militar. Mas isso não é assunto meu", disse o procurador-geral.

"Para mim, Salsinha é suspeito e é um acusado num caso. Eu falo com ele como suspeito e não como tenente. Não tenho nada a ver com isso", frisou Longuinhos Monteiro.

"Salsinha tem que decidir o seu futuro. Não faço mais contacto nenhum com ele. É ele que tem que vir ter connosco, não sou eu que tenho que ir atrás dele. Se ele quiser entregar-se, nós estamos disponíveis", disse ainda Longuinhos Monteiro.

Gastão Salsinha lidera o grupo que era chefiado pelo major Alfredo Reinado até à morte deste no ataque à residência de José Ramos-Horta, a 11 de Fevereiro, em que o Presidente timorense foi ferido a tiro.

Dos dezassete co-arguidos do antigo processo contra Alfredo Reinado, apenas cinco continuam em fuga, depois da entrega às autoridades do arguido Jaime da Costa, quarta-feira.

Jaime da Costa foi ouvido pelo juiz do processo, que lhe impôs a medida de termo de identidade e residência.

Na sequência dos ataques de 11 de Fevereiro ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, Xanana Gusmão, foram emitidos novoas mandados de captura, um deles contra Gastão Salsinha.

As forças armadas e a polícia de Timor-Leste têm em curso uma operação conjunta de captura dos suspeitos dos ataques de 11 de Fevereiro.

PRM
Lusa/Fim

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